Vallecas se entrega ao Atlético
Equipe de Simeone castiga a ingenuidade defensiva do Rayo (2 x 4), que perdeu um pênalti quando estava 0 x 1
Nos arredores do estádio, várias centenas de pessoas, vestidas com gorros vermelhos, protestavam pelo fechamento da fábrica da Coca-Cola. Enquanto, no interior, retumbava o estrondoso Ace of Space do Motorhead. O Vallecas é um território duro, onde não sobra um grama de ingenuidade, mas pouco correspondido por sua equipe, por todas as concessões feitas ao Atlético. Um gol de presente e um pênalti desperdiçado em menos de 15 minutos. Foi demais para conseguir competir a partir da ousadia plausível pregada por Paco Jémez. O Atlético deu um passeio pelo Vallecas, convidado por um rival com a guarda baixa, frágil na defesa, que transmitiu a sensação de que um simples lançamento nas costas de Tito e Saúl poderia derrubá-lo da partida.
Rayo 2x4 Atlético
Rayo Vallecano: Rubén; Arbilla, Saúl, Tito, Nacho; Baena, Trashorras; Lass (Rochina, 57min), Bueno, Jonathan Viera (Iago Falqué, 83min) e Larrivey. Não utilizados: Cobeño; Galeano, Iago Cueva, Embarba.
Atlético: Courtois; Manquillo, Miranda, Godín, Filipe Luis; Sosa (Oliver, 63min, Cebolla Rodríguez, 65min), Gabi, Koke, Arda; Villa (Raúl García, 80min) e Diego Costa. Não utilizados: Aranzubia; Adrián, Alderweireld e Insúa.
Gols: 0 x 1, Villa, aos 7min; 0 x 2, Arda, aos 30min; 1 x 2, Jonathan Viera, aos 40min; 1 x 3, Arda, aos 45 min; 1 x 4, Diego Costa, aos 72min; 2 x 4, Larrivey, aos 76min.
Árbitro: Undiano Mallenco. Mostrou amarelo para Arbilla e Manquillo.
Cerca de 11.000 espectadores no Vallecas.
O técnico do Rayo assegura que sua equipe perde muitas partidas sem que o adversário tenha que fazer por onde, porque seus próprios jogadores cometem erros infantis em áreas proibidas. Foi assim mais uma vez. Desta vez foi com um simples tiro de meta. Rubén entregou a bola a Baena e as penas deste tremeram diante da pressão de Villa, que ficou com a bola e entregou para Diego Costa. O hispano-brasileiro devolveu ao asturiano para que ele marcasse o gol como quisesse. Não foi casualidade a pressão do Atlético, trabalhada durante toda a semana. É comum que Simeone ordene esse sufoco na frente com as equipes que tratam de sair jogando desde a defesa para obrigá-las a jogar com bolas longas. Ele acredita que sua equipe é incontestável no jogo aéreo e nos rebotes. Assim estava a partida quando aconteceu o erro de Baena. Com as equipes jogando com lançamentos. E assim também transitava o jogo quando Bueno correu até uma bola longa, trombou na corrida com Manquillo, e o árbitro marcou pênalti. A cobrança foi de Jonathan Viera, muito mal feita. Sem o ajuste necessário diante de um goleiro com a envergadura de Courtois, que tendo adivinhado o lugar da batida, teve tempo de sobra para defender o disparo. Simeone tem reiterado nos últimos dias, após o pênalti inocente cometido por Juanfran contra o Sevilla, que os detalhes serão decisivos. Seu goleiro teve um que acabou por afundar o Rayo, que ficou apenas com o orgulho irreverente de ir para cima com tudo, e Trashorras, um desses jogadores que entendem tanto de passes que a cada um que dá melhora a jogada. Contudo, faltou ao Rayo invadir a área de Courtois como fazia o Atlético. Primeiro com uma jogada em que Villa deixou de calcanhar para Diego Costa, que chutou para defesa de Rubén, que depois também espalmou uma finalização de Sosa. Essas duas defesas acalmaram um pouco a torcida, que depois do erro cometido no gol passou a pegar no pé do goleiro.
Rubén, porém, não pode fazer nada no segundo gol. Um passe longo de Villa colocou Diego Costa na corrida e em disputa ombro a ombro com Nacho. A carcaça do hispano-brasileiro foi determinante, colocou o ombro, tirou de lado o lateral do Rayo, e passou a bola para Sosa, que em um gesto de generosidade, deu o gol de presente a Arda, que empurrou para a baliza vazia. Só um erro de Villa na saída de um contra-ataque colocou o Rayo na partida durante alguns minutos. Larrivey e Trashorras desbancaram a defesa do Atlético até que Bueno fuzilou Courtouis. Durou pouco a esperança para a equipe de Paco, porque uma falta cobrada por Sosa empurrou Saúl para o segundo pau, onde Arda só teve que empurrar a bola. Sosa, titular pela primeira vez na Liga, alternou boas jogadas com outras pouco recomendadas no manual de seu treinador, tais como arriscar no drible quando a equipe está saindo da defesa. Koke também foi titular, apesar de Simeone ter planejado descansá-lo, mas Tiago, que vinha de uma lesão muscular, sentiu dores no aquecimento e decidiu não arriscar.
O Rayo não abriu mão do empenho, de, ao menos, ameaçar o Atlético com uma partida de duas áreas. As subidas de Filipe Luis causaram muitos danos. Em uma de suas idas ao ataque, chegou até a linha de fundo para que Costa acabasse com a seca de gols de seis partidas. Com esse, já alcança a marca de 20 gols, mas sua maneira de bater na bola não tem mais a eficiência que teve na primeira metade do campeonato.
Com cada equipe à sua maneira, o Rayo defendendo seu estilo e o Atlético no contra-ataque, Larrivey fez 4x2 com uma cabeçada contundente. Os dois gols, de alguma forma, premiaram o afã por atacar e atacar, assim como os quatro gols sofridos castigaram uma ingenuidade que não se aceita no Vallecas. Ao menos em suas ruas.
Óliver, quatro minutos e luxação no ombro
Óliver Torres cobria os olhos com as mão enquanto era retirado de campo na maca pela lateral do gramado do Vallecas. Era o minuto 18 do segundo tempo. Chorava e se escondia porque não queria acreditar na fatalidade, lesionado no ombro esquerdo após uma disputa com Jonathan Viera poucos instantes depois de ter entrado em campo.
O meio-campo do Atlético, de 19 anos, acabara de substituir Sosa. E não teve tempo nem de esquentar. As lágrimas de Óliver eram mais pelo pouco que jogou nesta temporada do que pela gravidade da lesão, uma luxação no ombro.
Aos escassos quatro minutos, somam-se apenas mais 207 em toda a Liga. Só participou de sete partidas, e nenhuma delas completa. No dia que mais jogou, contra o Betis no Calderón, disputou 60 minutos. O resto foi meio jogo contra o Má;aga; 35 minutos contra o Celta; 31 contra o Sevilla; 20 frente o Almería; 19 contra o Getafe e os quatro contra o Rayo.
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