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A comemoração alemã fere o orgulho nacional argentino

A imprensa de Buenos Aires qualifica como polêmica a imitação que Götze, Klose, Kroos e outros campeões do mundo fizeram dos seus adversários da final

Os jogadores alemães comemoram o título em Berlim.Foto: atlas | Vídeo: reuters / atlas
Alejandro Rebossio

"Assim andam os gaúchos, os gaúchos andam assim" foi o que cantaram nas comemorações em Berlim, na terça-feira, vários dos jogadores alemães que dois dias antes haviam vencido a Argentina por 1 x 0 na final da Copa do Mundo. Em um palco montado diante do Portão de Brandemburgo, Toni Kroos, Miroslav Klose, André Schürrle, Mario Götze, Benedikt Höwedes e o goleiro reserva Roman Weidenfeller entoaram os versos enquanto caminhavam cabisbaixos, como Lionel Messi após a derrota. Em seguida, bradaram: "Assim anda a Alemanha, a Alemanha anda assim". E começaram a caminhar de cabeça erguida, enquanto a multidão repetia a canção.

"Não foi muito agradável: em plena euforia festiva, alguns jogadores alemães zombaram da Argentina vencida na final", reagiu a edição digital da revista Der Spiegel. "Aparentemente a festa não foi bem recebida por algumas pessoas", acrescentou a publicação alemã. A Der Spiegel também interpretou como provocação ao Brasil o fato de Bastian Schweinsteiger, Manuel Neuer e Höwedes, entre outros, terem subido ao palco em fila e com a mão sobre o ombro do jogador da frente, como fizeram os donos da casa em todas as partidas do Mundial, inclusive na derrota de 7 x 1 diante da Alemanha na semifinal.

A emissora de TV CNN em Espanhol reagiu ao festejo com o seguinte título: "Música de comemoração dos alemães gera polêmica". "Ao que parece, os alemães têm sua maneira própria de perguntar aos argentinos "qué se siente", afirmou a rede norte-americana em referência à canção que torcedores e jogadores alvicelestes entoaram contra o Brasil, seu tradicional rival futebolístico, desde o início desta Copa para lembrá-los da vitória de 1 x 0 sobre a Canarinho na Itália, em 1990. Depois recolheu repercussões nas redes sociais de quem considerou o ato uma falta de respeito e de quem achou que os argentinos não deveriam se sentir ofendidos pela brincadeira.

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Na mídia argentina, a maioria dos portais classificaram a atitude dos alemães como "polêmica". O Clarín disse apenas que "os alemães festejaram com uma música dedicada aos argentinos". Mas o restante dos jornais criticou os rivais. O diário esportivo Olé, de propriedade do Grupo Clarín, trouxe uma manchete que dizia "brincadeira polêmica" e encerrou o texto assim: "Os alemães, segundo eles, nos olham desde cima. São outra raça...".

O La Nación afirmou: "Brincadeira polêmica dos jogadores alemães aos argentinos nas comemorações em Berlim". "Provocativo festejo antiargentino dos campeões alemães", disse o portal Infobae. "Festejo em tom polêmico" foi a manchete do Página/12. O jornalista uruguaio-argentino Víctor Hugo Morales foi o mais crítico. Eis o que ele disse em seu programa na Rádio Continental, de Buenos Aires: "Foi pensando da mesma forma que esses jogadores que [os alemães] acabaram matando seis milhões de pessoas. Com o mesmo raciocínio, com essa crença na superioridade e essa imbecilidade. Isso me parece uma atitude depreciativa. Essa gente fez muito pouco pela Alemanha, país que tenta apagar a imagem de quem discrimina, de quem acredita ser uma raça superior e que em nome disso cometeu assassinatos em massa". Morales chamou os jogadores envolvidos na brincadeira de "nazistas asquerosos" e afirmou que "se eles fazem isso é porque ainda existem alemães que celebram essa atitude, ainda existe uma parte da Alemanha muito doente". Já o líder kirchnerista Enrique Martínez encarou o fato de outra maneira, segundo disse em sua conta no Twitter: "Os alemães nos provocam depois de ganhar porque tinham um verdadeiro medo de perder. Igual a nós em relação ao Brasil".

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