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CAMPEONATO ESPANHOL

O Atlético de Madri se choca contra si mesmo

O time alvirrubro perde para um Levante sustentado pelas defesas de Keylor Navas e, faltando receber o Málaga e visitar o Barça, não pode mais tropeçar para conquistar o título espanhol

Ladislao J. Moñino
Os jogadores do Levante comemoram o segundo gol.
Os jogadores do Levante comemoram o segundo gol.Kai Försterling (EFE)

Um gol contra, um contra-ataque, uma arma muito utilizada pelo líder, e um goleiro esplendoroso, Keylor Navas, complicaram o Atlético na Liga. A partida teve todos esses elementos que geraram tanta literatura ao clube alvirrubro. Incluída essa tendência de passar por maus momentos contra equipes que se comportam com seus mesmos movimentos. O final da partida também teve imagens que falam de um campeonato tão tenso como emocional. Diop decidiu dançar em frente à torcida do Atlético (cerca de 9.000 torcedores) quando o árbitro apitou o fim da partida, após ouvir gritos de macaco, e se armou uma confusão em que Diego Costa apareceu como pacificador. Do mesmo corner onde aconteceu a confusão saíram os cânticos de incentivo para os jogadores do Atlético, enquanto os do Levante eram ovacionados pelos seus. A menos que o Real Madrid seja derrotado na quarta-feira contra o Valladolid em partida adiada, a derrota do Atlético muda o foco do desenlace final do campeonato para o Camp Nou, desde que o trio de líderes ganhe suas partidas da próxima rodada. O Barça, apesar de seu empate de sábado contra o Getafe, volta a estar na briga. Contudo, o Atlético depende de si mesmo em seus dois próximos jogos, contra o Málaga no Calderón e depois nessa visita ao Barça.

LEVANTE, 2 x ATLÉTICO, 0

Levante: Keylor Navas; Pedro López, Vyntra, Navarro, Juanfran; Rubén García (Sergio, min. 71), Diop, Simão, Sissoko (Ivanschitz, min. 59); Víctor Casadesus e Barral (Ángel, min. 81). Não utilizados: Jiménez; Rodas, Xumetra e Nikos.

Atlético: Courtois; Alderweireld, Miranda, Godín, Filipe Luis; Tiago, Gabi; Koke (Diego, min. 62), Raúl García (Arda Turan, min. 46), Villa (Adrián, min. 46); e Diego Costa. Não utilizados: Aranzubia; José Giménez, Mario Suárez e Insua.

Gols: 1-0, min. 7, Filipe Luis, gol contra; 2-0, min. 69, Barral.

Árbitro: González González. Mostrou cartão amarelo para Simão, Tiago, Godín e Arda Turan.

22.200 espectadores no Ciutat de València.

O Atlético caiu em um dia que nunca foi seu, salvo por esses cerca de 9.000 torcedores que se deslocaram para o que previam que fosse um passo definitivo para começar a comemorar o título. A torcida alvirrubra assistiu a sua equipe tropecar ocupando o campo adversário durante todo o segundo tempo, necessitando apenas de um empate que possibilitaria fazer as contas na calculadora com uma folga maior. Viu o time dobrar os joelhos diante de uma mudança de proposta radical no segundo tempo, buscando uma partida muito diferente à inicial, com Arda, Diego e Adrián em campo como remédios para uma primeira parte da qual saiu derrotado por um gol contra de Filipe Luis. Simeone ordenou essa pressão ambiciosa e conseguiu criar meia dúzia de ocasiões claras de gol, até que Barral concluísse o contra-ataque definitivo. Arda por duas vezes, Diego Costa e Adrián frente à frente com o gol perderam chances. Não foi a tarde do Atlético, e sim de Keylor Navas. Considerado junto a Courtois o melhor goleiro deste campeonato, seu voo no ângulo para salvar um chute de longe de Alderweireld que ganhou veneno após tocar em um defensor pode ser uma das imagens desta reta final da Liga. Os alvirrubros tentaram e tentaram, mas não encontraram o gol. A vantagem que tinha sobre seus perseguidores permitia ao time um tropeço. Já gastou essa munição. Agora restam duas partidas para tratar de culminar uma proeza que poderia ter conseguido em Valencia.

Duas faltas táticas recebidas no primeiro minuto avisaram ao Atlético que não iria encontrar um rival sonolento, apesar de já saber que será um time da primeira divisão na próxima temporada. Também a formação de Caparrós, com um meio-campo musculoso, foi outro sinal de que esperava um choque duro. Sissoko, Diop e Simao formaram um muro sólido por cima, por baixo, e nos rebotes. O trio representou essa cópia que se diz que o Levante é do Atlético. O gol contra de Filipe Luis, ao desviar um corner cobrado por Diop da direita, acentuou ainda mais essas similaridades e a complexidade do encontro para o líder. Foi o quarto gol contra dos alvirrubros. O gol obrigou a equipe a jogar durante mais de uma hora com essa tensão que surge da obrigação de ganhar quando uma Liga está em jogo. Com o relógio pesando no estômago, na cabeça e nas pernas.

Um gol contra, um contra-ataque e um grande goleiro frearam o líder

O Atlético quis sair dessa emboscada física e de redução de espaços pela via direta. Com muitas bolas longas buscando que Diego Costa rompesse em velocidade David Navarro, com quem travou um duelo acirrado em cada bola disputada. Koke encontrou buracos entre os zagueiros nesses lançamentos longos. Dois deles foram cortados pelo bandeirinha ao marcar dois impedimentos rigorosos de Costa. Em outro, Raúl García conseguiu dominar de costas na marca do pênalti e girar, mas encontrou Keylor Navas, que encurtou o espaço adiantando-se e defendeu o chute, cujo rebote Villa mandou por cima do gol. O líder não conseguiu criar mais nesse primeiro tempo, salvo um chute de Alderweireld desviado por Keylor Navas. O Atlético fez de menos diante do transbordamento e da profundidade de Juanfran. Na trama ofensiva de Simeone, os laterais, ao jogar centralizados como meias, são fundamentais. O efeito dessa baixa foi similar ao que ocorreu quando Filipe Luis estava ausente.

O Atlético não conseguiu se recuperar do primeiro gol, apesar da pressão contínua que impôs no segundo tempo. Não encontrou a meta, mas sim uma equipe que é sua cópia e um goleiro que aponta para uma equipe grande. O Atlético precisará continuar sofrendo para ganhar a Liga.

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