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Messi se coloca na órbita de Neymar

‘La Pulga’ faz como 'La Pulga’: marca dois gols, despacha a Nigéria e descansa

José Sámano
Messi comemora um gol contra a Nigéria.
Messi comemora um gol contra a Nigéria.Fernando Vergara (AP)

Para medir a si mesma com confiabilidade, a Argentina precisa ter um diagnóstico claro de Messi. É preciso examinar com detalhe cada segundo do astro, se corre ou trota, se apenas fica na intermediária ou vai para dentro da área, se sorri ou arqueia uma sobrancelha, se ausenta-se ou se toca com frequência na bola, se uma mosca o distrai ou confunde os adversários. É preciso avaliar tudo, por mais insignificante que pareça. Para alívio albiceleste, contra a Nigéria, La Pulga (A Pulga, em espanhol) se pareceu com La Pulga, não com este jogador entorpecido dos últimos tempos, e deixou a partida mais fácil para sua equipe. Com o que ele pretende fazer no futuro.

Mais do que por seus gols, um trabalho ao alcance de gênios como Leo, até mesmo quando não estão em sua plenitude, Messi deu todos os tipos de sinais positivos. Correu, não passeou. Teve ritmo, intensidade, passou, marcou e até aceitou de bom grado um sorriso cúmplice que lhe deu Sabella após a partida. Como testamento, dois gols, com os quais já soma quatro, os mesmos de Neymar. Não é um desafio qualquer, mas um que pode ser transcendental. Se o brasileiro for melhor no campeonato será interessante verificar se invertem os papéis do clube no qual jogam. Quem sabe se como presságio do que se avizinha na corrida pelo trono da Copa, os cerca de 30.000 argentinos espectadores da partida não cansaram de cantar uma de suas músicas preferidas nestas terras, a que provoca os brasileiros dizendo que Maradona foi melhor do que Pelé.

Com Lionel Messi voando, a Argentina passou à frente na partida em uma piscada de olhos, o tempo que Di María demorou para começar os trabalhos. Um chute do madridista bateu na trave direita de Enyema e no rebote Messi chegou como um trator para encher o pé na bola no seu primeiro gol do torneio dentro da área. A resposta da Nigéria foi imediata e Musa, com um chute de curva superou Romero pelo lado esquerdo. Mas a aparição de Messi não havia sido fugaz. Ele estava ligeiro, sutil, dinâmico, quente e eficaz infiltrado entre a parede de Mascherano e Gago e o ataque. A Argentina tem no ataque sua grande virtude. Na falta de meio-campistas, seu futebol é extraordinariamente ofensivo, aceita o jogo aberto porque não tem outro caminho. Com Messi, Agüero, Higuaín e Di María não existe meio termo. O plano não ocasionou bons jogos, mas bons resultados, mas contra rivais como Irã, Bósnia e Nigéria. É preciso ver se a brecha entre a defesa e o ataque não será fatal contra adversários de maior qualidade quando a Copa afunilar.

A Nigéria, classificada em segundo, não é o que era. Mantém a imposição física, com jogadores de mármore, mas lhe falta a criatividade e o atrevimento daquela primeira geração de Finidi, Okocha, Yekini e Kanu. Contudo, a Argentina teve seus problemas. O desatino de Higuaín, que como todo atacante precisa de um gol para aliviar suas angústias, e a invisibilidade de Agüero, - substituído por contusão pouco depois de meia hora de partida, deixaram a partida nos pés de Messi e Di María, o primeiro como líder de toda a ofensiva e El Fideo (o Magrelo, em espanhol) indo ao ataque várias vezes contra um eficiente Enyema. A Nigéria, para quem o empate já bastava, sobreviveu mesmo com a derrota.

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Pouco antes do intervalo, Messi resolveu um dos mistérios do campeonato. Indomável como é, este esporte tem um manual com sua própria lógica e a contraria. Como explicar que justo agora que os árbitros marcam com spray a distância das barreiras apenas um gol de falta havia sido marcado em 40 partidas? O único havia sido o de Dzemaili, suíço de origem macedônia que joga no Napoli, feito contra a França. Enigmas do futebol. Menos para Leo, que primeiro fez voar o goleiro africano e o bateu na segunda vez quando a bola parecia mais simples para Enyema.

Vigoroso e fulgurante, o capitão argentino colocou em sua órbita toda sua equipe e continuou no campo até que Rojo, com uma joelhada, desfez o empate causado novamente por Musa, desta vez após uma pane geral na defesa da equipe de Sabella. O segundo tempo começou como o primeiro, com gols instantâneos nos primeiros minutos. Até o momento no qual, após um bom passe para Higuaín, o que fez mais de uma vez, Messi colocou a braçadeira de capitão em seu amigo Mascherano, cumprimentou alguns companheiros e retribuiu a ovação da torcida. Sentado no banco de reservas, as câmeras o flagraram sorridentes. Ótima notícia para a Argentina. O melhor resultado da jornada.

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