_
_
_
_
Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Lentidão agrícola

A guerra de sanções com Moscou exige que Bruxelas compense de imediato os excedentes

A Comissão Europeia se concedeu mais uma semana para aprovar as compensações necessárias aos produtos agroalimentícios afetados pelo veto da Rússia às exportações europeias. Uma constatação imediata é que as sanções impostas ao Governo de Vladimir Putin estão em conformidade com a legalidade e a legitimidade internacionais; portanto, a resposta de Moscou, em forma de veto aos produtos agrícolas europeus, tem um caráter arbitrário e até mesmo contrário aos interesses comerciais da Rússia. Mas, de qualquer forma, é uma resposta que as autoridades da União Europeia deveriam ter previsto. E não o fizeram.

A política comercial russa, em particular a que se refere a intercâmbios de produtos agrícolas, costuma ser caprichosa. Ela se delineia normalmente em função dos interesses políticos e conjunturais do Kremlin; frutas e vegetais são importados de um ou outro país conforme caiam nas simpatias momentâneas do Governo. É uma política que gera instabilidade nos possíveis fornecedores, mas é bem conhecida. Em consequência, o que chama a atenção neste caso é a lentidão de Bruxelas. O aparato burocrático da agricultura europeia tinha que fazer frente de modo imediato a uma situação de crise, mas na quinta-feira o comitê extraordinário de gestão mal fez outra coisa a não ser adiar o assunto para a semana que vem.

A tranquilidade das instituições é tão mais surpreendente, porque Bruxelas reconheceu que o problema existe e aceita a responsabilidade. O valor das exportações agrícolas vetadas por Moscou supera os 5,2 bilhões de euros (15,7 bilhões de reais), dos quais mais de 330 milhões correspondem a frutas e hortaliças espanholas. O comissário de Agricultura e o Comitê de Gestão sustentam corretamente que, considerando que o veto russo é político, como revanche a uma decisão europeia, também política, a UE tem que compensar os danos. Não se entende, portanto, que a compensação atrase; porque a demora agrava a queda dos preços e eleva as compensações que terão de ser pagas aos agricultores prejudicados.

O que se deve fazer nestes momentos, sem mais adiamentos, é retirar do mercado os excedentes agrícolas provocados pela crise com Moscou e pagar as compensações. Como em muitos outros assuntos econômicos, a indecisão agrava as consequências do bloqueio comercial: afunda os preços e encarece os custos. Bruxelas age com uma lentidão exasperante. O comércio agrícola requer respostas mais rápidas. O conflito com Moscou é um exemplo, mas há outros. Vários mercados importantes (Estados Unidos, África do Sul) erguem conforme sua conveniência barreiras à entrada de produtos europeus, sob pretextos sanitários, sem que a CE encontre uma resposta eficaz.

Além disso, o Ministério da Agricultura da Espanha ressalta a necessidade de se buscar mercados “alternativos” para os produtos agrícolas espanhóis. A iniciativa é adequada, mas seus efeitos são de longo prazo. Os mercados alternativos não resolverão o grosso desta crise.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_