Santos confirma que vai concorrer a um segundo mandato na Colômbia

O presidente Juan Manuel Santos acabou com as especulações e pediu aos eleitores a oportunidade para consolidar a paz

Juan Manuel Santos, atual presidente da Colômbia, confirma que vai concorrer ao segundo mandatoAndres Piscov (AFP)

A quatro dias de vencer o prazo legal para inscrever sua candidatura, Juan Manuel Santos decidiu acabar com as especulações políticas e anunciou ao país que se lançará a um segundo período presidencial, pelo que pediu aos colombianos que lhe deem a oportunidade de consolidar a paz. “Faço-o porque quando se vê a luz ao final do túnel, não se dá marcha atrás”, disse em uma curta alocución desde o palácio presidencial.

A principal novidade deste anúncio é que Santos convidou a todos os setores políticos a limpar a polarización que hoje vive o país, em especial da oposição encabeçada por seu antecessor Álvaro Uribe Vélez, e a respaldar o processo de paz que adianta seu governo com a guerrilha das FARC desde faz em um ano. “A paz –sem dúvida alguma– é o bem supremo de qualquer nação. A paz deve estar acima de rencillas e mezquindades políticas. Deve unir-nos/uní-nos em local de dividir-nos/dividí-nos”.

No entanto, o que ficou claro é que a próxima campanha estará polarizada em torno da aposta de Santos de buscar uma saída negociada ao conflito armado interno, e à do uribismo que buscará eleger a seu candidato Óscar Iván Zuluaga, quem já anunciou que de chegar à presidência acabará com o processo de paz.

Primeiramente Santos reclamou o direito, desde que reintroduziu-se a reeleição em 2005 na constituição colombiana, de buscar dar-lhe continuidade a suas políticas. Mas desta vez, contrário a como o fez em sua primeira campanha presidencial na que se apoiou na política de segurança democrática do anterior governo, disse que um segundo mandato seu será para construir a paz.

“Ainda nos ficam grandes desafios, mas estou convencido de que a forma dos enfrentar, não é só a sangue e fogo”, disse em alusão às críticas do uribismo que considera que se está negociando a mudança de impunidade. “Faz sete anos os colombianos demos a oportunidade a meu antecessor de consolidar umas políticas de segurança que resultaram exitosas e que seguimos fortalecendo… Hoje eu quero essa mesma oportunidade para consolidar a paz e a prosperidade”.

Em um aparte de sua intervenção, se desmarcó do uribismo ao assegurar que como presidente tem por mandato constitucional fazer a paz. “Um presidente que recuse a opção de fazer a paz não só seria irresponsable senão que estaria violando o mandato da Constituição e do povo. Optar por mais anos de violência, por mais vítimas, por mais dor para milhares de colombianos, é uma alternativa inaceitável”, disse referindo à proposta da oposição que considera que à guerrilha só se lhe derrotará militarmente e a submetendo sem condições à justiça.

O mandatário colombiano aproveitou a alocución –transmitida por televisão e rádio- para reconhecer que o processo de paz que adianta com a guerrilha das FARC demorou mais do que esperava, no entanto, ressaltou que se chegou a acordos como nunca antes. “Meu dever como mandatário, minha obrigação como colombiano, é não permitir que se perca todo o que conseguimos nos esforços de paz”, agregou para repetir que se é reeleito conseguirá selar a terminação de um conflito que já completa meio século.

Anunciada sua decisão, Santos começou a falar como candidato e aproveitou a atenção dos colombianos para fazer um balanço de seu governo. Defendeu sua principal iniciativa, a entrega de milhares de moradas grátis aos colombianos mais pobres e às vítimas da violência. Também ressaltou o reconhecimento e reparo às vítimas da violência. “Para mim era indignante que o Estado não reconhecesse às vítimas e lhes dissesse simplesmente "de más". Já começamos às consertar”, disse e fez questão de que seu maior repto é que não tenha mais vítimas, reiterando que sua aposta eleitoral será a paz.

Uma vez Santos terminou sua alocución, seus principais contendores arremeteram contra seu anúncio. O candidato pelo uribismo, Oscar Iván Zuluaga, concentrou-se em atacar todas as políticas do mandatário. “Buscarei a paz fortalecendo a segurança democrática, não me ajoelhando ante o terrorismo e o castrochavismo”, disse no que poderia ser qualificado como seu primeiro discurso como candidato presidencial. Também anunciou que sua luta será por uma paz com justiça e não uma paz pela impunidade, um argumento que seu mentor, Álvaro Uribe, utilizou para criticar o processo de paz.

Por sua vez, Simón Gaviria, presidente do partido liberal, um dos principais aliados de Santos, celebrou o anúncio ao mesmo tempo em que ratificou o apoio do liberalismo a um segundo mandato. Não o fez Antonio Navarro, quem poderia ser candidato pela Aliança Verde, e que nos inquéritos ocupa o terceiro local em favorabilidad, após Santos e Zuluaga, embora reconheceu seus lucros no tema da paz. “À cada senhor a cada honra. fez um processo bem fato, achamos que vai dar resultados, mas nos preocupa que não estão preparando o postconflicto”, sustentou. Clara López, outra possível candidata presidencial pelo Pólo Democrático, disse que a dicotomia não vai ser guerra e paz (Zuluaga contra Santos), “vai ser paz com continuismo ou paz com mudança que é o que oferecemos os setores alternativos”.

Santos não a tem fácil. Segundo um recente inquérito realizado pela assinatura Gallup, o voto em alvo ganharia na primeira volta com um pouco mais de 30%. Em Colômbia para que um candidato ganhe a eleição na primeira volta teria que obter o 51 por cento dos votos. Essa sondagem arrojou que Santos obteria o 27%, seguido do recém nomeado candidato pelo uribismo, Oscar Iván Zuluaga, que atingiria o 14.9%.

Com tudo isto, a campanha presidencial em Colômbia definiu seu principal protagonista e desde este momento Santos terá que convencer a milhões de colombianos que o elejam em março para um segundo mandato.

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