Os EUA rejeitam que Haia resolva a disputa sobre a dívida argentina
A ação de Buenos Aires contra Washington só seria tratada pelo tribunal internacional se o Governo Obama aceitasse
Não caberá ao Tribunal Internacional de Haia decidir se os EUA violaram a soberania da Argentina por causa da sentença em instância final de um juiz de Nova York, Thomas Griesa, que impediu em 30 de julho o país sul-americano de pagar a dívida reestruturada em 2005 e 2010 sem antes pagar o que deve desde 2001.
Esgotadas todas as instâncias de apelação dentro do sistema jurídico norte-americano, o Governo de Cristina Fernández de Kirchner apresentou na quinta-feira passada uma queixa a Haia. Mas o tribunal só poderia aceitá-la se o Executivo de Barack Obama reconhecesse essa jurisdição para esse pleito em particular. Fontes do Departamento de Estado dos EUA anteciparam na sexta-feira passada que a rejeitarão.
“Não consideramos a Corte Internacional como um fórum adequado para tratar da situação da dívida argentina”, disse um porta-voz do departamento dirigido por John Kerry, ao ser questionado por correspondentes argentinos nos EUA. “Voltamos a exortar a Argentina a negociar com seus credores para resolver os assuntos pendentes”, acrescentou o porta-voz.
Um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA antecipa que o seu país rejeitará a ação em uma instância “inadequada”
No princípio da ação movida pelos chamados fundos abutre, incluindo o financista Paul Singer, o Governo do democrata Obama havia advertido sobre o impacto negativo que uma sentença em favor dos credores litigantes teria sobre futuras reestruturações de dívidas de outros países.
Supõe-se que a sentença estimulará os investidores a recorrerem à via judicial em vez de aceitar um refinanciamento. Mas tensões entre Washington e Buenos Aires por outros assuntos levaram o Governo Obama a não se envolver formalmente no processo. Agora que a sentença de Griesa se tornou irrevogável – já que em junho a Suprema Corte também decidiu não se envolver –, o Executivo norte-americano não aceita que o seu Judiciário seja questionado na corte internacional, que tem sede na Holanda.
Um dos advogados argentinos em Haia, Marcelo Kohen, sustenta que, embora os EUA rejeitem essa jurisdição, o conflito entre os dois países não está resolvido, e Washington deveria propor uma alternativa para sua solução.
“A Argentina expôs em sua ação que, se os EUA não aceitarem a competência da corte de Haia, será preciso formular uma proposta alternativa de mecanismo de solução da controvérsia. Os Estados têm a obrigação de resolver suas controvérsias por meios pacíficos, conforme estabelecem as Cartas da ONU e da OEA (Organização de Estados Americanos). É preciso haver ao menos negociações entre os dois Governos para tentar resolver essa questão”, declarou Kohen ao jornal Página/12.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.