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Nadal começa melhor que nunca

O espanhol ganha por 6-1, 6-7 e 6-2 na final de Doha e pela primeira vez na carreira obtém um título em janeiro

Juan José Mateo
Nadal recebe o troféu de campeão em Doha.
Nadal recebe o troféu de campeão em Doha.AHMED JADALLAH (Reuters)

Um set perdido no abismo do tie-break. Treze aces do seu rival. Quatro break points concentrados em um único game da terceira série, quando tudo era decidido de terremoto em terremoto. Rafael Nadal precisou superar tudo isso em Doha para fechar a final contra Gael Monfils em 6-1, 6-7 e 6-2, conquistando assim seu 61º. título, o primeiro num mês de janeiro. O número 1 do mundo, que agora atacará o Aberto da Austrália (a partir de 13 de janeiro), nunca tinha começado tão bem uma temporada. Não só somou um troféu em quadra dura, no torneio que abriu o ano, como o fez superando múltiplas dificuldades, como demonstra o fato de ter jogado três sets em três das cinco partidas que disputou em Doha. Ainda com margem para uma melhora na mobilidade e na coordenação, a quilometragem que o espanhol procurava para preparar sua ida a Melbourne ficou assegurada com uma final que começou como exibição, mas terminou como um combate encarniçado. “Sobrevivi”, resumiu o campeão, a propósito de um torneio onde não cruzou com nenhum tenista top-20.

O próprio Nadal foi o responsável por transformar o doce passeio do início em um caminho cheio de espinhos. O espanhol, irregular durante a semana, foi mal no seu primeiro game de serviço do segundo set. De erro em erro, entregou a quebra e permitiu que a dinâmica do encontro se alterasse. O Monfils apático e apagado do primeiro set se tornou hiperativo, autoconfiante e agressivo. “Allez!”, gritava o francês a cada ponto. “Vamos!”, comemorava, enquanto acumulava sucessivas trocas de bola, fazendo Nadal correr de um lado para o outro. O número 1 ficou mudo, e não precisamente porque estivesse impressionado.

Faz muitos anos que desapareceu aquele garoto que enchia as partidas de punhos apertados, bíceps contraídos e gritos comemorativos. Nadal é hoje um competidor com um grande senso de autocontrole. O espanhol sabe que as emoções pesam nas partidas, e que também conta a confiança que transmite a seus rivais, ao mandar a mensagem de que não duvida, não teme e não treme. Diante da tempestade, não alterou o semblante. Viu como Monfils fechou um game em brevíssimos 47 segundos, de ace em ace. Imediatamente cedeu o segundo set no tie-break, depois de salvar três set points do francês. E só quando a partida entrou na terceira parcial, com Monfils disparando bombas e acreditando na vitória (já havia derrotado o espanhol em Doha em duas ocasiões), derreteu-se a máscara de gelo de Nadal e apareceram os gestos do guerreiro.

O número 1 acumulou a quilometragem da qual necessitava para encarar o Aberto da Austrália

O número 1 conquistou o troféu navegando entre redemoinhos, surpreendendo com o backhand na paralela e aproveitando a falta de perícia do número 31 para devolver seu saque aberto de canhoto. Primeiro desperdiçou dois break points. Depois conseguiu uma quebra à qual Monfils respondeu acumulando para si quatro break points, um deles muito discutido, porque o espanhol jogou a bola fora sem que os árbitros percebessem. Então chegou o momento de usar a cabeça, e com a cabeça Nadal se coroou, mostrando como joga de forma impressionante sobre cimento desde que voltou às quadras, em fevereiro de 2013, após sete meses de lesão: nessa superfície, soma desde então cinco títulos, duas finais e duas semifinais.

“Estou muito feliz, nunca tive a oportunidade de ganhar aqui, e isso era algo que tinha em mente, especialmente desde a final de 2010 [perdeu contra Davydenko após ter o match point]. É muito emocionante começar assim a temporada”, despediu-se Nadal, que agora enfrentará em Melbourne a prova dos grandes: esperam-nos os cinco sets, o calor australiano, os tenistas do top-10… E Novak Djokovic.

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