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Ban Ki-moon e Kerry fazem pressão por trégua na Faixa de Gaza

O secretário de Estado dos EUA oferece 34,7 milhões de euros para ajuda humanitária

Ban y Kerry impulsionam uma trégua em Gaza desde El Cairo.Foto: atlas

O chefe da diplomacia norte-americana, John Kerry, chegou ao Cairo na segunda-feira com algo a oferecer: 35,7 milhões de euros (107,15 milhões de reais) em ajuda humanitária para a Faixa de Gaza. A ajuda humanitária foi anunciada pouco depois de reunião entre Kerry e o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, que também está no Egito – tradicional mediador no conflito entre Israel e Palestina – para tentar conseguir um cessar-fogo. Nesta terça Ban viaja a Tel Aviv, onde se reunirá com o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, para buscar um cessar-fogo. Depois disso Ban deve viajar até Ramallah, na Cisjordânia, para conversações com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas.

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“Nenhum país pode ficar indiferente a ataques com mísseis e à construção de túneis para acessar seu território e atacar sua população”, Kerry afirmou, reiterando a mensagem do presidente norte-americano, Barack Obama, que na segunda-feira reafirmou “o direito de Israel se defender”. Em declarações citadas pela agência France Presse, o secretário de Estado dos EUA acrescentou que, de qualquer maneira, “os maiores prejudicados pelo conflito são os civis, as crianças e as mulheres”, que representam “o maior objeto de preocupação”. Nesta terça-feira, os serviços de emergência do território palestino confirmaram a morte de pelo menos quatro mulheres, uma das quais grávida, durante um ataque aéreo no distrito de Zaitun, na Faixa de Gaza.

Assim, a Casa Branca promete 34,7 milhões de euros (104 milhões de reais), dos quais 11 milhões de euros (33 milhões de reais) ficarão com a Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA), enquanto o resto será distribuído através da ajuda ao desenvolvimento, em alimentos e medicamentos, segundo o comunicado do Departamento de Estado norte-americano.

A UNRWA confirmou nesta terça-feira que cerca de 100 mil cidadãos da Faixa de Gaza estão refugiados em 69 centros mantidos pela agência multilateral. A operação militar israelense, batizada no último 8 de julho de Limite Protetor, chega nesta terça-feira ao 14º dia, tendo já feito 537 mortos palestinos (dos quais quase a metade são crianças, mulheres e idosos) e 29 do lado israelense, 27 dos quais militares e dois civis.

Cerca de 100 mil cidadãos da Faixa de Gaza buscaram refúgio em 69 abrigos da ONU

Durante a manhã desta terça Kerry se reunirá com o chanceler egípcio, Sameh Sukri, e o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al-Arabi. Mais tarde terá um encontro com o presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sissi. Sua mensagem a todos eles é baseada no apoio firme dos EUA à mediação egípcia, que propõe a suspensão imediata das hostilidades e a realização de negociações posteriores.

O mesmo respaldo foi expresso na segunda-feira por Ban Ki-moon, ao “agradecer a al-Sissi pelos esforços para alcançar a paz” na Faixa de Gaza. Numa entrevista coletiva à imprensa dada na noite de ontem, o secretário-geral da ONU disse que “a violência precisa terminar, e já” e pediu às autoridades egípcias que sejam mais permissivas na abertura do posto de travessia de Rafah, entre Gaza e o Egito, para facilitar a passagem de ajuda humanitária. Mas Sukri assegurou que o Egito já fez o necessário ao abrir o posto de fronteira “sempre que as condições de segurança o permitiram”. O chanceler egípcio ressaltou também que a proposta de paz não será modificada, apesar de o Hamas exigir que as fronteiras sejam abertas para levantar o bloqueio imposto à Faixa de Gaza desde 2007.

Israel rejeita uma nova trégua humanitária pedida pela ONU e aceita pelas milícias islâmicas

A Liga Árabe pediu ao Hamas na segunda-feira que aceite a iniciativa egípcia. Ao mesmo tempo, pediu à ONU uma condenação firme das “agressões israelenses” e um esforço maior para proteger os palestinos.

As informações relativas a uma possível trégua humanitária temporária para a manhã de terça-feira foram muito confusas. Na madrugada o Hamas informou que as Nações Unidas a havia pedido, que seu grupo a aceitava, e os membros da Jihad Islâmica também, mas que Israel não tinha dado uma resposta. Menos de uma hora atrás, Yoav Mordechai, coordenador das atividades do Governo israelense nos territórios palestinos, confirmou à ONU que rejeitava o pedido, segundo informa Carmen Rengel. A última trégua humanitária, prevista para durar duas horas, foi interrompida no último domingo – o dia da matança de Shiyaiya, em que morreram 100 palestinos e 13 israelenses – pelo lançamento de foguetes por parte das milícias do Hamas.

Mais bombardeios durante a noite na Faixa de Gaza.Foto: atlas

De acordo com a Reuters, apenas na segunda-feira os grupos armados da Faixa de Gaza lançaram mais de 100 projéteis contra o território israelense, 17 dos quais foram interceptados pelo escudo antimísseis Cúpula de Ferro. De acordo com a emissora britânica BBC, o Hamas lançou 1.820 foguetes nas últimas duas semanas.

De acordo com meios locais que citam fontes do Exército, um soldado israelense – cuja identidade não foi informada – está desaparecido em combate na Faixa de Gaza. A confirmação foi dada dois dias depois de o grupo islâmico Hamas ter anunciado a captura de Shaul Aron, um soldado israelense. O Canal 10 da televisão israelense disse, entretanto, que as tropas “acreditam” que o soldado tenha morrido juntamente com outros seis companheiros quando seu veículo foi atacado por milícias islamitas. “O Exército só identificou três corpos”, disse o Canal 10.

Apesar de terem sido feitas reuniões no Qatar ou na Turquia, a comunidade internacional lançou um novo convite diplomático com o qual espera conseguir um pacto promovido pelo Egito. Mas as posições de cada lado ainda parecem distantes uma da outra. Ban Ki-moon prevê deixar o Cairo hoje para seguir em seu giro pela Jordânia, Jerusalém e Ramallah. Enquanto isso, Kerry pode chegar a Jerusalém esta noite.

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