Messi supera o ‘Romperredes’
O argentino já é o maior goleador do Barça, com 371 gols, dois a mais que Alcântara
Às cinco em ponto da tarde no Camp Nou guardou-se um minuto de silêncio em memória de Flotats, um mítico ex-jogador do Barcelona das Cinco Copas falecido na terça-feira passada. A tarde era estranha porque pela primeira vez o Barça jogou às cinco, que resultou reconhecível desde a mesma presença de Pedro e Alexis como extremos para acompanhar Messi, que demorou 17 minutos para conseguir o gol que o igualava a outro mito, Paulino Alcântara, jogador nascido nas Filipinas que marcou 369 gols em 357 partidas (229 tentos em 223 amistosos) entre 1912 e 1927. No minuto 17 da segunda parte, Leo Messi o superou e faltando três minutos para o final, assinou o hat trick e superou a si mesmo como o máximo goleador realizador do clube.
“Não se trata de que jogador marque ou que sistemas utilizemos senão de que, os que estejamos no campo, dêmos todo e tenhamos atitude, com extremos e sem extremos”, disse Messi. “É mais importante o bom jogo da equipe e a vitória que o recorde, do qual me sinto muito orgulhoso”.
“Há momentos que no futebol deveria ser parado um minuto ou meio para ovacionar a alguém como a Leo por seus resultados. Parece-me que algum gol fará mais com a camisa do Barça”, ironizou Zubizarreta. “Nem penso. Vou dia a dia e passo a passo. E virá o que tenha que vir”, respondeu Messi, que está a dois tentos de Hugo Sánchez e a 17 de Zarra, os dois máximos goleadores na história da Liga.
“Alcântara? O importante é que esta equipe siga fazendo história, este grupo vem fazendo coisas impressionantes, ganhando tudo e merece seguir conseguindo coisas importantes”, sentenciou Messi no Barça TV. “Sabia que estava pertinho de Alcântara. Passaram muitos anos para superá-lo e talvez passarão muitos agora”. O atacante argentino se referiu a seu estado de forma. “Vou apanhando ritmo e confiança, a lesão está esquecida. Ninguém gosta de perder partidas, mas me veio bem a parada (na Argentina) para me preparar bem fisicamente e desligar de tudo o que significa jogar no Barcelona”.
Leio: “O importante é que esta equipe vem ganhando tudo e merece seguir assim”
Há 87 anos, no clube azul-grená as coisas eram certamente diferentes, mas igual de paixões. Com a mesma devoção que ontem 2.949 crianças foram a ver a equipe do Tata Martino, faziam naqueles anos do desenvolvimento industrial de Barcelona os quase seis mil espectadores que se acercavam ao campo da rua París, antes rua da Indústria, para ver o Barcelona joga. Alcântara também jogou no campo de Les Corts e chegou a marcar sete gols em uma partida do Campeonato de Catalunha.
Na época de Paulino, ao que apelidaram Romperredes, tinha menos estrangeiros que agora, a maioria no palco; ontem dos 71.764 espectadores, muitos o eram. O estádio apresentou uma excelente entrada para acompanhar o bom jogo da equipe e aplaudir o novo recorde de Messi. Era horário que antigamente era do café, xícara e charuto, mas só nisso, na hora, pareceu o jogo de ontem a essas tardes em branco e preto de não faz tanto tempo assim; no minuto zero a cor da camiseta do Osasuna devolveu a partida ao futebol moderno e, além disso, faz tempo que não cheira a fumaça no Camp Nou. Em épocas de Alcântara fumava-se bons charutos, quem podia.
O compromisso da equipe foi inequívoco. O Barça não buscou Messi para que superasse Alcântara, simplesmente o encontraram, como o encontrou Carles Naval, o delegado, para lhe dar a bola da partida, enquanto pelo alto-falante, a voz do Camp Nou desde a sua inauguração, Manel Vic, ressoava com um rotundo “Gracias, Leo”. Nunca é fácil, com Leo parece tantas vezes. “Parece-me que sobram as palavras. Vejo-lhe dia a dia, seguirá batendo recordes”, comentou Martino. “Eu já não sei o que dizer dele. Aproveitemos. É um privilégio jogar com ele”, reconheceu Mascherano. Messi superou outro recorde; desta vez já era o seu. Como disse Mascherano, pela primeira vez “se superou a si mesmo”.
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