Um grupo de índios e a mineradora Vale se desentendem no interior do Pará
Desde quinta-feira, cerca de 400 indígenas Xinkrin do Cateté bloqueavam a portaria da unidade em município paraense, segundo a empresa
A falta de entendimento com a população indígena trouxe consequências práticas para a mineradora Vale, a maior empresa privada do Brasil com unidades em diversos países. Desde quinta-feira, índios da tribo Xinkrin do Cateté bloqueavam a portaria da unidade de Onça Puma, em Ourilândia do Norte, município do estado do Pará, no norte do país. Segundo um comunicado da empresa, neste sábado 400 índios teriam ameaçado colocar fogo nas instalações caso suas demandas não sejam atendidas. Haviam 50 funcionários da empresa no interior da unidade, incluindo terceiros, ainda de acordo com o comunicado. Na noite de sábado, porém, eles liberaram a saída da empresa.
As tratativas entre a Vale e os indígenas serão retomadas na segunda-feira. Ainda de acordo com a Vale, os índios reivindicam mudanças na proposta de acordo em andamento entre a companhia, a Fundação Nacional do Índio e o Ministério Público Federal. O acordo prevê o repasse de recursos em custeio e projetos para as comunidades indígenas. O grupo, porém, estaria cobrando recursos integrais e ainda verbas adicionais.
O Ministério Público, por sua vez, diz que é a Vale quem não cumpriu as condicionantes previstas no licenciamento do projeto, segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo. O órgão disse ainda que os funcionários da mineradora em dita unidade não foram mantidos reféns, e que os indígenas perimtiram a passagem de ônibus com trabalhadores, sem afetar a sua saída.
"O Projeto Onça Puma, de extração de níquel, afeta diretamente os Xikrin, mas até agora a Vale não iniciou nenhum programa de compensação de impactos”, afirma. O MP acionou a Justiça Federal contra a Vale em defesa dos direitos dos Xikrin, explica a matéria de O Estado de S. Paulo.
Neste sábado, a mineradora havia informado que 50 trabalhadores foram retidos na unidade desde quinta-feira e que os indígenas ameaçaram atear fogo a um dos fornos. Segundo a Vale, o protesto foi motivado por divergências a respeito do repasse de recursos para aldeias.
A empresa esclarece que já encaminhou as questões acordadas com as demais comunidades indígenas da região “e reitera seu respeito aos povos indígenas, bem como permanece aberta à busca de soluções para continuidade do bom relacionamento com as comunidades das regiões onde mantém operações”. Porém, repudia qualquer forma de violência que ponha em risco a vida e a segurança de seus empregados.
Não é a primeira vez que a Vale tem problemas com comunidades indígenas. Em 2010 e 2011, a companhia teve de negociar com os índios Guajajaras, em Alto Alegre do Pindaré, no Maranhão, a libertação de funcionários que teriam ficado retidos pelos índios por algumas horas. Eles cobravam da empresa mais atenção às necessidades do grupo na região. A empresa alegou, na ocasião, que as reivindicações não eram da sua alçada.
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