‘Agoniza, mas não morre’
Próximo dos 100 anos, o samba brilha em SamBra, musical que conta sua história
“É a música mais popular brasileira”, entoa Diogo Nogueira na música tema do musical SamBra, que presta homenagem prévia aos 100 anos que o samba completará em 2016. Depois de esgotar as entradas em sua estreia no Rio de Janeiro, o espetáculo chegou a São Paulo nesta quinta-feira mostrando que o samba “agoniza, mas não morre”, como cantou Nelson Sargento, e que superou mais obstáculos em sua história do que imaginam os mais despistados.
São 70 canções cantadas e interpretadas por um elenco capitaneado pelo jovem Nogueira – filho do sambista João Nogueira, morto em 2000 – e outras 25 que aparecem inspirando diálogos e tecendo a trajetória do ritmo desde seu nascimento até o presente. Donga, autor de Pelo telefone, considerado o primeiro samba gravado, abre no palco um desfile de personagens canônicos como Pixinguinha, Silas de Oliveira, Mano Décio da Viola, João da Baiana, Sinhô, Ismael, Tia Ciata, Francisco Alves, Carmen Miranda, Grande Otelo, Cartola, João Nogueira, Clara Nunes, Paulo Cesar Pinheiro, Noel Rosa, Chico Buarque, Billy Blanco, Martinho da Vila, o Cacique de Ramos, Jorge Aragão, Silas de Oliveira, Beth Carvalho, Paulinho da Viola e outros mais.
A narrativa, quase cronológica mas nada didática, repassa com primazia estética – sem jamais perder a ‘substância’ – momentos-chave da evolução do gênero, que por muito tempo existiu na marginalidade e foi renegado pelas elites do país. São retratados o cotidiano dos terreiros da Pequena África, no centro do Rio de Janeiro, onde o ritmo ganhou força com escravos vindos da Bahia e do Vale do Paraíba, o florescimento do samba urbano em diversos bairros cariocas, sua estreia no rádio, no teatro de revista e no cinema, o nascimento da Bossa Nova e, após décadas de grandes composições e encontros memoráveis, o atual estado das coisas – quando brilha, representando a si mesmo à frente da nova geração de sambistas, o cativante Diogo Nogueira.
Com mais de 30 grandes produções teatrais no currículo, o carioca Gustavo Gasparani assina o texto e a direção do espetáculo, guiado por seu “estudo de anos” sobre samba e a convicção de que todo o elenco artístico e técnico deveria ter o gênero na mente e no coração ou diretamente cravado no DNA. Por isso, além de Nogueira, emprestam seus legados ao musical Beatriz Rabello, filha de Paulinho da Viola, e Patrícia Costa, neta de Cláudio Bernardo da Costa, um dos fundadores da Portela, em um dos números mais emotivos do show.
Não que artistas menos conhecidos, como o estreante Bruno Quixotte, não contribuam para realçar o conjunto da produção. Seu talento, que vai da capoeira e do pandeiro à firme atuação, faz toda a diferença em passagens cômicas e cenas criadas para conectar partes dessa história, que coloca o samba no lugar onde ele pertence: no topo.
SamBra
Espaço das Américas, em São Paulo
De quinta-feira a domingo (26 a 29 de março)
21h30
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