_
_
_
_
Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Alto risco na Ucrânia

A rejeição de Putin ao Governo de Kiev e a volátil situação de Crimeia constituem um coquetel explosivo

Nem a revolução na Ucrânia acabou, nem sequer está claro o significado de seu desenlace, apesar da destituição de Yanukovich e da instauração em Kiev de um presidente e um Governo provisórios. A declaração de Moscou ontem considerando que o novo Governo não é de unidade nacional, o alerta fronteiriço das tropas russas ou a ocupação do Parlamento de Crimeia por homens pró-Rússia armados são outros tantos sinais de até que ponto é possível o regresso ao caos ou uma desastrosa secessão violenta.

Editoriais anteriores

Os acontecimentos ilustram uma clara estratégia de pressão do Kremlin. Sua definitiva desqualificação do Governo de Kiev é mais grave por reproduzir, em termos idênticos, os empregados anteriormente pelo ladrão de poder Yanukovich, que apesar de seus crimes sangrentos denuncia como extremista o Executivo Yatseniuk. A realidade é que esse Governo de vida necessariamente breve, aprovado à força pelo Maidan, é um feito de Yulia Timoshenko. Tanto o presidente interino, Turchinov, como o primeiro-ministro são homens da questionada e outrora heroica Revolução Laranja. Com a ajuda da UE e dos EUA, esse Governo deverá adotar imediatas medidas econômicas destinadas evitar uma fulminante bancarrota. Em sua vertigem atual, o país não está em condições de adquirir e manter outros compromissos em médio prazo, imprescindíveis para sua estabilidade.

Na Ucrânia convergem elementos de um cocktail explosivo. A revolução cívica liquidou alguns dos aspectos mais intoleráveis da realidade, mas a ordem pós-soviética vigente desde a independência não foi eliminada. O Maidan continua sendo um poder popular vigilante, mas embora fale por todo o país, não é o único ator nem representa o conjunto da dividida Ucrânia. Em algumas das zonas pro- Rússia onde se recusa a separação de Kiev, a possibilidade de secessão está viva. Crimeia, a península autônoma de maioria russa devolvida pela URSS só em 1954 e base da estratégica frota do Mar Negro, é o elo mais débil, mas não o único.

Em palcos tão voláteis e emocionalmente carregados, qualquer incidente pode desencadear uma situação fora de controle. Nada é mais urgente, como advertido ontem por Washington e pela OTAN, do que Moscou deixar de pretender obter vantagem dos acontecimentos. Putin deve tornar realidade sua promessa de cooperar com Ocidente para mitigar a crise de Ucrânia.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_