Os sabores da América Latina nas ruas de São Paulo
A onda da gastronomia hispano-americana no Brasil não se restringe à alta gastronomia. Confira algumas opções boas e baratas em São Paulo
Assim como acontece no Brasil, no resto da América Latina comer na rua é mais do que uma tradição – é um fato natural. Sendo assim, por que será que quando os tacos mexicanos, as salteñas bolivianas e as arepas colombianas chegam aqui, entram direto no circuito de restaurantes caros de grandes cidades como São Paulo, se em seus países de origem essas são refeições callejeras baratas e deliciosas?
Nada contra a campanha bem-intencionada de chefs locais ou de países vizinhos que importam a gastronomia hispano-americana para o Brasil em grande estilo, e nem contra os food trucks (versão cara das banquinhas de rua), mas o bom mesmo é conhecer os hábitos culinários da região pagando pouco e ainda assim lambendo os dedos. Há alguns anos, era preciso buscar a fundo essas opções, mas hoje elas estão muito mais acessíveis.
Em São Paulo, quem quer conhecer o sabor de um taco de verdade pode procurar uma família de mexicanos que lhe abra as portas de sua casa com um convite para o almoço. Ou visitar a Taquería La Sabrosa, na rua Augusta. O pequeno restaurante que abriu as portas num dos pontos culturais mais fervilhantes da cidade é um projeto do mexicano Hugo Delgado – dono de um restaurante mais caro, o Obá –, que nesta empreitada, no entanto, suavizou os valores do menu sem abrir mão de qualidade. Chamou para criar o cardápio da casa uma das mexicanas mais ilustres de São Paulo, Lourdes Hernández, que antes de voltar ao seu país após 13 anos no Brasil, escolheu os sabores mais clássicos do México para criar tacos (feitos de massa de milho crocante) daqueles de devorar com a mão.
Para os paulistanos curiosos sobre o que é uma boa arepa colombiana, a dica é visitar o Sabores de mi tierra, um pequeno restaurante instalado em uma garagem em Pinheiros que oferece a tradicional massa de milho branco assada com recheio de queijo derretido ou com coberturas das mais variadas. Criado por uma família que imigrou da Colômbia para o Brasil em 2003, o lugar capitaneado por Magdalena Torres oferece ainda patacones (massa de banana da terra frita com variedade de coberturas) e empanaditas de milho fritas e chips de mandioquinha, inhame ou banana.
Quem é fã da culinária peruana tem a sorte de a cidade contar com uma série de endereços bem cotados em guias gastronômicos – ou então pode visitar o Rinconcito Peruano, um restaurante criado na região da Cracolândia por Edgar Villas, ex-camelô que hoje tem sua casa diariamente cheia. A preços sempre populares, ele oferece o tradicional ceviche peruano, feito de peixe cru marinado no limão com cebola roxa, coentro e pimenta, e outros pratos muito comuns no Peru, como o delicioso lomo saltado, feito de filetes de carne, tomate, cebola e pimentão e servido com arroz branco e batata frita.
Por fim, os sabores da Bolívia aparecem nos mais caros menus da chamada culinária novoandina, mas também nas banquinhas da Kantuta, a feira dominical que congrega a comunidade de imigrantes bolivianos no centro da cidade e no Rincón Llajta. É um restaurante aberto há mais de 30 anos nos Campos Elísios por Doña Flora Fernandes, que oferece as tradicionais salteñas e tucumanas de seu país (as primeiras têm caldo no recheio, as segundas não), além de llauchas (empanadas de queijo maiores, preparadas com uma massa diferente e consumidas geralmente no café da manhã) e agachaditos (pratos como carne grelhada e sopa, que os bolivianos comem também no café da manhã).
Entre uma oportunidade e outra de viajar para conhecer as raízes do nosso continente, sim: é possível experimentar os autênticos sabores dos vizinhos sem falir a conta bancária. Aproveite.
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