A despedida a Suárez reúne todos os presidentes e forças políticas
O Rei e o Príncipe destacam no Congresso "a grande perda para a Espanha" Na terça-feira se celebrará uma missa na catedral de Ávila, onde será enterrado o ex-presidente
O Congresso dos Deputados inaugurou os atos de homenagem a Adolfo Suárez com o espírito de consenso que marcou o projeto político do primeiro presidente da democracia. Todas as forças políticas, os ex-presidentes e vários mandatários foram nesta segunda-feira à Câmara baixa, onde antes das duas da tarde chegou o presidente da Generalitat, Artur Mas. O caixão do ex-chefe do Executivo chegou à Câmara baixa às dez, recebido pelas autoridades do Estado encabeçadas pelo chefe do Executivo, Mariano Rajoy. Todos os porta-vozes parlamentares, os membros das Mesas do Congresso e do Senado e os presidentes dos órgãos constitucionais aguardaram no salão dos Passos Perdidos a chegada dos Reis da Espanha e da infanta Elena, que fizeram sua entrada às 10.30 em ponto, os três vestidos de rigoroso luto.
Depois do presidente do Governo e os presidentes do Congresso e do Senado, a primeira saudação foi feito pelos ex-presidentes Felipe González, José María Aznar e José Luis Rodríguez Zapatero. Os três entraram dem carro no Pátio da rua Floridablanca, onde os esperavam Rajoy, e sua esposa, Elvira Fernández, os presidentes do Congresso e do Senado, Jesús Posada e Pío García Escudero, e os do Poder Judiciário: o presidente do Tribunal Supremo e do Conselho Geral do Poder Judiciário, Carlos Lesmes, e o do Tribunal Constitucional, Francisco Pérez de los Cobos. Os Príncipes chegaram pouco antes das três da tarde, procedentes da base de Torrejón, já que esta manhã voaram a Bilbao junto a Soraya Sáenz de Santamaría para assistir ao funeral de Iñaki Azkuna. Na porta da Câmara, foram recebidos o presidente Jesús Posada e o número dois do Executivo. Dom Felipe e dona Letizia deram os pêsames à família e permaneceram uns vinte minutos na capela ardente à qual continuavam entrando os cidadãos espanhois que foram se despedir do ex-presidente. "É uma grande perda para a Espanha; há que agradecer-lhe tudo", disse o Príncipe ao deixar o Congresso junto à Princesa.
No meio do salão está exposto, e aí ficará até amanhã às dez da manhã, o caixão de um dos pais da democracia espanhola, sobre o qual se estendeu uma bandeira de Espanha. As paredes da sala estão estofadas de coroas de flores de todas as instituições. Às 9.30 o Governo celebrou um Conselho de Ministros extraordinário para aprovar a concessão do Colar de Carlos III ao primeiro presidente da democracia (1976-1981).
Foi o Rei quem colocou o colar, a máxima condecoração que concede o Governo, sobre o caixão. O filho mais velho de Suárez, por sua vez, levou o Toisón de Oro, máxima condecoraçãon da Casa del Rey, que dom Juan Carlos entregou pessoalmente ao ex-presidente em 2008. Esta condecoração não se herda, e uma vez se feche a capela ardente voltará a La Zarzuela. O Monarca expressou ontem em uma mensagem de vídeo sua "grande dor" e "permanente gratidão" para Adolfo Suárez. Também hoje, antes de deixar o Congresso lamentou a morte de seu "amigo leal": "É uma grande pena", disse antes de entrar no carro e regressar a La Zarzuela. Os Reis e a Infanta Elena, que enviaram, como os Príncipes, três coroas de flores ao Congresso, permaneceram uns 25 minutos na capela ardente, onde deram os pêsames aos filhos do ex-presidente. A infanta Cristina, apartada da vida oficial da Casa do Rei desde a imputação de seu marido no caso Nóos, não acompanhou aos Reis. La Zarzuela suspendeu todos seus atos institucionais durante os três dias de luto oficial pela morte de Suárez. De fato, os reis de Bélgica, que tinham previsto viajar à Espanha nesta terça-feira, adiaram sua visita. Na próxima segunda-feira assistirão ao funeral de Estado.
O público, várias centenas de pessoas, em sua maioria mulheres, entre os que se contam numerosos jovens, está acedendo à capela ardente do Congresso, através da Puerta dos Leões, desde o meio dia.
O protocolo dos atos, que o Parlamento, La Moncloa e La Zarzuela preparam desde o sábado, contempla o traslado do caixão na terça-feira pela manhã até a catedral de Ávila, onde se celebrará uma missa córpore insepulto. Posteriormente, Suárez será enterrado no claustro da catedral próximo do presidente do Governo no exílio durante a II República, Claudio Sánchez-Albornoz, e até ali se trasladarão os restos de sua esposa, Amparo Illana, falecida em 2001.
O Boletim Oficial do Estado publicou nesta segunda-feira o decreto que declara três dias de luto oficial, no que se aplicará o protocolo habitual, pelo que até a quarta-feira todas as bandeiras dos edifícios públicos ficarão hasteadas a meio mastro.
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