Messi dissimula as fraquezas
O atacante faz um gol de fora da área aos 46 minutos do segundo tempo para aliviar o sofrimento da Argentina contra o esforçado Irã
Messi marcou aos 46 minutos do segundo tempo e escondeu sobre um manto de entusiasmo os problemas que ameaçavam a Argentina. O gol, no final da partida, quando a torcida argentina se desesperava em um silêncio estremecedor, serviu para a equipe se classificar e somar experiência na competição. Mas os sintomas deste candidato a título são péssimos. Tão ruins que é difícil considerá-lo um aspirante sério.
O Irã descobriu os problemas que há anos se apoderaram da seleção argentina. Não são poucos e afetam quase todas as ações da equipe. Faltam laterais e zagueiros de categoria, os volantes disponíveis são incapazes de fazer o jogo correr, o treinador Alejandro Sabella decidiu desenvolver a defesa mas se esqueceu, ou fracassou, da tentativa de elaborar meios de criação. A equipe fica órfã quando não aparecem suas individualidades e seu mais brilhante jogador não atravessa sua melhor fase. A Copa o espera, mas Messi não consegue ser o jogador descomunal que já foi. Viveu mentalmente fora do jogo durante meses e agora que quer retornar os adversários não o permitem. Reintegrar o organismo para a exigência máxima é uma das tarefas mais difíceis que pode enfrentar um jogador de futebol profissional. Messi segue sem encurtar a distância entre o que sabe e o que pode fazer.
Messi está com a expressão diferente. O vemos quase sempre sozinho, na frente de um pelotão que o contempla com uma mescla de ansiedade e reverência. Carrega um peso enorme nos ombros. Contra o Irã não conseguiu compensar a desordem tática de sua equipe. O time de Nekouman praticou o velho esquema da emboscada, colocando dez homens dentro da área. Administrou com calma, seus zagueiros resistiram com firmeza, e resolutamente fechou as vias de acesso ao seu gol. Higuaín e Agüero estiveram isolados, inacessíveis para seus companheiros. Sabella mandou os laterais subirem para triangular com os volantes e Messi exerceu o papel de 10 jogando com todos e procurando dar o último passe. Gago e Di María o apoiaram, um pela direita e outro pela esquerda. O plano não funcionou pois é difícil executá-lo sem espaço, sem treino, e sem meias que tenham fundamentos. Se existe algo que diferencia o futebol contemporâneo é a influência decisiva do sistema tático. Pelo que foi visto contra o Irã, a Argentina precisa de tempo, ou ideias, para melhorar seu estático ataque.
O goleiro Haghighi defendeu um disparo de Agüero rente à trave e parou com o peito um chute à queima roupa de Higuaín nos primeiros minutos de partida. A Argentina não conseguiu dar um chute em direção ao gol durante a próxima hora de jogo. Cada ataque frustrado debilitou a convicção da equipe, paulatinamente derrubada contra um rival ligado e mais seguro. No segundo tempo o Irã revidou com um avanço de surpresa sobre o campo argentino. Nekouman adiantou as linhas e Masoud, Dejagah e Haji Safi estiveram prestes a colocar sua equipe na frente. Reza esteve duas vezes cara a cara com Romero e desperdiçou as duas. Outra seleção com mais qualidade, capaz de jogadas mais precisas, teria feito estragos neste angustiado oponente. O Irã ficou no meio do caminho e pagou o preço do desgaste.
Sabella colocou Lavezzi e Palacio no lugar de Higuaín e Agüero e formou um 4-4-2. Outra mudança no repertório. Uma mudança sem muitos efeitos aparentes. Porque a Argentina não saiu da obscuridade e foi impossível para Messi encontrar espaços, sempre antecipado ou marcado pelos iranianos. Não precisou driblar ninguém para marcar o gol que pode classificar sua equipe para as oitavas de final. Foi da esquerda para a direita, sua movimentação característica, e chutou de esquerda de fora da área na segunda trave. Desta vez Haghighi não conseguiu chegar.
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