O crescimento da Alemanha compensa o freio da França e da Itália na zona do euro
O PIB da zona do euro conserva seu ritmo de avanço, com alta de 0,2% no primeiro trimestre A Espanha é o segundo país da União Monetária em crescimento, com 0,4% Draghi prepara medidas, apesar da divisão na cúpula do BCE
O avanço repentino da Alemanha, cujo PIB cresceu 0,8% no primeiro trimestre, conseguiu compensar pela freada da França e Itália, conservando o ritmo de crescimento da zona do euro. Como informou a Eurostat nesta quinta-feira, a economia dos 18 países que compartilham o euro cresceu 0,2% em relação ao final de 2013, repetindo sua taxa de crescimento. No balanço dos 18 países membros também se destaca a recuperação de atividade da Espanha, que, com crescimento de 0,4%, torna-se o segundo país da zona do euro que mais cresceu neste período.
A Alemanha e a Espanha duplicaram seu crescimento trimestral no início do ano. Diante dessa evolução positiva, a economia francesa estacionou no primeiro trimestre deste ano (0,0%, contra um crescimento de 0,2% no último trimestre de 2013) e terá mais dificuldade em se reativar, na medida em que acabam de ser aprovados mais cortes impostos pelo déficit. Entre janeiro e março o consumo familiar voltou a entrar em terreno negativo, os investimentos continuaram em baixa e o setor externo subtraiu do conjunto da economia. Enquanto isso, o PIB da Itália sofreu contração de 0,1% (tinha crescido 0,1% no trimestre anterior).
No extremo oposto, os piores dados se observam na Holanda (cuja economia passa de um crescimento de 1% no último trimestre de 2013 para uma contração de 1,4% entre janeiro e março), Estônia (-1,2%), Chipre e Portugal (-0,7%) e Finlândia (-0,4%).
Além desses dados relativos ao PIB, a Eurostat também publicou hoje os detalhes sobre a inflação de abril. No mês passado o IPCA da zona do euro subiu 0,7%, o que supõe uma alta de dois décimos sobre o de março, mas ainda insuficiente para conter os temores de deflação. Os dois indicadores terão um papel importante antes da esperada reunião do BCE em junho, quando o instituto emissor deve anunciar novas medidas para reanimar a inflação, frear a escalada do euro e garantir a recuperação incipiente.
Em relação a como o crescimento do PIB vai influir sobre o ânimo do BCE, o cenário apresentado pela Eurostat dá razões tanto a Mario Draghi, o presidente do banco, quanto à oposição interna da Alemanha para ativar as medidas de ajuda. Na cúpula do BCE, o representante do Bundesbank alemão encara com receio os movimentos menos convencionais propostos pelo economista italiano. Em concreto, a compra de títulos de dívida ao estilo do que fazem o Federal Reserve dos Estados Unidos ou o Banco Central da Inglaterra.
Mas nem tudo brilha na locomotiva europeia. O crescimento que a Alemanha teve no primeiro trimestre também mostra que ela não está imune à situação de seus vizinhos. Assim, se por um lado aumenta o consumo doméstico e público, principal motor do PIB, ao lado dos investimentos na construção e nos equipamentos, o comércio exterior é freado pela queda das vendas no exterior.
No conjunto da UE, a taxa de crescimento no primeiro semestre foi de 0,3%, abaixo dos 0,4% registrados entre outubro e dezembro de 2013. As maiores taxas de crescimento entre os dois países para os quais há dados disponíveis correspondem à Hungria e Polônia (ambos com 1,1%), seguidos pelo Reino Unido (que cresce ao mesmo ritmo de 0,8% que a Alemanha).
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