Nada os faz desempatar
Barça e Atlético se igualam de novo em uma partida tensa e impossível para Messi, frente a um grande Godín Neymar, depois de um ótimo passe de Iniesta, dá o troco ao gol do seu compatriota Diego Ribas Diego Costa, com uma pontada no bíceps, e Piqué, com uma lesão pélvica, saem contundidos
Nada faz Barça e Atlético desempatarem. Ninguém se surpreenderá se a sua disputa na Champions for resolvida pelo saldo de gols, como na Supercopa. E até pode ser que a Liga precise de uma prorrogação na última partida, a ser disputada no Camp Nou. Os duelos de ambas as equipes são um livro aberto, extremamente equilibrados, tensos psicologicamente e tensos futebolisticamente, muitas vezes resolvidos por um detalhe, e até agora impossíveis para Messi. Não há modo de o 10 comparecer. A figura de Messi mingua na mesma proporção em que cresce a de Godín. Uma imagem que abençoa as aspirações do Atlético frente às do Barcelona.
Martino também foi vencido em relação ao seu compatriota Simeone. Os azuis-grenás fracassaram a começar pela simetria, hipnotizados por seu próprio futebol-controle, podados diante do Atlético. O Barça precisou sofrer um gol para recuperar sua identidade, abandonar a contemporização e se entregar à aventura, ontem liderada por Neymar, um jogador que tem tanta vontade de triunfar quanto os rapazes de Simeone. O atrevimento do brasileiro e o risco coletivo garantiram o empate ao Barça, fazendo o time pressentir que, com uma postura ofensiva, poderá ser competitivo no Calderón, brigando por uma liderança que hoje está nas mãos do Atlético.
BARCELONA 1 x 1 ATLÉTICO
Barcelona: Pinto; Alves, Piqué (Bartra, min. 12), Mascherano, Jordi Alba; Xavi, Busquets, Cesc (Alexis, min. 68); Neymar, Messi e Iniesta. Não utilizados: Oier; Adriano, Song, Sergi Roberto e Pedro.
Atlético: Courtois; Juanfran, Godín, Miranda, Filipe Luis; Gabi, Tiago; Arda Turan (Cristian Rodríguez, min. 77), Villa (Sosa, min. 70), Koke; e Diego Costa (Diego Ribas, min. 30). Não utilizados: Aranzubia; Alderweireld, Insúa e Mario Suárez.
Gols: 0 x 1, min. 56, Diego Ribas; 1 x 1, min. 72, Neymar.
Árbitro: Felix Brych (Alemanha). Mostrou cartão amarelo a Koke, Gabi, Arda Turan, Juanfran, Iniesta, Jordi Alba, Diego Ribas e Sosa.
Camp Nou. 79.941 espectadores.
Talvez por já se conhecerem bem, e pela necessidade de surpreender o rival, a impressão foi de que os dois treinadores tentavam jogar partidas diferentes a partir das escalações, mais inesperada a do Atlético. Simeone apostou em revigorar a espinha dorsal com Tiago e reforçou a frente com um segundo atacante: claro que Diego Costa estava em campo, e Villa ao seu lado. Nada melhor para combater o fator campo do que apelar para a via emocional apresentada pelo Guaje. O Atlético queria marcar, e afinal alcançou o gol da forma mais esperada, depois de o treinador ser obrigado a alterar o plano inicial em decorrência da lesão de Diego Costa, recorrendo então ao reserva dos dois atacantes titulares: o também brasileiro Diego Ribas.
Frente a um Atlético crescido desde o apito inicial, o Barça levou dois minutos e meio para sair do seu campo de defesa e uma hora para descobrir que a partida lhe convinha, apesar da confusão de uma receita que envolvia quatro meio-campistas: Xavi, Busquets, Iniesta e Cesc. O time não encontrava a linha de passe, estava errático nas devoluções de Pinto e à mercê do gatilho de Villa, que desperdiçou duas conclusões antes de ser substituído por Sosa. Os alvirrubros pressionavam muito o goleiro, e os volantes do Barça – nunca antes escalados juntos contra o Atlético – não se achavam em campo. A fórmula que havia funcionado nas rodadas mais duras, contra o City e no Bernabéu, foi inócua diante do muro plantado por Simeone.
A partida chegou a ficar dramática para o Barcelona. A saída de bola com Pinto era tão falha que se transformava em passe para o Atlético. Faltou luz, e Piqué sofreu uma lesão na pélvis. Veio a lembrança da eliminatória contra o Bayern, até que Bartra tomou a bola de Diego Costa. A partir do gesto do zagueiro, estupendo no cruzamento e na marcação, o Barcelona cresceu um pouco, e o Atlético recuou. Neymar mirou em cima de Courtois, e o bloqueio de Godín impediu um chute a gol de Iniesta, servido por Messi, que esteve reduzido pela defesa solidária de um Atlético reiterativo nas faltas táticas, viril em campo.
O Atlético fechava muito bem por dentro, e o Barça tinha dificuldade em atacar por fora. Embora os lapsos fossem mínimos, a partida parecia se inclinar a favor dos azuis-grenás, enquanto o Atlético se recompunha após a nova lesão de Diego Costa, desta vez um problema muscular na coxa direita, que o levou a ser substituído pelo outro Diego. Embora tenha perdido em intimidação, foi do Atlético o último arremate antes do intervalo, de novo protagonizado por Villa e muito bem resolvido por Pinto. A partida exigia uma mudança de andamento por parte do Barça, muito raso, com indigestão pelo excesso de recursos.
Neymar se empenhou para não ser substituído por Martino, num esquema tático tão valente quanto irrelevante, bem anulado pelo Atlético
Neymar se empenhou para não ser substituído por Martino, num esquema tático tão valente quanto irrelevante, bem anulado pelo Atlético. Iniesta e Messi não se comunicavam, enquanto o time de Simeone achou um gol surpreendente de Diego Ribas. O brasileiro emendou um arremate de 30 metros depois de uma falta cobrada curta. A bola entrou pelo ângulo esquerdo de Pinto, que chegou atrasado. A resposta do Barcelona, entretanto, foi imediata, já que o time se corrigiu com a entrada de Alexis, substituindo o supérfluo Cesc.
Com o campo aberto pelas duas laterais, Iniesta pôde finalmente infiltrar o passe e servir Neymar, mais à vontade partindo pela esquerda e letal com seu arremate cruzado de direita. A partir do arrebatamento, finalmente reconhecível, bem posicionado a partir de Busquets, o Barcelona exibiu um momento de futebol estupendo. Mais bem colocado em campo, até Messi reapareceu. Leo se somou à ofensiva e, numa bola parada, exigiu muito de Courtois. As reações do goleiro belga foram estupendas, para sorte do Atlético, mais preocupado em anular o inconformista Neymar do que em chegar ao gol de Pinto.
O final projeta uma nova partida para o Calderón. O Barcelona precisa de gols, e pode ser que nada importe ao Atlético, irredutível inclusive sem Diego Costa. Haverá fila para ver o jogo de volta depois do quarto empate consecutivo, no Camp Nou. Independentemente do resultado, nunca falta suspense e emoção à trama dos Atlético x Barcelona.
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