_
_
_
_

Crime na Venezuela

O assassinato de uma atriz derruba a estratégia oficial de silenciar o problema da violência

El País

A Venezuela acaba de oferecer o exemplo de um Governo atropelado pela realidade. De nada serviram o afã de Nicolás Maduro (como antes os de seu mentor, Hugo Chávez) de ocultar as cifras galopantes de criminalidade, incluindo nisso a censura aos meios de comunicação. O assassinato de uma popular atriz e ex-miss, em um assalto que provocou também a morte de seu cônjuge e ferimentos na sua filha de cinco anos, pôs de pernas para o ar a estratégia oficial de silenciar a insegurança.

Dificilmente se pode “evitar o desânimo” da população – desculpa esfarrapada para a opacidade – quando a Venezuela se transformou na última década em um dos cinco países mais violentos do mundo, com uma taxa de homicídios que triplica a de nações castigadas pelo narcotráfico ou o conflito armado, como o México e a Colômbia. Quase 70 pessoas foram assassinadas a cada dia em 2013. A isso é preciso somar a epidemia de assaltos e sequestros cotidianos, alentados pela corrupção policial e a mais escandalosa impunidade. Se, como se suspeita, o chavismo quis ganhar a lealdade das quadrilhas para usá-las como tropa de choque contra a “burguesia” – assim como vem armando as “milícias bolivarianas” –, a estratégia saiu muito cara ao país. Ontem mesmo o presidente anunciou a demissão de todos os seus ministros para “facilitar” a remodelação do Gabinete, embora seja necessário esperar para ver o alcance das mudanças.

O clamor desatado pela tragédia de Mónica Spear, em que tantos venezuelanos se viram refletidos, provocou algo que parecia impossível: que Maduro tente definir por consenso com governadores e prefeitos da oposição uma estratégia de segurança para os municípios mais perigosos. Muitos desejariam que o inédito aperto de mãos de ontem entre o presidente e o líder oposicionista Henrique Capriles, governador de Miranda, servisse para apaziguar o clima político, mas isso é pouco provável.

Nas últimas semanas, Maduro acelerou a “radicalização da revolução”, ou seja, a cubanização da Venezuela: ampliou o poder financeiro das Forças Armadas, com um banco e uma construtora; reforçou o controle de preços e a intervenção no varejo, com o vão propósito de reduzir uma inflação de 56%; e alardeou o fato de seguir seus cidadãos, ao tornar pública uma lista com os detalhes das férias natalinas de 30 políticos, jornalistas e empresários.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_