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Análise

Apertem os cintos

Este é o percurso mais imprescindível dos últimos anos pelas mudanças nos pneus, na aerodinâmica e no motor

Os mecânicos da Lotus preparam o carro de Maldonado.
Os mecânicos da Lotus preparam o carro de Maldonado.Paul Crock (AFP)

Apertem os cintos e preparem-se para uma temporada que deve ser agitada. Talvez a mais imprescindível dos últimos anos. Eu faria coro à lista de mudanças em três partes: os pneus, a aerodinâmica e o motor. No caso dos pneus, gostaria de sair em favor da Pirelli, que ultimamente foi atacada de todos os lados sem que merecesse. Mais uma vez, o fabricante teve que produzir as borrachas a partir da teoria pela incapacidade das escuderias manifestada na hora de entrar em acordo e estabelecer um calendário de teste.

De qualquer forma, as novidades mais significativas são na aerodinâmica e nos motores. Quanto ao primeiro item, meus cálculos apontam que os novos carros de corrida perderão ao redor de 10% da aerodinâmica que geravam no ano passado, e isso significa que serão menos estáveis. Aí desempenhará um papel fundamental a experiência de uns e outros, e já se sabe que a Red Bull, com Adrian Newey na liderança, tem muita. Será preciso ver as propostas que surgem para resolver as limitações que afetam as válvulas. Nas últimas temporadas, os engenheiros conseguiram tirar proveito aerodinâmico dirigindo os gases das válvulas para o difusor, algo que hoje não é mais permitido. A partir de agora, terá uma única saída, maior e centrada.

Os novos carros de corrida perderão ao redor de 10% da aerodinâmica que geravam no ano passado, e isso significa que serão menos estáveis

À margem destes dois pontos, o elemento mais chamativo desta nova F1 é a entrada em cena dos  turbos, de 1,6 litros de cilindrada. Passamos de uma unidade que pesava 95 quilos a outra que pesa 155, circunstância que fez com que o peso mínimo dos carros aumentesse até os 690 quilos (48 quilos mais). A potência foi reduzida em 150 cavalos (de 750 a 600). Outro dos aspectos relacionados que deverá ser levado em conta é a limitação do tanque de combustível para 100 quilos por carreira, cerca de 60 a menos do que era consumido. Se ultimamente havia pilotos que se queixavam por ter que levantar o pé do acelerador para poder chegar ao final da prova com os pneus em bom estado, agora terão que fazer isso também para não ficar sem combustível. Ao sistema de recuperação de energia cinética (KERS), que oferecia 80 cavalos de potência extra durante seis segundos, é somado agora o ERS, um mecanismo que aproveita a sobrepressão do turbo e a armazena. Os pilotos vão dispor agora do empurre duplo (160 cavalos) durante bem mais tempo (33 segundos).

A confiança será mais decisiva do que nunca, basicamente porque saímos de uma era em que muitos componentes, como por exemplo os motores, tinham praticamente congelado seu desenvolvimento. Além disso, a cada piloto poderá empregar um máximo de cinco ao longo de todo o curso, quando até agora o limite era de oito. Contudo, mergulhamos em uma F1 bem mais eficiente, uma característica que gosto especialmente porque será bem mais útil diante do futuro do carro de rua.

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