_
_
_
_

O Fed dá o penúltimo passo antes de abandonar a compra de títulos

O BC dos EUA anuncia que os juros permanecerão em 0% durante um período considerável

A presidenta do Fed, Janet Yellen.
A presidenta do Fed, Janet Yellen.EFE

O Federal Reserve reduziu em mais 10 bilhões de dólares o mecanismo usado para a aquisição de dívida pública e hipotecária, o que deixa em apenas 15 bilhões de dólares a quantia injetada pelo banco central norte-americano para estimular a economia. Essa redução é o penúltimo passo antes da completa eliminação do programa do Fed, em outubro. A taxa referencial de juros foi mantida intacta em 0%, e assim deverá permanecer durante um tempo considerável, segundo ata divulgada após a reunião da instituição.

A partitura não muda, mas nos bastidores o Fed prepara o terreno para algo que já é visto como uma certeza dentro da autoridade monetária e em Wall Street: que a política monetária ultrarrelaxada em breve entrará para a história. Mas neste momento o Fed considera prematuro anunciar uma mudança de política, e isso gera incertezas sobre quando se materializará o primeiro aumento de juros em oito anos.

A inflação continua permitindo ao Fed uma margem para o regresso gradual à normalidade monetária. Os preços, de fato, caíram 0,2% em agosto. É a primeira baixa em 16 meses. A taxa anual está em 1,7%, três décimos abaixo da cifra registrada em julho, e também três décimos aquém da meta do banco central. Esse cenário reduziu a pressão para que fosse modificada a alusão aos juros na ata.

Na verdade, o que realmente interessava era ver como seriam redigidas duas palavras na nota final da reunião. Alguns conselheiros querem a antecipação do processo que levará ao primeiro encarecimento do preço do dinheiro em oito anos, algo que gostariam de ver já no começo de 2015. Mas a maioria é partidária de ir com calma nessa transição, até ter claro que a economia pode aguentar sozinha a eventual alta dos juros.

Mais informações
Os EUA diminuem o ritmo de criação de empregos em agosto
A recuperação dos EUA dependerá da evolução do mercado de trabalho
A geração de empregos nos EUA reanima a discussão sobre a alta dos juros
Os Estados Unidos recuperam o emprego perdido durante a grande recessão
Yellen afirma que a estagnação dos EUA no primeiro trimestre é transitória

O Fed, na atualização das suas previsões, espera uma expansão de 2,1% no PIB neste ano, e de 2,8% em 2015. O desemprego, que em agosto baixou para 6,1%, fecharia o exercício perto de 6%, e daí se reduziria a 5,5% no final de 2015, podendo inclusive cair a menos de 5% em 2017. A linguagem é a principal arma da presidenta do Fed, Janet Yellen, para manter a calma nos mercados financeiros e ao mesmo tempo prepará-los para os próximos movimentos.

Em entrevista coletiva, Yellen voltou a insistir que, se o crescimento for maior do que o previsto, a alta dos juros chegará antes e será mais rápida. Mas, embora o emprego avence na direção dos objetivos estabelecidos, ela observou que a recuperação do mercado de trabalho ainda não foi concluída. “Há muita gente procurando trabalho e que não encontra. Muitos trabalhando em tempo parcial. E muitos que não procuram emprego, mas que procurariam se o mercado trabalhista estivesse mais robusto”, disse.

O plano de Yellen é manter o preço do dinheiro perto de 0% durante mais seis meses, no mínimo, segundo a interpretação que se faz da referência a um “tempo considerável”. Mas a mudança nessa diretriz poderia ocorrer já antes de final de ano, quando o programa de compra de bônus tiver expirado. A ideia da presidenta é que a primeira alta de juros ocorra em meados de 2015, e que a partir desse momento o incremento seja gradual.

Dois dissidentes

Os juros nos EUA estão fixados em 0% desde dezembro de 2008. Dennis Lockhart, do Fed de Atlanta, considera que seria possível esperar ainda algumas reuniões antes que começasse a ser alterada a sinalização dada aos investidores sobre a alta dos juros. Lockhart é uma das vozes que representam as pombas. Contra ele está o falcão Charles Plosser, de Filadélfia, que já pediu a mudança em julho e, como naquela ocasião, novamente votou contra a manutenção, desta vez junto com Richard Fisher.

Ao retocar a linguagem de referência, o Fed teria deixado a porta aberta para que a primeira alta pudesse ocorrer em março. Mas isso tampouco é uma garantia de que assim será. É mais um jogo de palavras que garante uma flexibilidade perante a situação. A grande dificuldade neste momento está, além disso, em como conciliar as duas partes quanto aos termos a serem utilizados para substituir essas duas palavras.

O que está claro, apesar das diferenças internas, é que a alta de juros nos EUA se dará dentro de seis a nove meses. Os comentários públicos dos conselheiros mostram também uma tendência clara para o abandono progressivo dos estímulos monetários. Na pesquisa interna do Fed, 14 de 17 conselheiros opinam que o desejável é que isso aconteça já em 2015. Em médio prazo, o consenso majoritário indica que os juros ficarão em 1,375% até o final do ano que vem, para rondar 3,75% em 2017.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_