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Kerry adverte Lavrov das consequências de desestabilizar a Ucrânia

Os dois dirigentes começam negociações diretas que incluem EUA, Rússia, Ucrânia e a União Europeia no prazo de 10 dias

Eva Saiz
John Kerry e Serguéi Lavrov durante seu encontro em Paris.
John Kerry e Serguéi Lavrov durante seu encontro em Paris.MARTIAL TREZZINI (EFE)

Com a intenção de que as manifestações a favor da Rússia deste fim de semana em várias das principais cidades do leste da Ucrânia não se convertam no prelúdio de outra Crimeia, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, chamou o seu par russo, Serguéi Lavrov, para adverti-lo das consequências de uma nova incursão militar no país vizinho. Kerry, no entanto, deixou aberta a porta para a diplomacia e os dois dirigentes concordaram em convocar nos próximos dez dias uma reunião para resolver a crise que também inclui a Ucrânia e a União Europeia, segundo anunciou nesta segunda-feira o Departamento de Estado.

A advertência de Kerry é similar à feita pela Casa Branca ao Kremlin. “Pedimos ao presidente Putin e a seu Governo que não desestabilizem a Ucrânia e lhes prevenimos contra futuras intervenções militares”, assinalou nesta manhã o porta-voz da presidência, Jay Carney. As consequências de uma nova incursão de tropas se traduzirão em outra rodada, explicou Carney. As novas medidas poderiam afetar setores importantes da economia russa, como a indústria petrolífera ou o gás, mas a o Governo não especificou o alcance das medidas.

O secretário de Estado pôs em dúvida, além disso, a “espontaneidad” desses protestos, fazendo-se eco das denúncias de Kiev

De acordo com o Departamento de Estado, Kerry pediu a Lavrov que a Rússia “recuse publicamente as ações dos separatistas, provocadores e sabotadores”, em alusão às manifestações do passado domingo nas cidades ucranianas de Kharkiv, Luhansk e Donetsk nas quais ativistas pró-rusos tomaram vários edifícios governamentais exigindo a celebração de um referendo separatista. O secretário de Estado colocou em dúvida a “espontaneidade” desses protestos, reforçando as denúncias de Kiev. "Mostrei [a Lavrov] que parecia uma campanha cuidadosamente orquestrada com o apoio da Rússia”, indicou a porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki.

Durante a intervenção militar da Crimeia, o Kremlin foi acusado de enviar cidadãos russos para inflar a magnitude do apoio. O porta-voz da Casa Branca assinalou nesta segunda-feira que há “provas contundentes” que “sugerem que forças alheias, não locais, tomaram parte na criação destas provocações”.

Com isso, os EUA seguem apostando no diálogo para mitigar a tensão e tratar de buscar uma solução negociada para a crise. O Departamento de Estado anunciou que Kerry e Lavrov consentiram em iniciar nos próximos dez dias uma rodada de negociações diretas que incluam os EUA, Rússia, Ucrania e a União Europeia para buscar diminuir a tensão na zona. Seu encontro imprevisto de Paris há uma semana não conseguiu avanços concretos, embora ambos os dirigentes tenham tentado a via diplomática. Desde então, os dois mandatários mantiveram conversas fluídas para tratar de aproximar as posturas. Washington pede a retirada de todas as tropas russas da Ucrânia e da fronteira, um controle internacional da situação e conversas diretas entre Kiev e do Kremlin; Moscou a federalização do país vizinho.

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