Luxo sobre duas rodas
Designers como Phillip Starck e marcas como Hermès se lançam sobre pedais Em 2015 será realizada em Mônaco a primeira feira sobre bicicletas de alto padrão
Empunhadura de couro, selim de pele de crocodilo ou tubos de ouro com cristais Swarovski incrustados. Uma escolha difícil. Esses são alguns dos acessórios das bicicletas de super luxo que muitas marcas começaram a comercializar. A consolidação das bikes nas cidades contemporâneas transformou esse veículo, criado no século XIX, não apenas em objeto de culto, mas também em símbolo de status. As empresas de luxo se deram conta disso e hoje fabricam modelos cheios de glamour.
“Sem dúvida, é um setor que está crescendo. Existe um determinado grupo de pessoas que não só gostam de ir de bicicleta, como querem andar com certo estilo”, diz Miguel Gatoo, fundador da Slow Room, loja de bicicletas de Madri. Diante desse interesse, designers e marcas se voltaram para as duas rodas com o objetivo de consolidar o veículo como o mais novo objeto que todo mundo, com certo nível aquisitivo, deve ter.
A Hermès se lançou no ano passado com a Flâneur, uma bike urbana, com oito marchas, estética clássica, quadro de carbono e cheia dos marcantes detalhes de couro, símbolo da empresa francesa. Por 9.000 euros (29.700 reais) é possível comprar uma. Preço alto, mas uma estética muito bem cuidada. “A bicicleta faz muito sucesso não só entre os clientes habituais da Hermès, mas também entre os fãs de ciclismo, que a veem como um produto novo”, disse François Dore, diretor-geral da empresa.
Antes da Hermès, a Lacoste já havia descoberto o sex appeal das bicicletas. A primeira aproximação da marca com os pedais foi por meio de uma série de anúncios focados na vida urbana e nas fixies, as bicicletas de pinhão fixo. Sua proposta chegou logo depois, uma edição limitada vendida (a 2.500 euros) na exclusiva boutique Colette de Paris, projetada pelo arquiteto Masamichi Katayama e com vitrine na finíssima Rue Saint-Honoré.
Nessa mesma loja, Lorenzo Martone, ex-Marc Jacobs, começou sua aproximação ao setor: “Minhas bicicletas são uma ponte entre a moda e o universo das duas rodas”, contava ao apresentar suas criações em Madri, no exclusivo centro comercial de Las Rozas Village. Não saem por menos de 1.000 euros e são customizáveis, ou seja, o cliente pode escolher alguns dos componentes. Para muitos designers – entre eles Phillip Starck, que há poucos meses lançou não só bicicletas, mas uma linha para ciclistas – , essa é a chave do emergente setor, já que a bicicleta se converteu em algo tão importante como a roupa, a bolsa ou o terno. Revela sobre quem a usa. Permite dizer quais são suas inquietações estéticas. E mostrar seu poderio econômico.
Mas, o que faz uma bicicleta ser de luxo? A marca? O preço alto? “A etiqueta do luxo é difícil de definir. É preciso avaliar o modelo, o desempenho, os acessórios e, claro, o preço”, responde Miguel Gatoo. Jogando com todos esses elementos, marcas como Chanel, Louis Vuitton, Armani ou Dolce & Gabbana também se viram seduzidas pelas duas rodas. As cifras corroboram esse interesse; nos últimos anos, e apesar da crise, o setor do luxo não só consolidou suas vendas, como também as aumentou. Este ano espera fechar com um crescimento entre 2% e 4%, segundo a consultora Bain & Company.
A indústria dos pedais não queria ficar para trás. Assim, a centenária marca de bicicletas Biachi se uniu à Gucci para lançar uma linha exclusiva e caprichada. A consolidação do mercado de bicicletas de alto padrão se reflete em Mônaco. Não porque no Principado todo mundo ande de bicicleta, mas sim porque no ano que vem sediará a Like Bike, a primeira feira dedicada ao ciclismo de alto padrão e que mostrará, em maio de 2015, “produtos que combinam design, tecnologia, inovação, tendências e luxo”, conforme definem os organizadores do encontro. Se alguém por acaso tinha dúvidas, pode ter certeza: os ricos também pedalam.
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