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O Brasil volta ao dia 12 de agosto

Até um dia antes da morte de Eduardo Campos, era dado como certo que esta eleição ficaria polarizada entre PT e PSDB Marina embaralhou o cenário, mas o país voltou a se dividir na reta final

Carla Jiménez

O Brasil voltou a 12 de agosto, um dia antes da morte de Eduardo Campos, presidenciável do PSB. Àquela altura, era dado como certo que a corrida eleitoral ficaria polarizada entre o PT e o PSDB. Mas, o acidente com o avião de Campos, e a ascensão meteórica de Marina Silva, confundiu as peças do tabuleiro. O PSDB, que parecia murchar e cair para sua pior votação, acabou ganhando força no final como alternativa aos 12 anos no poder dos petistas. Das sete eleições a presidente que o país teve desde a redemocratização em 1985, seis, incluindo esta, foram disputadas no segundo turno por petistas e tucanos. Duas vitórias do PSDB, com Fernando Henrique Cardoso, e três do PT, com Lula duas vezes, e agora, Dilma.

Desde domingo, os dois candidatos já começaram a se provocar mutuamente, marcando suas posições. Enquanto Dilma afirmou que o PSDB “jamais colocou os pobres no orçamento”, e de dizer que seu rival trazia fantasmas do passado, como recessão, desemprego e arrocho salarial, Neves afirmou que o PT tinha monstros no presente. “Inflação alta, recessão e corrupção”.

A briga dos dois candidatos neste segundo turno será para diferenciar programas de governo, um discurso que na verdade somente um terço dos eleitores tem condições de comparar, segundo especialistas.

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No dia 26 de outubro o Brasil vai saber se Aécio logrará reconquistar o trono do seu partido, depois de se ver desacreditado no meio da campanha. Aécio, desta vez, tem a seu favor o que o PT teve em 2002. O cansaço dos eleitores com os erros do Governo da vez, que se torna vidraça. Quando Lula venceu a primeira vez, o Brasil, que havia eleito e reeleito Fernando Henrique Cardoso no primeiro turno, em 1994 e 1998, estava exaurido por um crescimento econômico sofrível – em 2001, o país avançou míseros 1,3%, e 2,7% em 2002 – e um racionamento de energia, depois que o sistema elétrico teve um colapso. O desemprego estava na casa dos dois dígitos e a renda, achatada.

Foi assim que Lula, depois de ter sido derrotado em três eleições seguidas (1989, contra Fernando Collor, e em 1994 e 1998, por Cardoso), conseguiu convencer parte do eleitorado tucano a dar-lhe um voto de confiança para chegar à presidência. O líder petista, por sua vez, repaginou seu discurso e montou um time de Governo que não assustasse os mais conservadores. Foi atrás de um empresário como vice (José Alencar, fundador da Coteminas, morto em 2011), e de um executivo do mercado financeiro para o Banco Central (Henrique Meirelles, que tinha uma bem-sucedida carreira em bancos internacionais). Assim, ele convenceu os brasileiros que temiam o futuro com o PT a acreditarem na sua proposta. Para acalmar os mercado financeiro, durante a campanha eleitoral de 2002, Lula também escreveu a Carta ao Povo Brasileiro, uma lista de compromissos que seriam seguidos à risca, incluindo o respeito a contratos firmados, e o compromisso com a estabilidade da moeda.

Lula, então, se beneficiava de um movimento pendular do eleitorado, e, ainda, de uma atuação importante de seus deputados no Legislativo, que denunciavam seguidamente os erros do governo FHC. Pois agora, o PSDB tem esse pêndulo a seu favor, com um desgaste natural do governo do PT, depois de 12 anos de poder. O ex-presidente teria dito que preferia Neves a Marina no segundo, pois seria mais fácil combater, uma vez que as brigas repetidas desde 1994 tornavam fácil identificar as armas do inimigo. Na entrevista logo após o resultado do primeiro turno, Dilma disse que ninguém quer os fantasmas do passado, que incluiriam recessão, desemprego e arrocho salarial.

Aécio já vinha se encarregando de assumir compromissos de não tocar nas regras do salário mínimo, que foi valorizado durante as administrações petistas, e de não mexer nos programas sociais, como o Bolsa Família, que hoje atendem um quarto dos brasileiros. Manter essas promessas é fundamental para o eleitor que tem garantido a eleição do PT há 12 anos e que se manteve fiel a Dilma neste primeiro turno, principalmente no Norte e no Nordeste do país. A presidenta, por sua vez, terá de detalhar seu programa de governo para garantir apoios, e convencer o eleitor refratário ao PT – o índice de rejeição de Dilma está na casa dos 30%, e de Neves, de 20% – de que logrará fazer mais pela economia do que no seu primeiro mandato. O jogo só está começando e as próximas três semanas darão as respostas para este novo duelo.

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