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Iraque lança ofensiva para tentar tirar Tikrit das mãos do Estado Islâmico

Jihadistas controlam há meses a cidade natal de Saddam Hussein Operação serve como teste para a eventual retomada de Mossul

Ángeles Espinosa
Soldados iraquianos nos arredores de Tikrit, na semana passada.
Soldados iraquianos nos arredores de Tikrit, na semana passada.ALI MOHAMMED (EFE)

As forças governamentais iraquianas iniciaram uma ofensiva para recuperar a localidade de Tikrit das mãos do Estado Islâmico (EI), segundo anúncio da TV estatal Al Iraqiya nesta segunda-feira. A operação tem forte peso simbólico, já que se trata da cidade natal do falecido ditador Saddam Hussein. Além disso, seu desenrolar serve como teste para um eventual avanço sobre Mossul, a terceira maior cidade do país, 200 quilômetros ao norte.

Milhares de soldados, apoiados por milicianos xiitas e membros de tribos sunitas contrárias ao Estado Islâmico, prepararam a ofensiva concentrando-se nos arredores da Samarra, a 130 quilômetros de Bagdá. É provável que eles contem também com o respaldo da aviação militar norte-americana, num combate que deverá ser difícil. Os jihadistas se entrincheiraram e, a julgar por experiências dos últimos meses, os militares sabem que enfrentarão uma intensa resistência, além de ataques suicidas e armadilhas explosivas.

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“Apesar de [os militares] terem bombardeado previamente com artilharia e de terem ocorrido escaramuças nos arredores de Tikrit, agora parece haver uma ofensiva [terrestre] para recuperar a cidade”, disse Sinan Adnan, do Instituto para o Estudo da Guerra, de Washington.

A importância a operação levou o primeiro-ministro do Iraque, Haider al Abadi, a se instalar pessoalmente no QG de Samarra, onde se reuniu no domingo à noite com os comandantes militares e prometeu “libertar [a província] da tirania dos terroristas”.

Toda a província de Saladino, da qual Tikrit é a capital, é um foco de insurgência desde a invasão norte-americana que derrubou Saddam, em 2003. O ditador nasceu na aldeia de Awja, na periferia dessa cidade onde se encontra o núcleo do seu clã. Além disso, no ano passado, após a queda de Mossul, ocorreu em Tikrit um impressionante massacre de militares. Os jihadistas afirmam ter matado 1.700 soldados sequestrados no quartel Speicher, perto dali.

A cifra nunca foi oficialmente confirmada, mas mesmo assim o assunto gerou um grande mal-estar na opinião pública, sobretudo na comunidade xiita, à qual pertencia a maior parte dos militares assassinados a sangue frio. Por isso as tropas desse ramo do islamismo estão particularmente motivadas para a ofensiva em Tikrit.

Mas o empenho não é puramente confessional. As hostes do EI alienaram todas as comunidades. Como recorda Adnan, eles desalojaram a tribo Jubur, uma das maiores do Iraque, de várias comarcas da região de Tikrit, inclusive Alam, uma das primeiras a apresentarem resistência contra o avanço jihadista. Isso explica por que a ofensiva conta também com uma representação, mesmo que simbólica, das forças sunitas.

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