Benzema não teve ajuda na França
A equipe de Deschamps, que teve muito vigor físico e pouco talento, perde o encanto em um empate sem gols contra o Equador e enfrentará a Nigéria nas oitavas de final
Sem ser exigida, nem pelo rival, pelo placar ou pela classificação, a França perdeu o encanto na partida contra o Equador. Não esteve nada bem e apenas finalizou contra o gol de um adversário sofrido, pouco presente futebolisticamente na Copa, o patinho feio de uma exuberante América, além de em menor número pela expulsão de Antonio Valencia, o atacante do Manchester United. Os latino-americanos não estarão todos nas oitavas porque a Suíça ganhou de Honduras e desclassificou o Equador como acompanhante da França no grupo. A Argentina aguarda os suíços e a Nigéria, os franceses.
O Equador lutou até lhe restarem forças e saiu do Maracanã com resignação cristã. Faltou um pouco de futebol para coroar seu bom jogo coletivo e notável defesa, cujo mérito foi sobretudo parar Benzema. O atacante francês tocou muito pouco na bola, sem companheiros para jogar com ele, e o plantel de Deschamps não marcou após conseguir média de três gols por partida desde que goleou a Ucrânia em novembro. Ainda que esbanje saúde e disponha de múltiplos recursos, para a França sobraram músculos e faltou talento.
Deschamps vai armando a equipe ao redor de Benzema. Há jogadores cujo protagonismo na Copa os impede de descansar, ainda mais no caso do atacante do Real Madrid, acusado com frequência de ausentar-se do jogo e agora bem ligado no Brasil. O 10 francês não pôde entretanto colocar-se à altura dos gols de Messi e Neymar nem a França conseguiu nove pontos como a Argentina e a Colômbia. Para sorte do Equador, a equipe ficou muito descompensada.
Custou aos meio-campistas encostar em Benzema. Ainda que Pogba, Sissoko e Matuidi intimidem por sua presença física e guardem o meio sem concessões, lhes falta habilidade, não têm o pé de Valbuena ou o de Cabaye e o estreante Scheiderlin custou a encontrar seu espaço. A meia dúzia de mudanças alteraram a mecânica de jogo da equipe, mais vulnerável também na defesa, depois de estrear os laterais Sagna e Digne e encerrar com Sakho. O zagueiro central é um demônio nas bolas aéreas, também pelo outro lado, quando poderia ser expulso por uma cotovelada em Minda, ignorado pelo árbitro Doue.
Muito dependente de seus atacantes, presididos pela função que deveria ter Antonio Valencia, o Equador foi uma seleção tímida. O treinador deu um passo atrás com a escalação depois de colocar um meia como Arroyo no lugar do ponta Caicedo e o goleador Enner Valencia foi bem marcado por Sakho. O Equador ficava na espera e a França não realizava nenhuma jogada, imprecisa com a bola e muito irritada sem ela. Não acontecia nada no Maracanã. Os laterais não chegavam, Griezmann também não aparecia e não se tinha notícias de Benzema.
Na falta do futebol, a torcida reparava no joelho de borracha de Matuidi e na cabeça enfaixada de Noboa. A partida só melhorou com as mudanças, pelos gols de Shaquiri pela Suíça em Manaus e pela expulsão do transtornado Antonio Valencia depois que suas travas passaram da bola para a tíbia de Digne. Apesar de sua inferioridade, as poucas jogadas do Equador foram tão perigosas quanto as finalizações da preguiçosa França, com Benzema revitalizado após a entrada de Giroud.
Os dois goleiros responderam quando foram exigidos, sobretudo Lloris. Nem Ibarra nem Arroyo conseguiram finalizar os contra-ataques do Equador e Benzema também não marcou contra Domínguez, surpreendido apenas em um chute na trava de Griezmann. Não adiantou nada Benzema reclamar mais passes dos volantes e sua testa ficou franzida, má notícia quando se leva em conta seu caráter. Deschamps não pareceu importar-se muito, mais interessado em poupar sua equipe do que ganhar do Equador.
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