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CRISE ECONÔMICA

A Comissão Europeia aponta a Itália como o novo doente do euro

Bruxelas tira a Espanha do grupo de países com desequilíbrios excessivos O Executivo comum mantém no último vagão do trem a Itália, Eslovênia y Croácia Rehn reclama à Alemanha estímulos à demanda e investimentos

Claudi Pérez
Vários produtos à venda em uma loja de souvernirs em Roma.
Vários produtos à venda em uma loja de souvernirs em Roma.Alessia Pierdomenico (Bloomberg)

O doente mais preocupante de Europa já não é a Espanha: é a Itália. A Comissão Europeia apresentou sua análise sobre os desequilíbrios macroeconômicos da zona do euro, na qual a Espanha sai do grupo de países com desajustes excessivos. Esse pelotão de atrasados está formado agora pela Itália, Eslovênia (que repete o status por seus sérios problemas no sistema bancário) e Croácia (que acaba de entrar na UE e tem já severas dificuldades). A Itália, a terceira economia do euro, recebe assim um sobressalente puxão de orelhas: Roma deve resolver “seus elevados níveis de dívida pública e privada e sua débil competitividade exterior”, resume o relatório.

As promessas de reformas nunca cumpridas por Mario Monti e Enrico Letta e o longo estancamento da economia italiana preocupam Bruxelas: a Comissão pressiona Roma e seu novo primeiro-ministro, Matteo Renzi, a dar início a “medidas urgentes e decididas para reduzir os riscos” do elevadíssimo endividamento público (em torno do 130% do PIB) e do escasso incremento de produtividade, “para reduzir o risco de efeitos adversos sobre a economia italiana e da zona do euro”. Renzi, que elegeu Túnez como primeiro destino depois de desbancar Letta, marcou como prioridade uma reforma eleitoral, e pretende deixar as reformas econômicas para mais adiante. Mas já sente a pressão de Bruxelas.

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A zona euro está saindo lentamente da crise. Eurostat acaba de anunciar que o PIB do euro caiu  0,5% no ano passado, uma décima mais que o previsto pelas projeções da Comissão há apenas dez dias. A saída do túnel é tão lenta e está tão ameaçada que quase todo o relatório da Comissão está marcado por uma longa ladainha de riscos, variados como as cores no balcão de uma quitanda. A banca, as tensões desinflacionárias, a altíssima dívida, os níveis alarmantes de desemprego, a dificuldade para soltar o lastro: há um sem número de fatores que podem descarrilar o trem da recuperação. Começando pelos quatro grandes países. Bruxelas pede à Espanha novos esforços fiscais e a enésima reforma trabalhista.

Na França e na Itália ela clama, basicamente, por reformas e consolidação fiscal. Mas, atenção: nem mesmo a Alemanha está fazendo os deveres. Bruxelas volta a insistir com a Alemanha, que se repete dentro do grupo de países com desequilíbrios, apesar de estar vivendo uma crise mais doce: Berlim “deve fortalecer sua demanda doméstica e as perspectivas de crescimento no médio prazo”, segundo a recomendação de Bruxelas, que já levantou (a possibilidade de) bolhas na Alemanha há alguns meses quando assinalou que seu excessivo superávit comercial (acima do 6% do PIB) é um problema maiúsculo para o ajuste da economia europeia.

A Alemanha deu tímidos passos depois das eleições e da grande coalizão liderada por Angela Merkel. Bruxelas coloca deveres para a toda poderosa chanceler: o elevado superávit vai em detrimento da demanda interna e da capacidade investidora, algo que no médio e longo prazo pode trazer problemas. A Comissão vê a Alemanha “crescentemente dependente da demanda externa”, critica “os baixos níveis de investimento” —que estão na fila da Europa— e assegura que o exiguo acréscimo do consumo privado “contribui para as modestas perspetivas de crescimento” alemãs. Sempre com luva de seda, a Comissão — que sublinha que não é tão danoso o superávit como o déficit comercial— reclama a Berlim medidas para estimular a demanda interna: em uma palavra, investimentos, algo que pode soar como anátema em um país obcecado em conseguir superávits fiscais.

Mas a Itália é, definitivamente, a nova fronteira dos problemas na Europa, como um dia o foi a Espanha e seu resgate à banca. Bruxelas adverte e repreende a Itália uma e outra vez no relatório sobre desequilíbrios macroeconômicos. Com a dureza que costumava reservar para a Espanha, a Comissão lança um duro aviso ao novo Governo de Matteo Renzi: “A Itália tem que abordar com urgência os problemas derivados do alto nível de dívida pública e a frágil competitividade externa”.

“A elevada dívida pública supõe uma pesada carga para a economia, designadamente no contexto de um crescimento cronicamente débil e uma inflação contida. O desafio é alcançar e manter be, altos os superávits primários —acima das médias históricas— e um forte crescimento do PIB durante um período prolongado, para reduzir a razão entre a dívida e o PIB”, segundo o relatório. A equipe do vice-presidente Olli Rehn antecipa que espera reformas e cortes para logo, ou seja, neste ano: “O ajuste estrutural em 2014 é insuficiente, dada a necessidade de reduzir a grande proporção de dívida pública a um ritmo adequado”.

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