“Bons criminalistas são como bons cirurgiões, contam-se nos dedos”
Escândalos fomentam o mercado de defesa criminal no Brasil desde o mensalão
O advogado Tales Castelo Branco defendeu o publicitário Duda Mendonça durante o escândalo do mensalão, mas, pouco antes das sustentações orais no Supremo Tribunal Federal (STF), se desentendeu com o cliente e deixou o caso — não sem antes indicar ao cliente um novo advogado. Já naquela época, em 2012, foi difícil encontrar um substituto à altura do renomado criminalista, conta o próprio Castelo Branco, para quem o setor de defesa criminal passa por um saturamento desde o grande escândalo de corrupção do Governo Lula. “E a Operação Lava Jato é 100 vezes maior que o mensalão”, destaca o jurista.
Outro Castelo Branco, Fernando, que coordena o Comitê de Direito Penal do Centro de Estudos da Sociedade de Advogados (Cesa), vê o atual momento como propício para a ascensão de novos criminalistas e identifica alguma agitação no setor, mas pondera que o processo de consolidação de escritórios na área é lento. “Todo mundo brinca: ‘só não está ruim para vocês’, ‘está faltando advogado no mercado’. Não há estatística que identifique o avanço no setor, mas isso é muito lento, não acontece do dia para a noite. Esses escritórios são como maisons francesas, tudo muito artesanal, com atendimento personalizado”, diz.
Segundo o jurista, contudo, não está faltando advogado criminal no mercado, apesar de a demanda por escritórios de advocacia de boa qualidade, que ele estima em não mais que 40 atualmente, estar muito grande. “O que talvez não exista em quantidade suficiente são advogados com capacidade para advogar nunca causa como essa. O bom criminalista é como um bom cirurgião, dá para contar [a quantidade] nos dedos. Precisa ser estrategista, um bom dominador da área. Precisa saber articular. Para se formar uma pessoa com essas qualidades e características, vão-se anos”.
Os advogados de clientes investigados pela Lava Jato são discretos quanto aos valores envolvidos nos contratos de defesa, mas o direito criminal é conhecido por envolver os maiores montantes de dinheiro, especialmente em um caso como o da Petrobras, em que grandes empresários são encarcerados e, naturalmente, têm pressa para deixar a cadeia. Não por acaso, é grande a expectativa, entre os criminalistas envolvidos no caso, quanto à bonança das festas de fim de ano de seus escritórios.
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