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Coluna
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Não houve Copa

Segundo o ministro da Economia, Guido Mantega, foi por culpa dessa Copa do Mundo que o país deixou de crescer

Juan Arias

O ministro da Economia, Guido Mantega, revelou aos brasileiros um segredo: não houve Copa. Não é brincadeira. Nem se trata do fato de que o Brasil perder de 7 a 1 da Alemanha foi pior do que não ter havido Copa. É algo mais sério.

Segundo Mantega foi por culpa dessa Copa do Mundo que o país entrou em recessão técnica, ou seja, deixou de crescer. Se isso é verdade, quer dizer que não houve Copa. Ganharam os que saíram às ruas para impedir sua realização.

Por que não houve? Muito simples: a Copa do Mundo que o Brasil conseguiu realizar em seu território deveria ter servido, segundo o Governo, para "fazer a economia crescer". Costuma ser assim em todos os lugares onde acontece. A Copa movimenta uma série de engrenagens industriais, comerciais e de infraestrutura que estimula a economia do país.

Se o Brasil, pouco mais de um mês depois do evento, parou e não cresce é porque "não houve Copa". Não como tinha sido concebida.

O Brasil não só não cresceu com a Copa do Mundo que trouxe ao país 600.000 estrangeiros como encolheu sua economia "porque houve feriados demais", segundo Mantega.

A pergunta que poderia ser feita é por que o Governo se viu obrigado a dar tantos dias livres. O motivo de verdade é que, como a infraestrutura que costuma ser feita nesses eventos não foi concluída nas cidades da Copa —no caso, novas linhas de metrô, novos meios de comunicação rápida, novas estradas, etc. —, o governo teve medo de que as cidades da Copa acabassem não só paradas no trânsito como também se tornassem mais perigosas e alvo de assaltos e violência.

Assim, as vantagens que a Copa das Copas deveria ter trazido, como maior mobilidade, maior modernidade e crescimento da economia, acabaram se esfumando. O resultado foi que a Copa, em vez de benefícios, nos trouxe, ou pelo menos antecipou, o presente envenenado da recessão.

Ou seja, o que Mantega quis dizer com sua acusação aos feriados é que não houve Copa. Mais ainda, foi pior do que se não tivesse havido. Hoje, estaríamos melhor sem ela. Com esses resultados, mais o constrangimento do 7 a 1 contra a Alemanha, como não dar razão aos que pediam que não houvesse Copa?

Resta ao Brasil apenas a esperança de que, em 2016, possa realizar a Olimpíada do Rio como algo do qual não se arrependa depois, porque dessa vez os Jogos teriam deixado prosperidade, uma cidade mais moderna, mais habitável e mais segura.

A Copa? Melhor esquecê-la. Imaginemos que não foi disputada. Assim, nem a eliminação teria existido. Estaríamos todos melhores e o Brasil ainda estaria esperando o hexa feliz e contente, sem o peso da derrota histórica pesando sobre seus ombros.

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