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A Oi entra na luta pelo mercado brasileiro com uma oferta pela TIM

A operadora quer assumir o controle da filial da Telecom Itália, que ignora a proposta, enquanto a Telefônica espera que a Vivendi se pronuncie sobre a GVT

Ramón Muñoz
Orelhões da Oi no Rio de Janeiro.
Orelhões da Oi no Rio de Janeiro.MARCELO SAYÃO (EFE)

A luta pelo mercado brasileiro de telecomunicações se complica. Além da Telefônica e da Telecom Itália, que competem para comprar a GVT, filial da Vivendi, a Oi, a quarta operadora brasileira, fez uma oferta pela TIM Participações, filial da operadora italiana.

A Oi, que está em pleno processo de fusão com a Portugal Telecom, oferece cerca de 8 bilhões de dólares (aproximadamente 18 bilhões de reais) por 67% da TIM, controlada pela Telecom Itália, o que a tornaria a primeira operadora de telefonia celular do país. A oferta da Oi vai na direção da consolidação do mercado, que se reduziria a três grandes companhias: a Claro, do mexicano Carlos Slim; a Vivo, da Telefônica, e a própria Oi.

A Telecom Itália não demorou a reagir. Depois de reunir seu conselho de administração, ignorou a oferta da Oi, ao menos até que esta seja firme. “A companhia, que confirma que a TIM Brasil é um ativo estratégico no qual se compromete a concentrar importantes perspectivas de investimento e crescimento, deixa clara seu absoluto desconhecimento sobre qualquer iniciativa da Oi”, afirmou em um comunicado.

A operação proposta pela operadora brasileira favorece indiretamente os interesses da Telefônica, pois obriga a Telecom Itália a se posicionar ante seus acionistas —entre eles o grupo espanhol, que possui 8,3%— sobre uma oferta pela sua principal filial, que lhe permitiria reduzir significativamente sua vultuosa dívida, mas a tiraria do mapa brasileiro.

De fato, a imprensa brasileira publicou durante este ano que a Telefônica e a Oi estavam estudando um plano para fatiar a TIM e dividi-la entre as três operadoras restantes, uma manobra à qual o presidente da Telecom Itália, Marco Patuano, se opõe radicalmente.

Nesse sentido, fontes do mercado indicaram que a operação acontece porque a Oi compraria a TIM em um primeiro momento para logo cindi-la e oferecê-la à Vivo e à Claro, pois sua elevada dívida (46 bilhões de reais) torna inviável que encare a operação sozinha. Na Bolsa, a Oi vale menos que a metade da TIM.

A operadora brasileira divulgou um fato relevante ontem: contratou o banco BTG Pactual para o projeto da operação, que deve obedecer às regras e restrições impostas pelo órgão nacional de telecomunicações brasileiro, a Anatel, e pela autoridade que regula a concorrência, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).

Não será fácil para a Oi. O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse em várias ocasiões que o melhor para os consumidores é que haja mais competidores e afirmou taxativamente que o Governo não permitirá que a TIM seja absorvida por una única companhia.

Paralelamente, a Telefônica e a Telecom Itália continuam na batalha pela GVT. Ambos os conselhos de administração se reuniram ontem. Não houve comunicado algum de parte do conselho da Telefônica e o da italiana se limitou a recusar a oferta da Oi, mas não concretizou sua oferta pela filial da Vivendi e, por isso, segundo vários veículos de comunicação, está disposta a oferecer 7 bilhões de euros.

Por enquanto, a única oferta firme que está sobre a mesa pela empresa de banda larga GVT é aquela apresentada no dia 5 de agosto pela Telefônica, que avaliava a companhia em 6,7 bilhões de euros, dos quais a Vivendi receberia aproximadamente 60% em dinheiro e o resto em ações do grupo integrado resultante da união de ambas filiais. Nos últimos dias especulou-se que o grupo presidido por César Alierta poderia elevar sua oferta, que vence no próximo dia 3 de setembro, até 8 bilhões de euros.

Ainda não se conhece a postura a ser adotada pela Vivendi, cujo conselho de administração se reunirá nesta quinta-feira para se pronunciar sobre a oferta da Telefônica pela sua filial GVT.

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