_
_
_
_

Klinsmann supera a maldição ganense

A seleção dos Estados Unidos mata sua sede de vingança e vence Gana (2 x 1) com gols de Dempsey e Brooks

Clint Dempsey celebra nesta segunda-feira o primeiro gol para os Estados Unidos.
Clint Dempsey celebra nesta segunda-feira o primeiro gol para os Estados Unidos.KAMIL KRZACZYNSKI (EFE)

Na cidade de Natal, onde pela manhã o prefeito havia decretado estado de calamidade depois de três dias seguidos de chuvas torrenciais, os Estados Unidos e Gana jogavam por sua sobrevivência, num grupo dominado teoricamente por Alemanha e Portugal. Com muito sofrimento e firmeza, os norte-americanos mataram sua sede de vingança e injetaram-se uma importante dose de autoestima para os seus dois próximos e complicadíssimos compromissos. O gol de Dempsey no primeiro minuto (um dos mais rápidos na história das Copas), em um veloz avanço pela lateral esquerda, garantiu o aprumo necessário à seleção de Jürgen Klinsmann, que se sobrepôs à ruptura muscular de seu atacante Jozy Altidore, por volta dos 30 minutos de jogo, ainda que depois seja preciso buscar novas fórmulas de ataque para o resto do torneio. Ontem, os EUA demonstraram competência para se defender do assédio por terra, mar e ar exercido pelos Black Stars durante toda a segunda etapa. E contundência para aproveitar suas oportunidades.

Gana, orgulho do continente africano e verdugo dos norte-americanos nas duas últimas Copas, reagiu ao tento de Dempsey com muito domínio e pouca precisão, ante o olhar atento de seu veterano ídolo Essien, no banco, e dos vice-presidentes de ambos os países, Kwesi Amissah-Arthur e Joe Biden, no camarote. Só um chute de Assu rente à trave, no minuto 31, e uma oportunidade desperdiçada por Jordan Ayew, quase no intervalo, inquietaram o seguro Howard. A lateral direita ganense carregava todo o jogo da equipe, obrigando Beasley a se multiplicar, mas acabava sendo uma equipe previsível e pouco dinâmica. Os Estados Unidos resistiam ordenadamente, liderados a todo momento por Bradley, adiantando as linhas com eficácia para provocar o impedimento. Com a bola nos pés, se tornava uma equipe vertical, alheia a qualquer tentação de tiki-taka.

O segundo tempo, entretanto, começou de maneira muito diferente. Os africanos adiantaram as linhas, conseguiram conter a seleção norte-americana e estiveram a ponto de empatar em um magnífico contra-ataque cabeceado para fora por Gyan, quando o mais fácil era mandar para o gol. A seleção de Klinsmann perdeu então o rumo durante alguns minutos. Sobrevoava de novo por Natal a maldição ganense: seu estado-maior (Gyan, Muntari, Asamoah e Boateng, que entrou aos 12 do segundo tempo) havia finalmente declarado guerra ao Império. A eles se uniu o caudilho Essien, aos 25 minutos. Os Estados Unidos tentavam afastar a pressão de qualquer maneira, mas não conseguiam jogar. Bastava-lhes segurar o resultado. E, como tantas vezes acontece, faltaram-lhe alguns minutos. Na melhor jogada da partida, uma linda deixada pela esquerda de Gyan foi recolhida e finalizada com critério por André Ayew, sozinho diante de Howard, aos 37. Os norte-americanos olhavam para o céu, afligidos pelos precedentes. Dois minutos depois, o zagueiro Brooks, do Hertha Berlim, arrematou um escanteio subindo bem alto, como manda o figurino, e liberou a euforia de dezenas de milhares de compatriotas seus que haviam congelado seu entusiasmo durante 120 segundos. Os Estados Unidos haviam quebrado o malefício.

Posto em xeque pela imprensa e pelo público, Klinsmann pode agora respirar mais tranquilo. Sua valente aposta (que inclui a ausência do idolatrado Landon Donovan) fica validada pelo resultado; agora tem ao menos duas partidas para determinar se o seu projeto modernizador do soccer será capaz de levar a zebra a um dos dois grupos mais complicados da Copa. Gana, por sua vez, deverá estar à altura das palavras expressas ontem por seu técnico, o ex-zagueiro James Appiah: “Se você vai para a Copa e tem medo de enfrentar equipes como Brasil e Alemanha, não faz sentido se classificar”.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_