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Jesus, Napoleão e Maomé, os mais importantes segundo um ‘software’

Através das milhões de opiniões expressas na internet, um programa realiza um 'ranking' da importância histórica de personagens mundiais de qualquer época

Ronald Reagan e Mikhail Gorbatchov na Rússia em 88.
Ronald Reagan e Mikhail Gorbatchov na Rússia em 88.Reuters

Entre os 50 personagens mais relevantes da história, Jesus Cristo se encontra no número 1. Na 50ª posição está Oliver Cromwell, a quem os livros situam entre ditador e libertador. Napoleão aparece como número dois e o terceiro é Maomé. Adivinham quem é o quarto? William Shakespeare. Nelson Mandela ficou na 356 posição da lista das 2.000 personalidades mais importantes da história. Apesar de não serem tempos gloriosos para a classe política, a supremacia é dela nos dez primeiros lugares. Eram outros tempos, com suas luzes e com suas terríveis sombras. O número cinco é Abraham Lincoln, George Washington é o sexto, Adolf Hitler se empoleira como o sétimo mais importante, Alexandre Magno como o nono, e Thomas Jefferson fecha o Top 10 nesse número.

Espera um momento… De onde saiu esta lista? Pode-se imaginar que foi elaborada por um conclave de historiadores eruditos mas… isso está longe de ser a realidade. Um software criado por Steven Skiena, professor de informática na Universidade de Nova York Stony Brook, e seu colega Charles Ward, um informático que trabalha para o Google, é o artífice da classificação, informa The Sunday Times. O programa de busca realiza um ranking da importância histórica através das milhões de opiniões expressas na internet, da mesma maneira em que o Google realiza uma hierarquização dos sites. O aplicativo inclui um algoritmo que mede a decadência que a reputação do personagem vivencia ao longo do tempo. Dessa forma, faz uma previsão sobre a relevância do mesmo- se durará até 200 anos após sua morte ou não.

Este medidor de eternidade se sustenta, primeiramente, na prevalência dos personagens em Wikipédia, a enciclopédia online; mas também rastreia outras zonas da rede à caça da quantidade de livros que se publicaram sobre essas pessoas com o objetivo de calibrar a data de vencimento que terá sua fama.

Os 50

1. Jesus

2. Napoleão

3. Maomé

4. William Shakespeare

5. Abraham Lincoln

6. George Washington

7. Adolf Hitler

8. Aristóteles

9. Alexandre Magno

10. Thomas Jefferson

11. Henrique VIII da Inglaterra

12. Charles Darwin

13. Elizabeth I da Inglaterra

14. Karl Marx

15. Júlio César

16. Rainha Vitória

17. Martinho Lutero

18. Joseph Stalin

19. Albert Einstein

20. Cristóvão Colombo

21. Isaac Newton

22. Carlos Magno

23. Theodore Roosevelt

24. Wolfgang Amadeus Mozart

25. Platão

26. Luís XIV da França

27. Ludwig van Beethoven

28. Ulysses S. Grant

29. Leonardo da Vinci

30. Augusto

31. Carolus Linnaeus

32. Ronald Reagan

33. Charles Dickens

34. São Paulo apóstolo

35. Benjamin Franklin

36. George W. Bush

37. Winston Churchill

38. Genghis Khan

39. Carlos I da Inglaterra

40. Thomas Edison

41. James I da Inglaterra

42. Friedrich Nietzsche

43. Franklin D. Roosevelt

44. Sigmund Freud

45. Alexander Hamilton

46. Mohandas Karamchand Gandhi

47. Woodrow Wilson

48. Johann Sebastian Bach

49. Galileu Galilei

50. Oliver Cromwell

Skiena e Ward deram o mesmo peso à fama e à dignidade em suas medições. Os informáticos afirmam que, para que as pessoas sejam lembradas a longo prazo, não importa se chegam a ser célebres por sua notoriedade ou pela transcendência de sua contribuição à humanidade. Os resultados foram publicados no livro que se titula, como não, Who’s bigger (quem é maior).

A classificação não só tem a Mandela bem abaixo na lista. Mikhail Gorbatchov removeu a cortina de aço, mas esta peculiar forma de analisar a história lhe deixa no número 637. Seu colega Ronald Reagan teve muito mais sorte e foi listado no 32, mas não sabemos se foi pelos seus dotes como ator. A coisa não para aqui: Reagan sobe seis posições acima de Franklin de Roosevelt, enquanto sua aliada Margaret Thatcher obtém uma discreta 271. Entre os 50 mais importantes há cinco reis e rainhas, enquanto Winston Churchill aparece na posição 37, um degrau abaixo de… George W. Bush.

Em relação ao espaço que este ranking reserva aos artistas, vemos a Mozart como o músico mais influente no 24, três na frente de Beethoven e 24 acima de Bach. Elvis Presley é a estrela da música contemporânea melhor situada: no 69, depois vem Madonna no 121, Bob Dylan no 130 e John Lennon no 162.

Quanto à arte, encabeça a categoria Leonardo da Vinci no 29, Vicent Van Gogh no 73, e Francis Bacon no 81.

Voltemos ao algoritmo que é capaz de contabilizar como a fama de uma pessoa conquistará as futuras gerações. Um exemplo é a cantora Britney Spears. Se levamos em conta o critério da celebridade, a garota de Oops!... I did it again apareceria no número 27 do ranking, mas cai até o 689 o fator da decadência com o tempo for considerado.

Os autores asseguram que o algoritmo pode detectar mudanças como a importância das mulheres na sociedade ou se a história que se ensina nas escolas se concentra naquelas figuras que foram realmente mais importantes em moldar o mundo no qual vivemos hoje… E afirmam que aproximadamente um terço das pessoas consideradas dignas de estudo não o são em realidade.

Alguns historiadores de prestígio como Antony Beevor mostraram sua rejeição em relação a este olhar à história computadorizado. Beevor qualificou de "absurda" a posibilidade que um algoritmo suponha uma aproximação científica à disciplina. A análise informática é, assegura, tão subjetiva quanto qualquer outra.

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