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San Lorenzo, o time do Papa e de Pizzi, campeão argentino

O empate por 0 X 0 na visita a Vélez e o 2 X 2 entre Newell's e Lanús dá a El Santo seu décimo segundo título no torneio

Alejandro Rebossio
Correia divide o lance com Lucas Alecrim.
Correia divide o lance com Lucas Alecrim.JUAN MABROMATA (AFP)

Quem quiser assistir ao melhor futebol argentino, tem de olhar o europeu. Lá estão os melhores jogadores. Tem sido assim, sobretudo, desde os anos 1990 e o processo não fez mais do que se consolidar. Por isso a liga argentina oferece um nível tão fraco como o que se viu na partida que neste domingo consagrou campeão o San Lorenzo, o time do papa Francisco, dirigido pelo hispano-argentino Juan Antonio Pizzi.

O Santo ou El Cuervo, como é chamado o time de Buenos Aires pela cor preta da batina do seu fundador, o padre Lorenzo Massa, empatou por zero a zero jogando como visitante contra aquele que, até a penúltima rodada, era um dos três times que vinha logo atrás dele -- o Vélez Sarsfield -- e Newell’s e Lanús terminaram com o jogo em 2 X 2. Isso num encontro em que a primeira jogada com risco de gol aconteceu aos 40 minutos, quando uma escapada do jovem atacante Ángel Correa, de 19 anos, acabou nas mãos de Sebastián Sosa. No estádio do bairro portenho de Linjiers, que o público de Vélez não conseguiu lotar apesar da importância da partida, e sem a torcida de San Lorenzo porque este ano foi proibida a entrada de torcidas visitantes para evitar a habitual violência nos campos, os jogadores de Pizzi deram o 12ª título  ao seu time no Torneio Inicial da temporada 2013/2014. Por um acordo entre os dirigentes do Vélez e do San Lorenzo, cujas torcidas são rivais cada vez mais convictas, os jogadores do clube de que tanto gosta o Papa não deram a volta olímpica no campo de futebol do Fortín, debaixo dos narizes de seus simpatizantes. Temia-se que se fizessem isso, os velezanos teriam reagido com excessos. Parte do folclore mais nefasto do futebol argentino.

O San Lorenzo, um dos cinco clubes com mais torcedores na Argentina, volta a se cobrir de glória

O jogo foi intenso, com faltas, com muito esforço, mas com pouca precisão e pouco bom futebol. Aos 45 minutos do primeiro tempo, Leandro Romagnoli, um histórico do San Lorenzo, tentou um gol de fora da área, mas novamente Sosa estava atento. A emoção verdadeira começou no segundo tempo, mas quando ocorreu um gol em outro campo. É que, simultaneamente, os outros dois times que vinham logo atrás do Cuervo –, Newell's Old Boys e Lanús, se enfrentavam em Rosario e, da mesma forma que San Lorenzo e Vélez, haviam chegado à última rodada do torneio com possibilidade de se consagrarem campeões. O Santo tinha 32 pontos e os três times que vinham na sequência, 30. Com o empate em ambas as partidas, San Lorenzo se consagraria campeão, mas aos sete minutos do segundo tempo, o meio-campista Pablo Pérez marcou para o Newell's e com a vitória do time onde surgiu Lionel Messi, esse empatou com o Santo em pontos e, portanto, a liga teria de ser definida numa partida de desempate entre ambos, na quarta-feira que vem, em campo neutro. Mas, dois minutos depois, o defesa Paolo Goltz empatou para o Lanús, que nessa quarta-feira havia ganhado a mais comercial que valiosa Copa Sul-americana.

Pizzi celebra o título com Piatti
Pizzi celebra o título com PiattiJUAN MABROMATA (AFP)

Vélez então se contagiou com a emoção que chegava de Rosário e o time de Ricardo Gareca começou a dominar pela primeira vez o encontro contra San Lorenzo. Agustín Allione, meio-campista fortinero de apenas 19 anos, arrematou um disparo na trave de Sebastián Torrico, aos 20 minutos. Mas foi novamente em Rosário, no minuto seguinte, que a rede balançou. O Newell's de Gabriel Heinze, Maxi Rodríguez e David Trezeguet fez 2 x 1 com um gol contra o defesa grená Carlos Izquierdoz. Outra vez, o Cuervo e a Lepra passaram a disputar o desempate final. Mas, aos 28 do segundo tempo, Lanús empatou outra vez, 2 x 2, com um gol de Jorge Pereyra Díaz, o atacante que chegou este ano vindo do Ferro Carril Oeste.

Finalmente, San Lorenzo empatou, sem gols, com Vélez e a partida Newell's X Lanús acabou 2 x 2. Dos quatro aspirantes à liga, consagrou-se a equipe de Pizzi, o ex-atacante argentino que jogou para a seleção espanhola, o Tenerife e o Barcelona e que agora soma seu segundo título como treinador. O primeiro foi em 2010 no Chile com a Universidade Católica. Os cuervos comemoram então com jogadores de destaque como Torrico, seus defesas Santiago Gentiletti e Julio Buffarini, que demonstrou ser polivalente, seus meio-campistas Juan Mercier, o argentino-paraguaio Néstor Ortigoza, Correa e Romagnoli e com seu goleador Ignacio Piatti. Volta a se cobrir de glória San Lorenzo, um dos cinco clubes argentinos com mais torcedores que, no passado, colocou em seu altar José Sanfilippo, Jorge Olguín, Oscar Ruggeri, Héctor Scotta, Alberto Acosta e o espanhol Isidro Lángara, nos anos 30 e 40.

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