Scolari já se vê nas oitavas de final
O Brasil é favorito contra a equipe de Rakitic, a renovada “Tricolor” de Herrera e os conflituosos camaroneses de Eto’o
Luiz Felipe Scolari anunciou que o Brasil ganhará a Copa do Mundo. Agora, resta ver os rivais que cruzarão seu caminho para confirmar ou desmentir o prognóstico do populista Felipão, que não acertou suas cabalas quando dirigiu Portugal na Eurocopa-2004, torneio que foi surpreendentemente conquistado pela Grécia. Os bons pressentimentos que sempre acompanharam o técnico da seleção Canarinha aumentaram ontem depois do sorteio, quando sua seleção foi emparelhada com Croácia, México e Camarões. “Não estamos no grupo mais duro, que é o de Inglaterra, Itália e Uruguai”, observou. “Eu queria começar contra um rival europeu, e enfrentaremos a Croácia na estreia. Então me dou por satisfeito. O problema virá depois, porque os clássicos com o México são sempre muito duros. E nos sobrará Camarões.”
As complicações para o Brasil começarão no cruzamento das oitavas, quando, se o Chile deixar, certamente enfrentará um dos finalistas da última Copa: Espanha ou Holanda, a seleção que eliminou os brasileiros nas quartas de final da África do Sul-2010. Sneijder acabou com uma equipe que já havia sido eliminada, também nas quartas, por um gol do francês Henry na Alemanha-2006. Os brasileiros se emendaram e agora estão legitimados por seu categórico triunfo na Copa das Confederações, contra a Espanha. A pentacampeã (1958, 1962, 1970, 1994, 2002) aspira a reencontrar um título que não vem desde o Japão/Coreia, quando Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho se juntaram. A condição de anfitrião também jogaria a seu favor, não fosse o fato de ninguém ter esquecido a vitória do Uruguai em 1950, em pleno Maracanã. “Não quero que meus filhos chorem como eu vi o meu pai chorar”, sentenciou Pelé ontem.
Felipão não acertou com sua cabalas na Eurocopa de Portugal, vencida pela Grécia
O que o Brasil de certa forma esqueceu foi o futebol bonito que sempre demonstrou graças a figuras como Pelé, manifestado sobretudo na Copa de 1970. Sua aposta agora é por uma conquista que se baseie numa equipe sólida, com um futebol direto, salpicado por jogadores deliciosos, como Oscar e Neymar. Reforçado na defesa por dois zagueiros autoritários (David Luiz e Thiago Silva), o grupo se desdobra com excelentes transições administradas pelos laterais e pela segunda linha, arrematada por uma centroavante clássico (Jô ou Fred). O empenho de volantes como Paulinho e Luiz Gustavo, ou Fernandinho e Ramires, favorece mais a garra do que o virtuosismo. As últimas análises mostram que o Brasil é a seleção com mais alto valor de mercado: 1,62 bilhão de reais entre os 23 jogadores que aspiram a ser convocados por Scolari. Ninguém movimenta melhor a roda do marketing do que o barcelonista Neymar.
Levando-se em conta os rivais na fase de classificação, os astros brasileiros terão tempo para entrarem numa melhor forma para a etapa de mata-mata. Não se espera muita coisa de Camarões, que não encontra a estabilidade esportiva necessária para recuperar a importância perdida nas Copas do Mundo. O último conflito interno do grupo agora dirigido pelo alemão Volker Finke foi denunciado por Eto’o: “Meus colegas não me passam a boa”. O atacante do Chelsea é o principal atrativo de uma equipe que conta também com Webo, M’Bia e Song.
O México ganhou do Brasil na final dos Jogos Olímpicos de Londres 2012
Do México se espera mais competitividade. A Tricolor se sagrou campeã olímpica em Londres-2012 diante do Brasil, liderado pelo mesmo Neymar que agora joga no Barcelona – uma derrota que provocou a queda de Mano Menezes e do seu projeto de renovação da Canarinha. Acontece que o México é agora uma seleção cheia de dúvidas, depois de disputar a repescagem contra a Nova Zelândia. O treinador Miguel Piojo Herrera abriu mão de jogadores que atuam na Europa e defendeu a classificação com atletas da Liga Mexicana. Peralta marcou o dobro de gols que Chicharito (Manchester United): 10 contra 5. E falta resolver dois assuntos complicados, o de Giovani dos Santos e sobretudo o de Carlitos Vela, que não é convocado desde 2011, sendo duas vezes por decisão própria, por entender que não estava no seu melhor momento, e outras por conta do treinador. “Com tanta mudança de técnico, a gente não sabe se voltará”, disse o atacante da Real Sociedad, figura conhecida na Liga Espanhola. “Gosto do grupo porque nosso estilo de jogo não cai nada bem a nenhum dos adversários que nos couberam”, afirmou Herrera.
Embora dificilmente aspire de novo ao pódio, como ocorreu na França-1998, última Copa vencida por uma seleção anfitriã, a Croácia sempre foi um mau inimigo, por sua imprevisibilidade e por suas qualidades individuais. Srna, Rakitic, o madridista Modric e Mandzukic, centroavante do Bayern de Munique (que não poderá jogar na estreia contra o Brasil, por estar suspenso), são jogadores que desequilibram na equipe de Niko Kovac. Os croatas, que na repescagem bateram a Islândia, aspiram a ficar em segundo no grupo, atrás do Brasil. “Vai ser muito especial e bonito jogar a primeira partida contra os anfitriões, com todo o mundo atento ao confronto”, afirmou o técnico Niko Kovac. “Na Copa de 2006 já tornamos as coisas muito difíceis para eles: Dida agarrou muito, e só ganharam de nós com um gol de Kaká no final”.
Embora respeite seus rivais, o Brasil já desfolha o malmequer: Espanha ou Holanda (ou Chile) para o cruzamento das oitavas de final, de uma Copa que o país quer como sua para vingar o Maracanaço.
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