Um centroavante longe da bola
Diego Costa mostra deficiências no jogo coletivo e pode ir para o banco
Vicente del Bosque não teve certeza de que Diego Costa iria à Copa do Mundo até que a Espanha jogou contra El Salvador, no sábado passado. Ele começou a suspeitar quando Xabi Alonso deu dois passes longos, ao mais puro estilo de um quarterback da NFL, nas costas dos zagueiros salvadorenhos, e o sergipano brigou por elas sem levar a mão à coxa. Quando, aos 28 minutos do segundo tempo, Xavi entrou em campo e o atacante chegou ao banco com cara de alívio, com os fantasmas das dores musculares do fim da temporada espantados, Del Bosque percebeu que a federação poderia dar férias definitivas a Deulofeu: Costa iria jogar no Brasil.
Acabaram, assim, seis meses de incertezas que passaram pela dúvida, mais do que razoável, de que além da lesão, o jogador do Atlético de Madri poderia ter recebido uma ligação de última hora de Luiz Felipe Scolari, o técnico brasileiro, apesar de ter assinado uma carta pedindo para não ser convocado para a Seleção. Del Bosque não tinha todas as certezas. Mas, finalmente, Costa está no Brasil vestido de vermelho, ansioso para que a Copa comece, mais integrado ao grupo do que ao esquema tático, mais cômodo com as brincadeiras do que com os treinamentos com bola, buscando lugar em um time que tende a jogar sem um atacante de referência.
Del Bosque só teve certeza da presença de Costa na Copa depois do amistoso de sábado
O certo é que Costa mostrou suas carências no jogo coletivo e, contra a Holanda de Van Gaal, que esperará a Espanha com cinco jogadores na defesa, não está claro se Del Bosque preferirá um jogador que desafogue o centro de ataque e busque o passe antes de transformar a área em uma multidão de pernas. Pela cabeça do treinador passa, com certeza, o que Milijan Miljanic, então seu treinador no Real Madrid, costumava dizer a Roberto Martínez, um argentino do Real que também fez carreira no Espanyol. "Você, fique longe da bola, da jogada, e concentre-se nas finalizações". Roberto Martínez, um atacante alto, de meias sempre baixas e pernas quilométricas que lhe deram o apelido de Pipi Calzaslargas (personagem sueco que adquiriu esse nome na Espanha pelo aspecto, de pernas longas), tentava participar mais do jogo, mas a técnica não era sua melhor qualidade. As finalizações e a luta sem trégua diante do gol adversário, sim.
Por enquanto, Costa tenta se adaptar, tanto à equipe quanto a seus compatriotas. "Felipão nunca me chamou", alegou Costa em entrevista à Globo, na única exclusiva que concedeu até agora e, ao que parece, na única que dará durante a Copa, segundo já avisou o departamento de imprensa da Federação Espanhola. Nessa mesma entrevista, deixou uma coisa clara: "Sou brasileiro, sempre serei brasileiro e mantenho os costumes de um brasileiro, mas quero ganhar a Copa com a Espanha". Dias antes, ainda em Washington, ele reprovou a ideia do diário AS de posar para uma foto com uma bandeira da Espanha.
"Meus pais estão felizes por me verem com a Espanha na Copa, porque eu fico mais perto de casa", disse Costa na terça-feira, quando deu entrevista coletiva ao lado de Busquets. "Muita gente aqui entendeu minha decisão e me trata de maneira especial", insiste o jogador, quase desconhecido da torcida local, a ponto de Del Bosque ter de explicar quem é ele. "Não é de se estranhar que na Espanha ele seja mais conhecido, porque a formação dele foi ali, onde ele já joga há muitos anos. É um garoto com personalidade, ajuda muito a equipe e teve méritos suficientes para estar aqui conosco", disse o técnico espanhol.
"Prefiro ter a Costa do meu lado, em campo e, especialmente, na concentração", afirma o treinador. "Tínhamos muito boas referências dele e elas se confirmaram", disse Busquets. "Eu já o conhecia. O único problema que ele poderia ter era físico, mas, sinceramente, noto que ele está bem. Caso contrário, ele seria o primeiro a avisar o treinador", acrescentou.
Costa tornou-se amigo inseparável de Sergio Ramos, com quem já havia se estranhado, mas que agora considera um irmão. É normal que, no fim dos treinamentos, eles se desafiem para ver qual dos dois acerta mais bolas no travessão, desde o meio-campo. Ramos sempre vence.
Costa tem 163 minutos jogados com a seleção da Espanha e ainda não marcou gols. "Os gols chegarão na Copa", disse, depois de quase marcar contra El Salvador. O que não está muito claro é se ele será titular. Ele disputa posição com Fernando Torres e David Villa, que tem certeza de que o companheiro de Atlético poderá ajudar muito. "Ele fez uma grande temporada. É diferente de todos que estamos aqui. Tem ótima finalização e muita vontade. Também tem uma fome enorme para construir seu nome no futebol e por ser um jogador lendário". Palavra do "Guaje".
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.