Benzema não teve ajuda na França
A equipe de Deschamps, que teve muito vigor físico e pouco talento, perde o encanto em um empate sem gols contra o Equador e enfrentará a Nigéria nas oitavas de final
![Ramon Besa](https://imagenes.elpais.com/resizer/v2/https%3A%2F%2Fs3.amazonaws.com%2Farc-authors%2Fprisa%2F042b42c5-ca63-411a-883d-cb74d8d0d911.jpg?auth=3ea973647cbe92600acf20aba2329a6d83143025ecc0001b5b83e4d6be68bb1e&width=100&height=100&smart=true)
![Benzema chuta contra dois defensores do Equador, no Maracanã.](https://imagenes.elpais.com/resizer/v2/MEQ7JBYCVNN5NMHDDOQTTHLN3Q.jpg?auth=04787f289e9ce3aef0e9611050c4d2e8d64756cd42c4b2a378fd587e47626761&width=414)
Sem ser exigida, nem pelo rival, pelo placar ou pela classificação, a França perdeu o encanto na partida contra o Equador. Não esteve nada bem e apenas finalizou contra o gol de um adversário sofrido, pouco presente futebolisticamente na Copa, o patinho feio de uma exuberante América, além de em menor número pela expulsão de Antonio Valencia, o atacante do Manchester United. Os latino-americanos não estarão todos nas oitavas porque a Suíça ganhou de Honduras e desclassificou o Equador como acompanhante da França no grupo. A Argentina aguarda os suíços e a Nigéria, os franceses.
O Equador lutou até lhe restarem forças e saiu do Maracanã com resignação cristã. Faltou um pouco de futebol para coroar seu bom jogo coletivo e notável defesa, cujo mérito foi sobretudo parar Benzema. O atacante francês tocou muito pouco na bola, sem companheiros para jogar com ele, e o plantel de Deschamps não marcou após conseguir média de três gols por partida desde que goleou a Ucrânia em novembro. Ainda que esbanje saúde e disponha de múltiplos recursos, para a França sobraram músculos e faltou talento.
Deschamps vai armando a equipe ao redor de Benzema. Há jogadores cujo protagonismo na Copa os impede de descansar, ainda mais no caso do atacante do Real Madrid, acusado com frequência de ausentar-se do jogo e agora bem ligado no Brasil. O 10 francês não pôde entretanto colocar-se à altura dos gols de Messi e Neymar nem a França conseguiu nove pontos como a Argentina e a Colômbia. Para sorte do Equador, a equipe ficou muito descompensada.
Custou aos meio-campistas encostar em Benzema. Ainda que Pogba, Sissoko e Matuidi intimidem por sua presença física e guardem o meio sem concessões, lhes falta habilidade, não têm o pé de Valbuena ou o de Cabaye e o estreante Scheiderlin custou a encontrar seu espaço. A meia dúzia de mudanças alteraram a mecânica de jogo da equipe, mais vulnerável também na defesa, depois de estrear os laterais Sagna e Digne e encerrar com Sakho. O zagueiro central é um demônio nas bolas aéreas, também pelo outro lado, quando poderia ser expulso por uma cotovelada em Minda, ignorado pelo árbitro Doue.
![](https://imagenes.elpais.com/resizer/v2/5ZNTZYOPNQPG4BTIBRDE6SGPHU.jpg?auth=085d888c8ab0a14f3375dec9ca68c20207a68b15312090c4e70bde43c62113f5&width=414)
Muito dependente de seus atacantes, presididos pela função que deveria ter Antonio Valencia, o Equador foi uma seleção tímida. O treinador deu um passo atrás com a escalação depois de colocar um meia como Arroyo no lugar do ponta Caicedo e o goleador Enner Valencia foi bem marcado por Sakho. O Equador ficava na espera e a França não realizava nenhuma jogada, imprecisa com a bola e muito irritada sem ela. Não acontecia nada no Maracanã. Os laterais não chegavam, Griezmann também não aparecia e não se tinha notícias de Benzema.
Na falta do futebol, a torcida reparava no joelho de borracha de Matuidi e na cabeça enfaixada de Noboa. A partida só melhorou com as mudanças, pelos gols de Shaquiri pela Suíça em Manaus e pela expulsão do transtornado Antonio Valencia depois que suas travas passaram da bola para a tíbia de Digne. Apesar de sua inferioridade, as poucas jogadas do Equador foram tão perigosas quanto as finalizações da preguiçosa França, com Benzema revitalizado após a entrada de Giroud.
Os dois goleiros responderam quando foram exigidos, sobretudo Lloris. Nem Ibarra nem Arroyo conseguiram finalizar os contra-ataques do Equador e Benzema também não marcou contra Domínguez, surpreendido apenas em um chute na trava de Griezmann. Não adiantou nada Benzema reclamar mais passes dos volantes e sua testa ficou franzida, má notícia quando se leva em conta seu caráter. Deschamps não pareceu importar-se muito, mais interessado em poupar sua equipe do que ganhar do Equador.