O Brasil já tem seu guia Michelin
D.O.M., de Alex Atala, recebe duas estrelas; Maní e Roberta Sudbrack ficam com uma Nenhum estabelecimento de São Paulo ou Rio obtém três estrelas
Embora o conteúdo já tivesse vazado na Internet havia dias, e os afortunados já celebrassem seu sucesso nas redes sociais, por fim se tornou público o primeiro guia Michelin do Brasil, e primeiro também da América Latina. A assessoria de imprensa da famosa marca de pneus de origem francesa confirmou o que os interessados já sabiam: duas estrelas para o D.O.M., o restaurante de Alex Atala, que revolucionou e modernizou a cozinha brasileira partindo precisamente do redescobrimento dos ingredientes locais, especialmente do Amazonas.
It is real !!!!!!! 💮💮 https://t.co/libguWcGoX
— Alex Atala (@alexatala) March 20, 2015
Apesar de seus fãs e os especialistas em gastronomia considerarem que o guru da nova cozinha brasileira merece três estrelas pelo D.O.M, Atala tem de se conformar com um trio estelar dividido: duas para seu espaço sofisticado de São Paulo e uma para o Dalva e Dito, seu restaurante de cozinha popular e informal, no centro da cidade. O cozinheiro, autor de livros meticulosos sobre cozinha brasileira e assessor do Centro de Culinária Basca, é o número 7 na lista Restaurant-World’s 50 Best e ocupa o terceiro lugar nos 50 melhores da América Latina em 2014, ano em que recebeu um prêmio por sua trajetória.
Segundo o guia Michelin 2015 do Brasil, em São Paulo há um total de 10 restaurantes com sua primeira estrela, incluindo o Maní, da premiada cozinheira Helena Rizzo; vários estabelecimentos de comida japonesa (muito influente na cidade), como Kinoshita, Kosushi e Jun Sakamoto; o italiano Fasano (com grande prestígio na cena paulistana) e o Esquina Mocotó, o novo projeto do brilhante Rodrigo Oliveira, que transformou o restaurante-cachaçaria familiar em um foco de peregrinação de turistas da gastronomia.
No Rio de Janeiro, receberam uma estrela seis estabelecimentos. Entre os mais conhecidos pelo público nacional e internacional estão o restaurante homônimo de Roberta Sudbrack (outra modernizadora da cozinha com ingredientes locais, e que foi chef presidencial) e o Olympe, do francês Claude Troisgros e seu filho Thomas, abrasileirados desde 1979 e que oferecem cozinha francesa com elementos brasileiros.
O diretor internacional dos guias Michelin, Michael Ellis, declarou que esse primeiro guia “revela o verdadeiro potencial da cena gastronômica brasileira, com especial foco nas cidades do Rio e São Paulo” e destaca que os inspetores, “depois de vários meses de avaliação, descobriram uma diversificada seleção de cozinha criativa com produtos de alta qualidade e influências mundiais”.
Apesar desses elogios ao potencial brasileiro, nem Alex Atala nem nenhuma outra figura da culinária do país conseguiu a classificação máxima. Como consolação, 8 restaurantes cariocas e 17 de São Paulo estão inseridos no Guia Vermelho como Bib Gourmand, qualificação para os lugares com “boa comida a preços moderados”.
No início surgiu a hipótese de que o guia sairia em abril, data de entrega dos prêmios. Mas o anúncio oficial foi feito antes do previsto por causa do vazamento, ocorrido na própria página brasileira de Internet da marca de pneus. Isso nunca havia acontecido antes com um guia Michelin. Embora sempre haja apostas nas datas que precedem a publicação dos guias de vários países, os responsáveis mantêm sigilo absoluto até a cerimônia de entrega das estrelas.
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