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Primeiro-ministro grego promete luz, casa e comida para os mais pobres

Alexis Tsipras promete alta do salário mínimo, e assegura que a Grécia pagará sua dívida, se os sócios negociarem uma solução

María Antonia Sánchez-Vallejo
Tsipras, durante a apresentação das medidas.
Tsipras, durante a apresentação das medidas.ARIS MESSINIS (AFP)

O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, não deu nenhum passo atrás em seu programa de Governo, apesar das advertências da Europa e dos credores. Ponto por ponto, repassou em seu discurso programático no Parlamento todas as propostas de sua campanha eleitoral e afirmou que serão colocadas em prática. Ele destacou que a crise humana que vive o país será enfrentada urgentemente, com um plano de choque de seis meses de duração. “Daremos comida, luz, teto e saúde a milhares de famílias que passam fome e vivem às escuras”, disse. Também reiterou que o salário mínimo vai subir dos 586 euros atuais (1.843 reais) para os 751 euros (2.362 reais) de antes da crise, embora de maneira gradual até 2016.

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Tsipras anunciou uma série de reformas no setor público para economizar dinheiro (vender a metade dos carros oficiais que eram usados por ministros e ajudantes; vender um dos três aviões presidenciais; remover até 50% dos assessores e outros funcionários contratados pelos parlamentares) e uma luta sem trégua contra a evasão fiscal e o contrabando de tabaco e combustível.

Todas as propostas apareciam no programa de Salônica (no qual Tsipras baseou sua campanha eleitoral), mas o primeiro-ministro surpreendeu ao anunciar que solicitará formalmente o pagamento de indenizações da Segunda Guerra Mundial, o que é um claro desafio à Alemanha.

O pagamento da dívida

Em um discurso repleto de referências à “recuperação da soberania nacional”, Tsipras garantiu que quer pagar a dívida grega, que chega a 180% do PIB, e afirmou que se os sócios quiserem o mesmo, devem “negociar conosco os meios técnicos” para isso. “Se concordarmos quanto ao fato de que a austeridade foi desastrosa, a solução será alcançada por meio de negociações”, acrescentou. “Não permitiremos que se vendam mal os bens públicos”, ressaltou ele em alusão às privatizações do Governo anterior, antes de anunciar que promoverá uma reforma no sistema bancário e tornará ilegais os despejos.

Tsipras disse que o Governo quer respeitar suas obrigações em relação ao Tratado de Estabilidade, mas acrescentou que “a austeridade não faz parte desse tratado”. “Queremos deixar claro para todos que não negociamos nossa soberania nacional, não negociamos o mandato do povo”, ressaltou. O primeiro-ministro disse que nas eleições a população lhe deu um mandato claro para promover uma mudança política e acabar com a austeridade – e com todo o programa vinculado ao resgate financeiro.

Se estamos de acordo de que a austeridade foi desastrosa, a solução se alcançará por meio de negociações

“Por isso, o novo Governo não tem o direito de pedir a prorrogação desse programa”, sustentou Tsipras, explicando que, por esse motivo, seu Gabinete “pede apenas um programa provisório até concluir as negociações para elaborar conjuntamente um programa de crescimento”. “Muitos me perguntam se isso é possível dentro de 15 dias. Nós respondemos que sim, pois há temas, como o da dívida, que poderão ser negociados depois”, afirmou. Tsipras reiterou que a intenção de seu Governo é obter um novo acordo entre a Grécia e a União Europeia, que “respeite as regras da Zona do Euro, mas não inclua superávits irrealizáveis, que são a outra face da austeridade”. 

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