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Pequim declara pela primeira vez alerta laranja por poluição

É o segundo nível mais alto dos quatro estágios que formam o sistema implantado em outubro Os meteorologistas acreditam que o nevoeiro permanecerá por três dias

Periferia de Pequim sob uma nuvem de poluição, no dia 14 de fevereiro.
Periferia de Pequim sob uma nuvem de poluição, no dia 14 de fevereiro.EFE

Se não fosse pelos aplicativos dos smartphones que medem a qualidade do ar, e pelo cheiro que com frequência flutua no ambiente, qualquer um diria que Pequim é a cidade do nevoeiro eterno, quando, na verdade, ela se converteu nos últimos anos na cidade da poluição quase eterna, essa mistura de poluição, neblina e pó, que obrigou nesta sexta-feira 20 as autoridades decretarem, pela primeira vez, o alerta laranja —o segundo nível mais alto de um máximo de quatro— pela poluição. A decisão foi tomada porque se prevê que a situação de alerta dure ao menos três dias.

O alerta laranja orienta as escolas e creches a cancelarem as atividades esportivas ao ar livre, e que crianças e idosos que não saiam na rua, mas não suspende as aulas e nem proíbe de circular os veículos governamentais, medidas que estão reservadas para o alerta vermelho, o máximo. As autoridades aconselham as pessoas que deixem seus carros em casa.

O alerta foi decretado após as intensas críticas recebidas nos meios de comunicação estatais e as discussões na Internet por não solucionar um problema que piorou, inclusive, o número de casos de câncer de pulmão na capital, que dispararam em uma década. Aumentaram 59% —63,09 a cada 100.000 habitantes em 2011, diante dos 39,56 registrados em 2002—. Especialistas do Hospital do Câncer de Pequim afirmam que o câncer de pulmão está muito relacionado ao estilo de vida e que fumar continua sendo a causa principal, mas admitem que a contaminação é também um fator.

A concentração de partículas finas ou PM2,5 —aquelas que têm 2,5 mícrons ou menos de diâmetro— alcançou esta tarde 378 microgramas por metro cúbico, segundo as medições da embaixada dos Estados Unidos em Pequim. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aconselha um nível máximo de 25 microgramas. A Agência de Proteção do Meio Ambiente norte-americana considera valores acima de 300 como muito perigosos. Chegado a este nível, recomenda-se que nem sequer se ventilem as casas. No fim de semana passado, o índice superou 500.

As partículas PM2,5 são as mais danosas para a saúde, já que podem penetrar facilmente nos pulmões, chegar ao sangue e causar tumores ou câncer. A crise poluente está se agravando no inverno por causa das condições atmosféricas e do funcionamento das calefações.

A preocupação com a poluição na China ocorre, principalmente nas grandes cidades, e as autoridades tomaram medidas, que, por um lado, demorarão anos para fazer efeito, e, por outro, são implementadas às vezes de forma irregular a nível local, já que os responsáveis locais dependem com frequência dos impostos que recebem de empresas poluentes, e que, portanto, resistem a fechar.

O sistema de alerta foi introduzido em Pequim em outubro passado, mas desde então suas estritas medidas não eram aplicadas, apesar de que se produziram vários períodos de forte contaminação.

Há mais de um ano, a capital e outras cidades chinesas sofreram graus de poluição recorde, o que obrigou em várias ocasiões as autoridades a tomarem medidas de emergência, como paralisar fábricas, retirar carros da circulação, suspender as atividades escolares e pedir à população que não saia nas ruas a não ser que fosse totalmente necessário. Boa parte do problema é causado pela combustão de carvão em centrais térmicas e indústrias e pelo tráfego, mas isso vem piorando por fatores climáticos.

As medidas de emergência contempladas por Pequim incluem a retirada das ruas, a cada dia, da metade dos quatro milhões de carros particulares da capital quando a previsão da contaminação for grave. O sistema de rodízio se baseia no número da placa, par ou ímpar. Também se limitarão ou pararão a produção nas fábricas e a atividade nas obras, e se suspenderão as aulas. Estas medidas pontuais somam-se aos planos gerais. O Governo se comprometeu em setembro passado a reduzir em 25% o nível de poluentes atmosféricos na região de Pequim-Tianjin-Hebei, e mais de 10% a escala nacional, entre 2012 e 2017. 

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