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O Real Madrid passeia pelas ruínas do Betis

O time de Ancelotti goleia com autoridade (5x0) uma equipe desconjuntada e paralisada como seu goleiro Andersen, estático nos gols de Cristiano Ronaldo e Bale, que abriram o marcador

José Sámano
Cristiano celebra seu gol diante de um Baptistao desolado.
Cristiano celebra seu gol diante de um Baptistao desolado.Marcelo del Pozo (REUTERS)

De um lado de Sevilha só há escombros. O Betis é um barril de pólvora, no institucional e no esportivo. Entre suas ruínas o Real Madrid deu o sangue, o que foi muito para uma equipe, um clube, que hoje só se distingue por sua agitada militância, uma torcida tão predisposta para a exaltação inicial como para cobrar a conta depois no mesmo dia, sem melindres, seja do treinador ou do goleiro. Este último, o dinamarquês Andersen, contratado por um técnico já demitido, foi o retrato deste Betis, um time paralisado, lanterna com letra maiúscula. O goleiro nem se moveu diante dos dois primeiros gols do visitante, uma arrancada explosiva de Cristiano e um toque para a rede de Bale em um chute de primeira. Em ambas as jogadas, Andersen foi uma estalactite, principalmente no disparo do galês, que não era indefensável. Nem antes nem depois houve histórias diferentes das desejadas pelo Real Madrid, empatado em pontos com Barça e Atlético, que ainda jogarão no domingo contra Levante e Sevilla.

Betis 0x5 Real Madrid

Real Betis: Andersen; Chica, Amaya, Paulao, Didac; Lolo Reyes (Caro, 32 minutos do 2o tempo), Matilla, Salva Sevilla (Juanfran, 17 minutos do 2o tempo); Baptistao, Jorge Molina y Rubén Castro (Vadillo, 11 minutos do 2o tempo).

Real Madrid: Diego López; Carvajal, Pepe, Sergio Ramos (Nacho, 27 minutos do 2o tempo), Marcelo; Xabi Alonso, Modric; Bale, Di María (Illarramendi, 24 minutos do 2o tempo), Cristiano Ronaldo; y Benzema (Morata, 31 minutos do 2o tempo).

Gols: 0-1. 11 minutos, Cristiano Ronaldo. 0-2. 24 minutos, Bale. 0-3. 1 minuto do 2o tempo, Benzema. 0-4. 17 minutos do 2o tempo, Di María. 0-5. 43 minutos do 2o tempo, Morata.

Árbitro: Ignacio Iglesias Villanueva. Mostrou cartão amarelo para Ramos (19 minutos do 1o tempo), Salva Sevilla (26 minutos do 1o tempo), Vadillo (28 minutos do 2o tempo) 3 Chica (32 minutos do 2o tempo).

42.421 espectadores no Benito Villamarín.

Penalizado pelo desgoverno em sua administração, Betis estava pendurado no rastro de Pepe Mel, ligação incontestável com o beticismo, tido como único messias. Com a demissão do técnico que agradava à torcida, abriu-se outra brecha com seu substituto, Juan Carlos Garrido. A torcida agora não só põe pressão no estádio. O novo técnico, que em nada conseguiu melhorar a equipe, é outro alvo.

No Villamarín, a equipe está à deriva, deprimida, murcha, sem uma tecla para o otimismo. Contra o Real Madrid, a partida foi um passeio para os jogadores de Ancelotti, que fizeram disparos de infantaria para despachar o adversário anêmico. O Real precisou de pouco, nunca foi exigido. Se impôs em cada parte do campo, em cada disputa, no tático, no técnico, e no ânimo. A este Betis não dá nem para apertar os dentes.

Ancelotti insistiu com o modelo que por enquanto parece ser o mais convincente para ele. O italiano encontrou em Modric e Di María o melhor escudo para seus três atacantes, CR, Benzema e Bale, jogadores com olhar para frente e sem retrovisor. O argentino centralizou sua posição, o que o permite simultaneamente tanto auxiliar Xabi Alonso como revezar com Marcelo para proteger Cristiano, liberado de tudo aquilo que não tem a ver com o gol. Modric é um jogador para tudo, desarma, instrui e entra nas duas áreas. Começa a ter hierarquia e passa por seu melhor momento desde que chegou. Era a época de Khedira e a dupla de volantes defensivos. Modric não é nenhum botinudo e tem mais repertório. Sua jogada no terceiro gol, o centésimo de Benzema pelo Real Madrid, foi deliciosa, um deleite. O croata deu velocidade ao ataque e culminou com um drible fulminante que deixou dois zagueiros do Betis caídos dentro da área. Também houve lances ofensivos de Di María, autor do quarto gol, o terceiro do time de fora da área. Desta vez, ao menos Andersen se estirou.

O Betis jamais teve respostas. Do princípio ao fim foi uma equipe desajustada. Não houve visitante que se sentisse incomodado, o Villamarín era um oceano. O time de Garrido precisa de tudo: marcar, defender, criar e atacar. A equipe perdeu jogadores de qualidade como Beñat, as contratações não têm sustância, e Rubén Castro é uma sombra do que foi há bem pouco tempo. Na atualidade, o Betis não tem sinais de identidade, é um conjunto, uma instituição em aflição perpétua.

O time sofre, como no quinto gol, com toda a zaga suspirando porque Morata estaria impedido. Caramelo após caramelo para o Real Madrid, que não baixou a guarda e resolveu com extraordinária eficiência, enquanto Ancelotti parece ter encontrado a formação.

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