Todos os 39 investigados por fraude na Petrobras se tornam réus
A decisão judicial é o primeiro passo para julgar executivos, ex-diretores, lobistas e doleiros suspeitos de desviar bilhões da estatal
Após aceitar a denúncia do Ministério Público contra os últimos quatro investigados pela Operação Lava Jato, o juiz federal Sérgio Moro transformou em réus todos os 39 suspeitos de desviar bilhões de reais da Petrobras, a maior petroleira brasileira. Na prática, isso não significa que os executivos de empreiteiras, ex-diretores da estatal e lobistas sejam culpados pelas bilionárias fraudes contra a empresa, mas que, por conta dos graves indícios de irregularidades, todos precisam ser julgados com um amplo direito de defesa.
Nos últimos sete dias uma força-tarefa de procuradores acusou formalmente os suspeitos por diversos crimes como lavagem de dinheiro, corrupção (passiva e ativa) e organização criminosa. Se condenados, os réus poderão pegar de dois a 12 anos de prisão por crime cada um.
Os últimos que se tornaram réus foram o ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, o lobista Fernando Soares (o Fernando Baiano), o empreiteiro Júlio Camargo e o doleiro Alberto Youssef. Esses dois últimos assinaram acordos de delação premiada e podem ter suas penas abrandadas por terem colaborado com a Justiça. Outro beneficiado pelo mesmo artifício foi o ex-diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, que já havia sido denunciado anteriormente.
Conforme a denúncia, os empreiteiros se uniam em um grupo e montaram um cartel para fraudar as licitações da petroleira. Os preços oferecidos à Petrobras eram calculados e ajustados em reuniões secretas para definir quem ganharia o contrato e qual seria o preço de cada obra.
O funcionamento do esquema criminoso só foi possível porque as empresas cooptaram agentes públicos pagando propinas de 1% a 5% do valor dos contratos. O dinheiro era lavado por doleiros antes de ser entregue aos beneficiados. O principal método para lavar o dinheiro era a contratação fictícia de consultorias. Os valores desviados ainda estão sendo calculados, mas variam de 10 bilhões de reais a 20 bilhões de reais. A próxima fase da operação irá apontar quem são os políticos que se beneficiaram do esquema criminoso. Os dados já foram entregues à Procuradoria-Geral da República, que deve apresentar acusações ao Supremo Tribunal Federal.
Os réus da Petrobras
O braço da Petrobras
Os doleiros
Executivos ou funcionários das empreiteiras
Lobistas
Eis os réus do escândalo da estatal de petróleo do Brasil:
Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento
Nestor Cerveró, ex-diretor internacional
Alberto Yousseff
Waldomiro de Oliveira
Mario Lúcio de Oliveira
João Procópio Junqueira Prado
Enivaldo Quadrado
Antonio Carlos Pieruccini
Carlos Alberto Pereira da Costa
Júlio Carmargo, da Toyo Setal
Mateus Coutinho de Sá Oliveira, da OAS
José Ricardo Nogueira Breghirolli, da OAS
José Adelmário Pinheiro Filho, da OAS
Fernando Augusto Stremel Andrade, da OAS
Agenor Franklin Magalhães Medeiros, da OAS
João Alberto Lazzari, da OAS
Sérgio Cunha Mendes, da Mendes Júnior
Rogério Cunha de Oliveira, da Mendes Júnior
Ricardo Ribeiro Pessôa, da UTC Engenharia
Ângelo Alves Mendes, da Mendes Júnior
Alberto Elísio Vilaça Gomes, da Mendes Júnior
Sandra Raphael Guimarães, da UTC Engenharia
José Humberto Cruvinel Resende, da Mendes Júnior
João de Teive e Argollo, da UTC Engenharia
Jean Alberto Luscher Castro, da Galvão Engenharia
Eduardo de Queiroz Galvão, da Galvão Engenharia
Dario de Queiroz Galvão Filho, da Galvão Engenharia
Erton Medeiros Fonseca, da Galvão Engenharia
Newton Prado Junior, da Engevix
Luiz Roberto Pereira, da Engevix
Gerson de Mello Almada, da Engevix
Carlos Eduardo Strauch Albero, da Engevix
Dalton dos Santos Avancini, da Camargo Corrêa
João Ricardo Auler, da Camargo Corrêa
Eduardo Hermelino Leite, da Camargo Corrêa
Marcio Andrade Bonilho, do Grupo Sanko
Fernando Soares
Adarico Negromonte Filho
Jayme Alves de Oliveira Filho
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