Oito convidados com estilos diferentes
Uma análise dos pontos fortes e fracos dos times das quartas de final da Copa do Mundo
Faltam apenas 10 dias para que o mítico estádio do Maracanã receba a final da Copa do Mundo, 64 anos depois de tê-lo feito pela primeira vez. Certamente não há um palco no mundo do futebol com tanta carga quanto o estádio localizado no Rio de Janeiro, hoje com menos capacidade do que em 1950, quando a final entre Brasil e Uruguai (1x2) foi vista por 199.854 pessoas nas arquibancadas, um recorde de público para um jogo de futebol. Depois das obras, terminadas em 2014 sob padrões de segurança e comodidade estabelecidos pela Fifa, a capacidade do estádio foi reduzida para 80 mil pessoas, mas o sentimento do estádio continua sendo gigante.
Oito seleções lutam por uma vaga nas semifinais depois de superada a fase de grupos e as oitavas, e nenhuma delas mostra até agora um caminho sem solavancos e dificuldades. Em um torneio de tiro curto, em que os finalistas disputam sete partidas, a intenção da maioria das equipes é encontrar a estabilidade à medida em que superem as primeiras eliminatórias. As oitavas de final tiveram cinco prorrogações, um número superado apenas pela Copa do Mundo de 1990 que teve oito em toda sua duração, e dois duelos tiveram de ser resolvidos nos pênaltis: Brasil x Chile e Costa Rica x Grécia. Resumindo, à exceção de Colômbia 2 x 0 Uruguai, França 2 x 0 Nigéria e Holanda 2 x 1 México, as demais partidas precisaram ser resolvidas além do tempo regulamentar.
Com quatro jogos disputados, assim estão até agora os oito aspirantes ao título:
Brasil
Anfitriã e principal favorita, a seleção brasileira tem sido criticada e questionada desde o jogo de abertura, contra a Croácia, no dia 12 de julho, em São Paulo. Já naquela partida, que terminou com um supostamente tranquilo 3 a 1, a equipe de Luiz Felipe Scolari mostrou as primeiras fragilidades. O pênalti apitado pelo árbitro do duelo, o japonês Yuichi Nishimura, que viu falta em um contato normal de Lovren com Fred dentro da área, deixou os brasileiros em vantagem de 2 a 1 quando a seleção estava mais agoniada na partida, e abriu uma série de críticas à equipe pentacampeã do mundo, que vão desde a suposta ajuda dos juízes até o jogo ruim desempenhado pelos atletas em campo.
O Brasil é, por causa de seu treinador, um grupo de 10 jogadores mais Neymar, que tem um tratamento especial. O ataque brasileiro, que tem ainda Hulk, Oscar e Fred, está plenamente condicionado ao comportamento do jogador do Barcelona. Com 22 anos, ele é a peça principal da engrenagem brasileira. No meio-campo, Luiz Gustavo e Fernandinho ou Paulinho, depende de quem ocupe a vaga, ocupam-se de controlar os meias rivais, sem maior vocação ofensiva do que se livrar da bola o quanto antes. Aí é onde encontra-se a fonte dos maiores problemas, na criação do jogo. Defensivamente bem sustentada por uma das melhores duplas de defesa do mundo, Thiago Silva e David Luiz, a seleção brasileira tem sua principal fraqueza nas laterais. Daniel Alves e Marcelo tendem a deixar seus postos, e aí começam os problemas. No gol, Julio César, que está no foco da atenção de milhares de torcedores, demonstrou estabilidade e muita concentração na disputa por pênaltis contra o Chile.
A favor: a inspiração de Neymar, que tem 4 gols em 4 jogos
Contra: a incapacidade de manter a posse de bola
Argentina
É outra seleção da qual se espera muito mais do que o que foi visto até agora. Apesar de ter vencido todas as duas quatro partidas e de ter Messi em boa fase e como um dos atrativos da Copa do Mundo (4 gols e uma assistência), o time de Alejandro Sabella não tem se mostrado uma equipe unida, com uma proposta coletiva. O 5-3-2 do jogo contra a Bósnia passou a ser um 4-4-2 que também não funcionou por completo. A presença de Gago e Mascherano no meio do campo torna lenta a criação do jogo, e apenas a mobilidade de Di María é que consegue desestabilizar as defesas rivais. A lesão de Aguero é um dos problemas mais preocupantes para Sabella, já que Higuaín, outro atacante, e Lavezzi ainda não marcaram gols.
A defesa é outra parte comprometida da equipe. Começando pelo goleiro, Romero, reserva nesta temporada no Monaco e que, contra a Suíça, mostrou algumas de suas fraquezas. Ele é, sem dúvida, uma das apostas de Sabella, que foi criticado por não convocar a Willy Caballero, do Málaga. "Há momentos decisivos em que há que se definir, e eu fico com Romero, Orion e Andújar. São meus goleiros", disse o treinador na entrevista coletiva pós-convocação. Marcos Rojo ocupou a lateral-esquerda e todos os jogos da Albiceleste até agora, mas não jogará contra a Bélgica por ter levado o segundo cartão amarelo.
A favor: tem uma das melhores linhas de ataque do torneio, formada por Di María, Messi e Higuaín.
Contra: a ausência de um criador de jogo e a defesa vulnerável.
Alemanha
Eterna candidata ao título por sua história e qualidade, a equipe comandada por Joachim Löw parecia uma das seleções mais afinadas da Copa ao golear Portugal por 4 x 0 na estreia. Com um time jovem, mas com jogadores acostumados a competir em alto nível, como Kroos, Özil ou Müller, a Alemanha joga sem um centroavante fixo, com 4-3-3 muito parecido ao usado pela Espanha, mas com jogadores mais velozes. No entanto, a equipe sofreu contra Gana diante do jogo físico dos africanos, e só conseguiu arrancar um empate graças a um gol de Klose. Também foi difícil contra a Argélia, que revelou o que talvez seja um dos poucos pontos fracos da equipe: a lentidão dos laterais. Boateng, que depois da lesão de Hummels passou de zagueiro a lateral direito, e Höwedes não se destacam pela capacidade de competir em corrida, o que ficou claro contra os argelinos Brahimi e Feghouli.
No entanto, ter um jogador como Muller, que já soma quatro gols, atrás apenas dos cinco de James Rodríguez no torneio, é uma garantia. O que Low tem de recuperar agora é a melhor versão de Özil, até agora muito apagado, e conseguir que Götze participe mais na definição das jogadas. A estabilidade de Neuer no gol é outra das características que colocam a Alemanha definitivamente na corrida pelo título.
A favor: a assimilação do esquema 4-3-3 e a segurança de Neuer no gol
Contra: a falta de velocidade dos jogadores de trás.
França
O time de Didier Deschamps parece ter solucionado todos os problemas internos que derrubaram as equipes anteriores de Domenech e Blanc, e apostou por um sistema de jogo ofensivo, em que Benzema é o comandante. O atacante o Real Madrid, que ainda não escapa das críticas em seu país, é no momento o jogador mais importante da seleção francesa, com três gols e duas assistências em cinco jogos. Valbuena e Pogba são os encarregados de criar jogadas, e Matuidi, o potente volante do PSG, acompanha todas as jogadas de ataque, além de reforçar o meio-campo quando a equipe perde a bola.
Sakho e Varane formam a dupla de zagueiros, outra das linhas determinantes para a construção de qualquer equipe, e demonstram bom entrosamento. Contra a Alemanha eles terão de mostrar se são capazes de, juntos, anularem a mobilidade adversária no ataque, principalmente com a bola no chão. Será o teste de toque de bola mais importante da França até este momento na Copa, e também o que determinará se os Bleus voltarão a brigar pelo título após quatro anos de travessia no deserto.
A favor: a boa forma em que todos os jogadores chegaram ao Brasil.
Contra: ainda não enfrentou uma seleção de primeiro nível.
Holanda
Líder do grupo B, o time de Louis Van Gaal castigou a Espanha com a maior goleada da Copa do Mundo até agora (5 a 1), apoiando-se em Van Persie e Robben, que acabaram sendo um problema contínuo para a defesa espanhola. Apesar de sofrer no 3 a 2 contra a Austrália, diante do Chile, um rival enérgico, a Holanda voltou a mostrar sua capacidade e venceu por 2 a 0. O México, nas oitavas de final, colocou os holandeses contra a cordas, mas novamente Robben, desta vez com a ajuda de Sneijder, voltou a levantar a equipe.
Com uma defesa que tem a base do Feyenoord (De Vrij e Martins), a Holanda tem mostrado ser uma equipe nem tão segura na marcação, mas com uma grande capacidade de sacrifício. Van Gaal, que na próxima temporada será treinador do Manchester United, planejou uma preparação prévia muito exigente para seus jogadores e o resultado deste trabalho tem sido recompensado em campo.
A favor: a forma física e a experiência dos principais jogadores
Contra: a defesa vulnerável.
Bélgica
A seleção dirigida por Marc Wilmots é uma das mais promissoras de toda a Copa do Mundo. Courtois, Hazard, Fellaini, Origi, Lukaku... são nomes que vão ganhando reconhecimento no mundo do futebol atualmente. A inexperiência ainda pesa em alguns momentos, como na hora de prender a bola, como aconteceu contra os Estados Unidos, quando o time belga ficou encurralado em muitos momentos.
A Bélgica joga no ritmo de Hazard, o que proporciona uma grande capacidade de desequilibrar no ataque. O meio-campista do Chelsea é veloz, potente e dispõe de uma grande habilidade para chutar a gol. Junto a ele, quem também se move é Lukaku. Sua entrada na prorrogação contra os Estados Unidos fou chave para o desfecho do jogo. Ainda em adaptação à forma de jogar de Wilmots, o atacante do Chelsea, que jogou nesta temporada emprestado ao Everton, aproveita-se de sua força e porte físico para criar oportunidades de gol. No entanto, ele tem um concorrente inesperado. Origi, de 19 anos, mostrou muitos recursos no ataque e ganhou a posição de titular no último jogo. Contra a Argentina, Wilmots terá que decidir-se entre um deles. Os dois são garantia de perigo.
A favor: tem dois dos jovens mais promissores do mundo: Hazard e Courtois
Contra: contra a Argentina deverá adotar um esquema mais defensivo.
Colômbia
É a sensação sul-americana da Copa do Mundo. Tem ainda o artilheiro do torneio, James Rodríguez, com 5 gols, e mostrou ser uma equipe sem complexo de inferioridade sob o comando de José Pekerman. É uma das poucas equipes que não precisou de prorrogação para vencer nas oitavas de final. Apesar da ausência de Falcao no ataque, Jackson Martínez e Teófilo Gutiérrez têm suprido com segurança a ausência do El Tigre, e o aparecimento de James Rodríguez acabou solucionando qualquer problema do ataque.
A Colômbia terá de mostrar personalidade contra o Brasil, contra quem deverá manter a posse de bola e mostrar que tem capacidade defensiva para marcar Neymar. Cuadrado é uma das principais bases no lado direito, e tentará aproveitar os buracos que Marcelo deixe em uma de suas previsíveis subidas ao ataque. O professor Pékerman vem utilizando um esquema 4-4-2 em que James Rodríguez se destaca por encostar nos atacantes, formando um 4-3-3 nos contra-ataques. Em Fortaleza, na sexta-feira, acontecerá um dos duelos sul-americanos mais importantes do momento.
A favor: o melhor jogador da Copa: James Rodríguez
Contra: contra o Brasil terá de mostrar sua capacidade para manter a concentração na defesa.
Costa Rica
As ruas da Costa Rica ficaram repletas de torcedores quando Keylor Navas defendeu o pênalti cobrado por Gekas na disputa das oitavas de final, contra a Grécia. A atuação do goleiro do Levante, impecável durante toda a Copa do Mundo, voltou a ser fundamental na luta contra todos os prognósticos que os Ticos têm feito no torneio. Se eles já demonstraram sua falta de complexos na fase de grupo, quando derrotaram campeãs do mundo como Itália, Uruguai e só cederam um empate à Inglaterra na última rodada, quando já estavam garantidos nas oitavas de final, contra a Grécia eles voltaram a ser a equipe alegre, bem organizada e de grande força física no ataque. Ali é onde se destaca Joel Campbell, atacante do Arsenal, e sobretudo Bryan Ruiz, que tem dois gols na competição.
Jorge Luis Pinto utiliza um sistema 5-3-2, no qual Gamboa e Junior Díaz têm liberdade para avançar, o que lhes dá certa superioridade no meio-campo, algo fundamental para lidar com a velocidade dos jogos. Bolaños e Campbell têm maior presença na área adversária, e Bryan Ruiz também chega por ali sempre, pelo meio. No entanto, quando as coisas se complicam que aparece é Keylor Navas: seguro pelo alto, com grandes reflexos entre as traves e com bom controle do jogo aéreo. Ele é uma garantia e, por isso, os jogadores das outras linhas ficam mais felizes.
A favor: a total falta de pressão e um goleiro como Navas.
Contra: a falta de experiência em fases decisivas de uma Copa do Mundo.
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