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Alexis e Pedro pedem vaga para o Calderón

O chileno, com três gols, e o espanhol, com um, garantem uma cômoda vitória ante o Elche e reafirmam o Barcelona para sábado contra o Atlético de Madri

Ramon Besa
Alexis marca de falta o quarto gol do Barça, seu terceiro da tarde.
Alexis marca de falta o quarto gol do Barça, seu terceiro da tarde.David Ramos (Getty)

Ninguém melhor do que Alexis e Pedro para homenagear Seguer. Os jogadores de equipe nem sempre têm seus méritos reconhecidos em clubes famosos mundialmente pelo peso de suas figuras, como foi o caso de Kubala e é agora o de Messi e Neymar no Barcelona. Alexis e Pedro atendem hoje a um perfil tão meritório como certamente foi o de Seguer no time das Cinco Copas. O Barça vive do excelente momento de seus centroavantes, protagonistas do final do ano passado e do início do atual, titulares em partidas nas quais se cumpre tabela, como contra o Getafe e perante o Elche, no lugar de Messi e Neymar.

Ninguém se esquecerá de uma figura lendária como a de Eusébio. O pantera negra, falecido neste domingo, brilha por si só. Não ocorre o mesmo com Seguer, um ponta que triunfou como lateral em uma das equipes históricas do Barça. Alexis e Pedro também precisam se esforçar a cada partida e fazer constar seu valor à base de gols. Contra o Elche, voltaram a ser decisivos em uma partida muito cômoda, sem sobressaltos, como exigia a rodada, preparatória para a visita de sábado ao Atlético no estádio Vicente Calderón. Não vai ser fácil para Martino definir a escalação: quem deixará no banco para dar lugar aos descansados Neymar e Messi?

BARCELONA, 4; ELCHE, 0

Barcelona: Valdés; Montoya, Bartra, Piqué, Alba; Xavi (Sergi Roberto, min 65), Song, Cesc; Pedro (Neymar, min 81), Alexis (Tello, min 74) e Iniesta. Não utilizados: Pinto; Puyol, Mascherano e Adriano.

Elche: Toño; Sapunaru (Mantecón, min 80), Botía, Lombán, Albacar; Carlos Sánchez (Javi Márquez, min 66), Aarón; Rubén Pérez, Carles Gil, Fidel (Manu del Moral, min 61); e Boakye. Não utilizados: Marc Martínez; Pelegrín, Cristian e Rivera.

Gols: 1 x 0, min 7, Alexis. 2 x 0, min 16, Pedro. 3 x 0, min 63, Alexis. 4 x 0, min 69, Alexis.

Árbitro: Fernández Borbalán. Fernández Borbalán. Mostrou cartão amarelo a Botía, Alba, Cesc e Rubén Pérez.

Camp Nou. 64.031 espetadores. Foi respeitado um minuto de silêncio por Josep Seguer, ex-jogador do Barcelona.

A partida foi um presente para o Barcelona na véspera do Dia de Reis, por obra do Alexis e Pedro. Mal haviam se passado 15 minutos e o jogo no Camp Nou já tinha perdido a graça. A eficácia do Barcelona, personificada no futebol fabril e solidário dos dois atacantes, contrastava com a condescendência do Elche, ingênuo nas duas áreas, especialmente na defendida pelo goleiro reserva Toño. Os gols saíram dos dois centroavantes, excelentes na hora de se desmarcar e no controle da bola, decisivos quando é preciso atacar o espaço, habilitados pelo toque dos meio-campistas e pela profundidade de um lateral como Jordi Alba.

Alexis se atrapalha quando a jogada lhe dá tempo para pensar, e vai bem se precisa arrematar de primeira, sem contemplações. Esteve tão rápido na diagonal como certeiro no chute após entrar na área, embora aproveitasse o cruzamento de Alba (1 x 0) e o passe de Pedro (3 x 0) em posição duvidosa de impedimento. Tampouco se equivocou Pedro depois de arrematar de bico o passe de Cesc: o canário encontrou as costas dos zagueiros centrais, esteve lúcido na recepção com a direita, driblou na saída do goleiro e chutou cruzado com a esquerda (2 x 0). Pedro já soma mais gols que Messi: 15, sendo 11 no Campeonato Espanhol, contra 14, mais outros 11 de Alexis.

Os dois tentos iniciais espantaram o Elche, que tinha se safado bem contra os grandes, diante do Atlético e do Real Madrid. Hoje é uma equipe de autor, obra do Fran Escribá, especialmente grato por sua maneira de conceber o futebol. Joga de maneira asseada e coletiva, atenta à bola. Otimiza seus recursos e, se enfrenta dificuldades, é pela inferioridade de seus talentos individuais: Boyake não é Alexis, e finalizou na trave quando estava 1 x 0 (min 14), e Botía e Lombán vestiram a camiseta azul-grená no Miniestadi, mas não no Camp Nou. As falhas continuaram depois do intervalo, com outros dois gols e um pênalti de Sapunaru contra Cesc, que Xavi desperdiçou.

O erro não afetou Alexis. O chileno abriu 3 x 0, com passe de Pedro, e depois chamou para si uma falta para frisar a diferença com o canário e justificar o tratamento de craque que deu a si mesmo. Alexis transformou em 4 x 0 um arremate da entrada da área. Os três gols contra o Elche o definem como um jogador de futebol total: atacou como Eusébio e defendeu como Seguer, sempre bem auxiliado pelos volantes, sobretudo por Cesc, que já conta 13 assistências, 11 no Espanhol. Martino ganha munição para o esperado confronto com o Atlético, que tem a mesma pontuação do Barça, faltando uma rodada para o final do primeiro turno do campeonato nacional.

Os títulos são conquistados com Messi e Neymar, da mesma maneira que as equipes são feitas com jogadores como Pedro e Alexis. Possivelmente o sucesso está na mistura de ambos os perfis, necessários nas rodadas decisivas como a de sábado próximo. Ninguém sequer reparou na volta de Valdés, na ausência por suspensão de Busquets nem na lesão de Bartra porque este Elche não é o de César, nem o de Marcial, Asensi e Re. Alexis e Pedro, de qualquer forma, aproveitaram muito bem a suplência de Neymar e o descanso desse menino de olhar mortal chamado Messi.

Para a glória de Seguer.

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