A guerra síria leva 170.000 vidas em 40 meses
O regime de Bashar Al-Assad recupera terreno frente aos rebeldes
A guerra na Síria já custou mais de 170.000 vidas em 40 meses, afirmou na semana passada o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado em Londres. Em Alepo, o Exército sírio mantém sua ofensiva contra os diferentes focos rebeldes no país, tirando o controle dos insurgentes sobre as grandes cidades e sobre as artérias principais que as ligam à capital.
Há duas semanas, o epicentro dos confrontos entre o regime e os rebeldes se concentra nas periferias ao norte e ao leste de Alepo, no norte do país, onde, há alguns dias, 50 pessoas morreram em um fogo cruzado com chuva de bombas lançadas pela Força Aérea síria. Após três anos de enfrentamento, o regime lançou uma dura operação militar para recuperar a segunda maior cidade da Síria e também seu polo econômico.
Os soldados sírios conseguiram tomar o controle do estratégico complexo industrial de Sheij Nayar (no nordeste da cidade), tratando de bloquear o cerco ao redor dos combatentes da Frente Al Nusra (facção da Al Qaeda) e do grupo Liwa Al-Tawhid, que tentam resistir à investida. "O Exército está recuperando terreno e os homens da Al Nusra estão encurralados no norte e no nordeste de Alepo. O centro da cidade está relativamente tranquilo e sob controle, e dentro de poucos meses controlaremos toda a periferia de Alepo", afirmou, por telefone, um miliciano ligado ao Exército sírio que preferiu não revelar seu nome.
O Hezbolá, que também luta em Alepo junto ao regime sírio, perdeu 500 homens na Síria
Assim como em Damasco e em Homs, o Exército de Bashar Al-Assad mantém a estratégia de tentar cercar os insurgentes com o objetivo de sufocar as vias de abastecimento tanto de alimentos como de munições, e pressionar para que os rebeldes se rendam. Há vários meses, o Exército sírio também está cercando o último bolsão de insurgentes na periferia de Damasco, na região de Yobar. "É uma questão de meses. Quando eles não tiverem o que comer nem com que abrir fogo, terão que se render. Na periferia de Damasco, Duma continua sendo a principal base dos terroristas [termo com o qual o regime sírio qualifica todas as diferentes facções rebeldes]. Raqa é a única capital provincial sob o controle dos terroristas do Estado Islâmico. Apenas o norte de Homs, o norte de Alepo e parte de Deraa [no sul do país] estão em mãos rebeldes. Nós controlamos basicamente mais de 70% do país. Vamos lançar operações em todas essas áreas para acabar com eles". Este era o balanço que um coronel do Exército sírio fazia a este jornal há apenas um mês, com um mapa na mão, na frente posicionada na periferia de Damasco.
Nos últimos meses, o regime sírio conseguiu recuperar – com o apoio da milícia libanesa xiita Hezbolá – todo o corredor oeste desde Kasab (cidade síria localizada ao norte, na fronteira com a Turquia) até a fronteira sul, com o Líbano. Apesar disso, os confrontos se renovaram na semana passada no oeste da Síria, onde cerca de 700 rebeldes refugiados nas montanhas que separam o país do Líbano enfrentam simultaneamente o Hezbolá e o Exército sírio. Segundo a imprensa libanesa, na última semana o Hezbolá teria perdido 10 homens e capturado 14 rebeldes na região do Vale do Bekaa, no leste do Líbano.
Enquanto o Hezbolá combate por terra, a Força Aérea síria mantém a ofensiva e intensificou os bombardeios ao território libanês, deixando um morto e 11 feridos. Os vilarejos xiitas do Vale do Bekaa mostravam os reflexos dos combates com uma enxurrada de funerais anunciados durante o fim de semana. Estima-se que o Hezbolá, que também combate em Alepo junto ao regime sírio, tenha perdido 500 de seus homens na Síria.
O revés imposto aos rebeldes pelo Exército sírio no último ano inverteu drasticamente o equilíbrio em terra. No fim de 2012, os insurgentes avançavam em direção à entrada de Damasco e o regime de Bashar Al-Assad perdia força. Na semana passada, um desafiador Al-Assad pisava novamente o tapete vermelho para jurar sobre o Alcorão o cargo de presidente em um terceiro mandato de sete anos. "Em breve veremos países árabes, regionais e ocidentais, que respaldam o terrorismo, pagar um preço caro", afirmou, em seu discurso.
Do preço pago pelo povo sírio com 170.000 vidas, 56.000 foram civis (das quais 9.000 eram crianças), 65.000 soldados sírios e 46.000 militantes rebeldes. A esses impressionantes números soma-se o desastre humanitário de ter metade da população síria (12 milhões de pessoas) obrigada a abandonar suas casas, seis milhões de refugiados internos e outros três milhões de refugiados sírios espalhados pelos países vizinhos. Após o avanço do Exército sírio, os organismos internacionais começam a pensar no colossal desafio da futura reconstrução de uma Síria devastada.
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