_
_
_
_
O MALECÓN
Coluna
Artigos de opinião escritos ao estilo de seu autor. Estes textos se devem basear em fatos verificados e devem ser respeitosos para com as pessoas, embora suas ações se possam criticar. Todos os artigos de opinião escritos por indivíduos exteriores à equipe do EL PAÍS devem apresentar, junto com o nome do autor (independentemente do seu maior ou menor reconhecimento), um rodapé indicando o seu cargo, título académico, filiação política (caso exista) e ocupação principal, ou a ocupação relacionada com o tópico em questão

O carteiro Messi

O garoto ressuscitou, tentam dizer no Camp Nou enquanto Leo quase parece Leo, mas é outro

José Sámano
Messi comemora com Rakitic o gol contra o Granada.
Messi comemora com Rakitic o gol contra o Granada.a. garcía (EFE)

A jogada aconteceu no minuto 82, tempo insignificante para o Barça, que já ganhava do Granada por 5-0. Momento para o sossego depois de uma semana com três partidas da Liga e o exigente Paris Saint-Germain no radar. Então, o gênio deu uma de gênio e em um ataque inesperado fustigou o colombiano Murillo que, aterrorizado diante de um Lionel Messi com a faca e o queijo na mão, se atrapalhou com a bola. A Pulga, aquele que não faz muito tempo corria pouco, apático e como se estivesse passeando, partiu para a trave adversária e marcou seu 401° gol como azul-grená e azul-celeste. O que não era mais do que uma mixaria, um gol irrelevante, se transformou em algo significativo. Quando alguém como o argentino sua abundantemente, ninguém se atreve a parar ao seu lado, ficaria em evidência. E cuidado com um olhar inquietante do ídolo!

O que voltou do limbo da última temporada e meia é outro Messi

Messi ressuscitou, tentam dizer no Camp Nou, enquanto Leo quase parece Leo. Mas aquele que regressou do limbo da última temporada e meia é outro Messi. Recuperou o sorriso e agora joga para o coletivo: de todos para Messi e de Messi para todos. Existe algo nesse Messi que lembra Laudrup, com muito menos gols, mas que primeiro fez carreira como driblador e velocista, e depois outra grande carreira com passes sensacionais, como armador brilhante, com o pé na direção oposta ao olhar para presentear seus companheiros com o gol.

Se antes ficava bravo quando Tello ou qualquer outro não lhe passava a bola, hoje fica chateado se o companheiro da vez não termina sua assistência com sucesso. Porque Leo mudou de ofício: de goleador puro para primeiro armador. O garoto se transformou em um carteiro e está feliz com seu novo papel. Tem oito passes para gol e se antes todos corriam para abraçá-lo quando acertava o alvo, agora o fazem agradecidos pelo serviço, com Neymar à frente. À espera de Luis Suárez, Messi ajuda tanto uma estrela como o brasileiro quanto novatos como Sandro ou Munir, que aprenderam rápido a interpretá-lo. Já não basta fazer com que a bola chegue nele nas melhores condições possíveis; agora trata-se de habilitar o espaço para que ele execute o passe.

O Messi que não chegou a sincronizar-se com Ibrahimovic ou Villa agora socializa a glória, o que aumenta sua celebridade e o faz ser um jogador ainda mais completo. Aos adversários já não adianta deter seu avanço, hoje devem fechar as linhas de passe e não descuidar da marcação de seus companheiros, tarefas demais. Messi já não fica agoniado pelo que pode conseguir por sua conta, mas pelo que é capaz de fazer para os outros. Contra ele não resta outro remédio a não ser entrincheirar-se e bloquear a largura do campo, como fizeram bem o Apoel e o Málaga, que só deram espaço para os laterais.

Passa como o melhor armador sem esquecer do gol

Com Messi de base, o Barça deu uma excelente arrancada na Liga Espanhola, com 17 X 0 em seis partidas. O zero é o mais significativo e Claudio Bravo está a 20 minutos do recorde de invencibilidade barcelonista, em poder do goleiro basco Artola desde 1977. Não existe equipe que tenha menor quantidade de finalizações contra que o Barça (39), nem um goleiro que trabalhe menos entre as 20 equipes da Liga: Bravo só teve de fazer oito defesas. Justo quando se temia uma brecha após a saída de Victor Valdés, a aposentadoria de Puyol e a má fase de Daniel Alves e Piqué, a equipe montou uma defesa intransponível. E nem sequer conseguiu o feito com o goleiro que em princípio seria o titular – a vaga era para ser de Ter Stegen – e com uma linha defensiva fixa. O Barça já utilizou cinco laterais (Douglas, Daniel Alves, Montoya, Adriano e Jordi Alba) e quatro zagueiros (Piqué, Mascherano, Mathieu e Bartra). Luis Enrique mexe na defesa porque sabe bem que não existe melhor proteção para sua equipe que ter a posse de bola e apetite para recuperá-la. Messi, esse Messi, encarna os dois atributos: rouba a bola, como fez com Murillo, e passa como o melhor armador sem esquecer-se do gol, o que já se sabia que era da sua natureza. De ir do trote a dar dois passos para a frente. Essa é a melhor notícia para o Barça, ter recuperado dois Messis sem perder sua essência.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_