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‘Vira-casacas’ brasileiros não têm vida fácil no retorno ao país

Diego Costa e familiares são vaiados e xingados na goleada sofrida pela Espanha

Diego Costa ontem, durante treino no Maracanã.
Diego Costa ontem, durante treino no Maracanã.LLUIS GENE (AFP)

Bastava o brasileiro Diego Costa tocar na bola que uma vaia ensurdecedora, acompanhada de xingamentos, ecoava pela Arena Fonte Nova, em Salvador (nordeste brasileiro). O atacante, que se naturalizou espanhol e defende La Roja, foi tratado como um traidor pela torcida brasileira presente ao estádio no jogo contra a Holanda, na última sexta-feira.

A sua família, na arquibancada, também foi vítima das ofensas, o que fez com que a mãe do jogador deixasse a Arena Fonte Nova chorando. “A gente ficou triste. Não tem outra palavra, ficamos muito tristes", contou Jayr Costa, irmão do atacante, ao site brasileiro UOL.

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Ao todo, cinco brasileiros defendem equipes estrangeiras neste Mundial, um a menos que em 2010. Mas é o atacante da Espanha que mais desperta a ira da torcida, porque chegou a ser convocado pelo Brasil quase que ao mesmo tempo em que foi convidado pela Roja. Como as chances na seleção brasileira haviam sido escassas, optou pelo país europeu visando à Copa.

Diego Costa ainda é o maior exemplo de que a vida dos que nasceram no Brasil e jogam por outras seleções na Copa não tem sido mesmo fácil também dentro de campo.

Oriundo de Lagarto, no Estado de Sergipe (Nordeste), ele até que começou bem, ao cavar o pênalti que colocou a Espanha em vantagem contra os holandeses. Mas pouco pôde fazer para evitar os 5 x 1 do rival. Em meio às vaias, acabou substituído por Fernando Torres no segundo tempo.

Logo após o duelo, Diego Costa continuou a ser “perseguido” nas redes sociais, mas de forma bem humorada. “Se foi ruim para a Espanha, imagina para o Diego Costa, que ainda entendeu tudo o que torcida cantou (em português)”, dizia um post do site de humor Olé do Brasil no Twitter.

Na mesma rede social, o também satírico Humor Esportivo afirmou: “Diego Costa já começa a Copa fazendo o impossível: tomando mais vaias que a (presidenta) Dilma (Rousseff)”.

Outro brasileiro naturalizado, Pepe, natural de Maceió, no Estado de Alagoas (nordeste), também foi vítima de uma goleada, e ainda recebeu nesta segunda-feira, nos 4 x 0 da Alemanha, o primeiro cartão vermelho desde que passou a defender Portugal, em 2007.

Por causa disso, o jogador do Real Madrid desfalcará a equipe lusa no duelo decisivo para a classificação às oitavas, contra os Estados Unidos, no próximo domingo.

No lance que levou à expulsão, ainda no primeiro tempo e com o placar já em 2 x 0 para os alemães, o zagueiro disputou a bola com Müller –autor de três gols no jogo– e, ao limpar a jogada, colocou a mão no rosto do rival, que foi ao chão. O luso-brasileiro tocou a bola e foi reclamar de forma ríspida com o alemão, desferindo uma leve cabeçada nele na frente do juiz.

Bem mais discretos, os dois brasileiros que atuam pela Croácia não saíram do banco de reservas justamente contra a seleção de seu país natal na estreia do Mundial, na última quinta-feira.

O meia Sammir, nascido em Itabuna (Bahia) e que defende o time espanhol Getafe, e o atacante Eduardo da Silva, oriundo do Rio de Janeiro e atualmente sem clube, nada puderam fazer para evitar a derrota por 3 x 1 para a equipe do técnico Luiz Felipe Scolari.

Por fim, o único ‘brasileiro estrangeiro’ com algum motivo para comemorar nesta primeira rodada da fase de grupos da Copa está na Itália: o volante Thiago Motta, que atua pelo Paris Saint Germain, da França.

Nascido em São Bernardo do Campo, no Estado de São Paulo, o jogador chegou a defender uma equipe sub-23 do Brasil, mas foi liberado pela FIFA em 2011 para defender a Azzurra. Na vitória por 2 x 1 sobre a Inglaterra no sábado, o volante entrou em campo no lugar do meia Verratti logo após o segundo gol e ajudou a segurar o placar.

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