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Irredutível Hazard

Uma grande jogada da estrela da Bélgica derruba a Rússia de Capello

Ramon Besa
Hazard escapa do russo Kozlov.
Hazard escapa do russo Kozlov.Christophe Ena (AP)

Os policiais foram tão protagonistas quanto os jogadores no Maracanã. A invasão de uma centena de torcedores chilenos ao centro de imprensa antes da partida contra a Espanha provocou o grande reforço das medidas de segurança no jogo entre Bélgica e Rússia. Os militares estavam até nos banheiros, ainda que dissimulassem enquanto se arrumavam na frente do espelho, como se estivessem atentos ao campo e à partida e não aos torcedores. Com o estádio militarizado, dentro de campo houve pouco futebol e apenas um jogador de destaque de nome Hazard. O atacante do Chelsea deixou Origi livre para derrubar a Rússia de Capello.

Wilmots mudou a equipe no Maracanã. Fellaini jogou como volante em uma linha de três meias, próximo a Witsel e De Bruyne, e a Bélgica saiu em disparada contra o arco de Akinfeev. A agilidade dos meias ligou Hazard, um ótimo jogador quando se trata de criar o jogo e armar o último passe, e fez a Rússia recuar depois de acionar Lukaku. Os atacantes belgas, entretanto, não conseguiram achar seu centroavante e suas chegadas não encontraram o gol, o que possibilitou as transições dos rapazes de Capello.

Ninguém discute a categoria da Bélgica no ataque da mesma forma que se sabe de suas dificuldades para marcar, sobretudo porque se defende com quatro zagueiros e De Bruyne vai bem ao ataque mas não é sempre que ajuda Van Buyten e Kompany. A Rússia não encontrava dificuldades em finalizar as jogadas cada vez que os passes encontravam Glushakov ou Samedov. Courtois foi exigido em dois chutes de média distância e foi pedido um pênalti em Kanunnikov ignorado por Brych. O goleiro impediu um gol certo em cabeçada de Kokorin.

Pouco a pouco a partida foi pendendo para o lado da Rússia. Já não era uma equipe defensiva, como no início, e foi para o intervalo com a bola nos pés, sumidas as figuras da Bélgica, sem notícias de Hazard e Lukaku, desaparecidos De Bruyne e Witsel. Ainda que com jogadores seguramente menos midiáticos, a Rússia começou a jogar bem como equipe e acabou por ameaçar com relativa frequência com as investidas de Kozlov. Wilmots ficou de braços cruzados, pensativo, incomodado da mesma forma que já havia ocorrido na partida contra a Argélia.

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O intervalo não alterou o rumo da partida. A Bélgica continuava inofensiva. Além de não encontrar Lukaku, lhe custava alcançar a intermediária da Rússia, achar um bom passe, incomodar a defesa russa, menos agressiva e menos lúcida no posicionamento de ataque, obrigada a buscar espaços, sem profundidade e finalizações. Wilmots não teve outro remédio a não ser tirar o inócuo Lukaku e oxigenar novamente a equipe com Origi, atacante do Lille, um jogador mais pelos lados do campo do que um centroavante, convocado como substituto do lesionado Benteke.

Lukaku, que ainda não marcou gols na Copa, teve um ataque de mal humor e foi mais protagonista por seus gestos no banco de reservas do que por sua partida no Maracanã. Era melhor reparar em coisas como essa depois que a partida foi piorando, indigesta para uma torcida aborrecida depois de protagonizar uma chegada muito festiva, sobretudo pelos torcedores belgas, como há notícias por diversos lugares e estádios do Brasil. Não acontecia nada no campo porque nenhuma das equipes conseguia controlar a bola e a partida.

No fim das contas o empate não era um mau resultado para nenhuma das seleções e, por outro lado, já se sabe da dificuldade histórica da Bélgica em criar uma boa equipe com excelentes jogadores e da capacidade de Capello de armar boas equipes defensivamente, inclusive quando se trata de seleção com fama de indisciplinadas, caso da Rússia. O confronto só poderia mudar em uma jogada de genialidade ou em uma ação de estratégia, recursos que Hazard tem. E o jogador do Chelsea apareceu de novo no momento exato para derrubar a Rússia.

Mirallas chutou na trave direita de Akinfeev uma cobrança de falta e Hazard, pouco depois, posicionado no lado esquerdo do ataque, o local perfeito para o 10 clássico, terminou um excelente contra-ataque com a assistência para Origi. Os torcedores gritaram gol antes mesmo da bola balançar a rede da Rússia. Valeu a pena aguardar Hazard, protagonista dos momentos futebolísticos mais doces da partida, responsável peça classificação da Bélgica e verdugo da Rússia, que continua mal posicionada, com dificuldades para retornar à defesa mesmo com Capello. Não existe defesa que possa parar o melhor Hazard.

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