Cebrián prega unidade da América Latina frente à globalização
O presidente do Grupo PRISA recebe a mais alta condecoração do Chile
O presidente do Grupo PRISA, Juan Luis Cebrián, apelou à união dos países ibero-americanos para que estes sejam mais fortes no novo cenário da globalização. “A América Latina já não é só o nosso futuro, e sim o nosso mais importante presente”, expôs ele nesta manhã ao receber, na embaixada do Chile em Madri, a condecoração Bernardo O’Higgins, no grau de Grão-Oficial, a mais alta distinção concedida pelo Governo de Sebastián Piñera a um cidadão estrangeiro. O embaixador do país andino, Sergio Romero, ressaltou o “fecundo trabalho” de Cebrián em favor da transição chilena e de seu desenvolvimento econômico. E, especialmente, sua defesa do idioma espanhol, “a ferramenta básica da grande irmandade de nossas duas terras”.
Em um ato carregado de emoção, e na companhia de sua família e dos principais diretores do PRISA, Cebrián quis evocar antes de mais nada os versos do Pablo Neruda, graças a quem, afirmou, começou a compreender e amar o Chile. E ressaltou igualmente a figura de O’Higgins, que representa “o esforço e a convicção de alguns homens que acreditavam na Grande América, na unidade dos povos ibero-americanos e em seu destino comum”.
“É óbvio que a distinção não é concedida a mim por méritos pessoais, e sim por presidir uma corporação cuja atividade empresarial, também nos aspectos intelectuais e políticos, está há décadas unida ao Chile e ao seu povo”, observou o jornalista e acadêmico. O Prisa tem uma sólida presença no âmbito da informação na América Latina, por meio das emissoras da rede IberoAmericana Radio Chile e do EL PAÍS, o único jornal global em castelhano. O diário, numa edição especial, chega aos leitores chilenos através das páginas do La Tercera. Muito significativa é a presença da editora Santillana, que se estabeleceu no Chile em 1968.
Precisamente a dedicação do PRISA à nação andina foi a razão pela qual o Chile distinguiu o fundador e primeiro presidente do grupo de comunicação, Jesús de Polanco, com essa alta condecoração em junho de 2007. Cebrián, que se considerou “um chileno de adoção”, aproveitou o ato para demonstrar seu “indeclinável” compromisso com o Chile.
O embaixador Romero, por sua vez, recordou que a presença do PRISA no Chile e na Ibero-América em geral “tem a marca de respeitar não só as legislaturas de cada país” como também as identidades próprias que convivem na outra borda daquela que é “uma mesma cultura de mil cores”. Nesse sentido, elogiou o papel desempenhado pelo suplemento Babelia como veículo para a promoção da literatura chilena e, por extensão, da que nasce no lado ocidental do Atlântico. Romero aludiu à grande e imediata repercussão que os artigos de opinião publicados no EL PAÍS colhem em todo o mundo hispânico.
Durante seu discurso, tanto Cebrián como Romero invocaram a herança política e intelectual de Andrés Bello e sua extraordinária contribuição para a construção política chilena e o desenvolvimento da identidade ibero-americana. Sobre Bello, que redigiu o primeiro Código Civil chileno, enfatizou-se a elaboração da gramática espanhola para os povos da América. Segundo Cebrián, ele “contribuiu, possivelmente como ninguém até agora, para a unidade do idioma castelhano, capaz de reconhecer as identidades linguísticas locais de 22 países e suas muitas outras regiões internas, sem que por isso se transfigure ou se perturbe essa unidade inicial que permite que centenas de milhões de falantes de espanhol tenhamos um mesmo dicionário, uma mesma gramática e uma só ortografia”.
Romero descreveu o presidente do PRISA como um “adail” [líder] da linguagem e um jornalista “que tem feito da sua vida um testemunho de consequência e coerência”. Também ressaltou sua contribuição para aproximar ambas as nações e procurar inovações, e recordou a ideia lançada no Fórum da Comunicação de Cádiz: “A necessidade de estabelecer bilateralidades legislativas que permitam que também nossos países invistam nos mesmos campos em que a Espanha vem investindo nas últimas décadas em nossa região”.
A condecoração Ordem Bernardo O’Higgins, prolongamento da Ordem do Mérito do Chile, foi estabelecida pelo Governo chileno em 1956, a fim de recompensar os cidadãos estrangeiros que mereçam ser distinguidos por sua participação e contribuição destacada nas artes, ciências, educação, esporte, indústria e comércio ou cooperação humanitária e social. Ela é conferida pelo presidente da República do Chile, seguindo sugestão do ministro das Relações Exteriores. A insígnia outorgada a Cebrián, de Grão-Oficial, é a de maior relevância, e em grau superior à de comendador. O presidente do PRISA recebeu recentemente a Medalha Reitoral da Universidade do Chile e foi nomeado membro da Academia da Língua chilena. Cebrián aproveitou o ato de ontem para recordar o ex-presidente Ricardo Lagos e a senadora Isabel Allende, além de fazer uma menção especial aos Governos do Michelle Bachelet e Sebastián Piñera.
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