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Morre Joan Fontaine, um dos últimos elos com a Hollywood dourada

A atriz ganhou um Oscar por 'Suspeita' e morreu em Carmel, Califórnia, aos 96 anos

Joan Fontaine numa imagem de 1948.
Joan Fontaine numa imagem de 1948.Getty Images

Com a morte de Joan Fontaine (tag em espanhol) aos 96 anos, encerra-se o ciclo de uma das últimas estrelas da idade dourada de Hollywood. A ganhadora do Oscar por Suspeita, uma das atrizes favoritas de Alfred Hitchcock, que o produtor David O. Selznick lançou à fama, morreu no domingo em sua casa em Carmel (Califórnia, EUA) de causas naturais. Sua carreira artística prolongou-se ao longo de seis décadas e rendeu duas indicações para o Oscar, que não venceu, por Rebeca, a mulher inesquecível e por De amor também se morre. Porém, mais do que por sua carreira, Joan Fontaine foi famosa pela rivalidade que a unia –ou melhor, a separava- de sua irmã e também atriz, Olivia de Havilland.

Sua irmã maior foi a primeira a ter sorte em Hollywood, o que forçou Joan a mudar de nome. E seus primeiros passos foram papéis menores em filmes como A Million to One ou Olivia. Nada comparável ao clássico que sua irmã estrelou em 1939, E o vento levou...em que interpretou Melanie. No entanto, foi Fontaine, não de Havilland, a preferida de O. Selznick, que numa festa a apresentou a um diretor que começava a despontar: Alfred Hitchcock.

Com Hitchcock, ela filmou Rebeca e anos mais tarde, Suspeita, ambos trabalhos pelos quais recebeu uma indicação ao Oscar, prêmio que conseguiu transformar em estatueta com esta segunda fita. Foi esta vitória, em 1942, que envenenou para sempre o relacionamento entre as atrizes nascidas no Japão de uma família britânica com um distante parentesco com a família real. No mesmo ano em que Fontaine defendia a candidatura por Suspeita, de Havilland foi candidata por A porta de ouro. Fontaine não só ganhou o Oscar como se negou a aceitar os parabéns de sua irmã. Nunca mais se dirigiram a palavra. De Havilland ganharia nos anos seguintes outros dois Oscar, por Tarde demais e Só resta uma lágrima. Fontaine e De Havilland, ainda viva e com 97 anos, são as únicas irmãs que conseguiram um Oscar na história da premiação. Mas como declarou Fontaine em uma entrevista, a rivalidade sempre existiu. “Minha irmã é um leão; eu, um tigre. E, segundo as leis da selva, nunca poderemos ser amigas”, disse. Inclusive durante a reunião de legendárias ganhadoras do Oscar organizada pela academia em 1979, as duas irmãs foram situadas em polos opostos do palco.

Ela foi a única atriz que trabalhou com o mestre do suspense Hitchcock e conseguiu um Oscar, além de ter protagonizado para Orson Welles o clássico da literatura inglesa Jane Eyre, de Charlotte Brontë, e os filmes September Affair e Island in the Sun.

Casada e divorciada em quatro ocasiões, Fontaine deixa duas filhas de seus diferentes casais. “No momento em que escuto a marcha nupcial, acaba o casamento”, comentou Fontaine em uma ocasião. A atriz também foi reconhecida como decoradora de interiores e como pilota profissional, alguém que saiu de seu retiro para protagonizar em 1994, aos 77 anos, o telefilme Good King Wenceslas e para participar como júri do Festival Internacional de Cinema de Berlim.

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