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Bernardine Evaristo: “O ‘Black Lives Matter’ e o MeToo já mudaram a sociedade”

A última revelação das letras britânicas é de origem nigeriana, escreve romances em verso e persegue mudanças sociais. Acaba de sair na Espanha ‘Girl, Woman, Other’, com o qual ganhou o último Booker Prize

A escritora Bernardine Evaristo fotografada em sua casa em Londres, em março de 2020.
A escritora Bernardine Evaristo fotografada em sua casa em Londres, em março de 2020.IONE SAIZAR
Álex Vicente
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WASHINGTON, DC - JUNE 06: Pilomena Wankenge of the DC Freedom Fighters waves an American flag to a crowd gathered at the John A. Wilson Building during a protest against police brutality and racism on June 6, 2020 in Washington, DC. This is the 12th day of protests with thousands of people descended on the city to peacefully demonstrate in the wake of the death of George Floyd, a black man who was killed in police custody in Minneapolis on May 25.   Chip Somodevilla/Getty Images/AFP
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Quando ouvimos falar dela pela primeira vez, Bernardine Evaristo (Londres, 1959) não tinha nome. Era apenas “outra autora”. Assim foi designada por um desnorteado apresentador da BBC ao lembrar que a escritora havia dividido o último Booker Prize, o prêmio mais importante das letras anglófonas, com um mito como Margaret Atwood. Isso aconteceu em dezembro, semanas depois de ter feito história ao se tornar a primeira mulher negra a ganhar o prêmio. “Não foi capaz de se lembrar do meu nome ou talvez não achasse que tivesse muita importância. Fiquei surpresa com a velocidade com que me apagavam da história”, lembrou Evaristo na casa que divide com o marido no distrito londrino de Hillingdon, na distante zona seis do mapa do transporte público, em um dia de março imediatamente anterior ao confinamento coletivo.

Diante daquela omissão, Evaristo ficou furiosa. “Não tenho um ego muito grande, mas não gostei que voltassem a me fazer invisível. Se você já fez sua lição de casa, sabe que a visibilidade é uma questão muito importante para mim”, afirma. Ela diz isso porque esse é o tema de seu livro, Girl, Woman, Other (Garota, Mulher, Outra, ainda sem edição em português), um romance de 500 páginas escrito em verso libérrimo que narra a vida de uma dúzia de mulheres negras, sobre as quais a atenção literária raramente recai. Depois de seis décadas trabalhando na sombra, Evaristo teve desligados os holofotes que estavam começando a esquentar. Diante de sua irritação, teve uma reação muito típica do nosso tempo: ligar o computador e abrir o Twitter. Cuspiu sua ira em 280 caracteres. Publicou o texto e respirou fundo. “A surpresa veio quando comecei a receber apoio. A cada segundo crescia mais e mais. As pessoas ficaram ofendidas em meu nome”, lembra, ainda admirada. Entendeu que talvez algo tivesse mudado naquela sociedade que tanto costumava criticar. De repente, não estava mais sozinha. Pela primeira vez na vida sentiu que o vento estava a seu favor.

Para Evaristo, o sucesso chegou tarde, aos 60 anos, mas como um turbilhão. Depois do Booker, Girl, Woman, Other se tornou um fenômeno editorial no mundo anglo-saxão, um final inesperado para um volume de aspecto experimental que parecia destinado a um público minoritário, embora ela diga que tampouco o escreveu “para uma seleta minoria de 100 pessoas”. Pouco depois, um prescritor cultural chamado Barack Obama o incluiu em sua lista de leituras favoritas de 2019, no que pareceu ser o gesto pós-racial definitivo. Evaristo, que chegou para esta batalha armada até os dentes, duvida que a guerra tenha acabado e sabe que isto poderia ser tanto seu Waterloo quanto um ilusório Austerlitz. Mas também admite sentir um otimismo insólito à luz dos últimos acontecimentos. “O Black Lives Matter e o MeToo provocaram uma consciência de gênero e de raça que nunca existiu nessa escala. A confluência de ambos já transformou a sociedade”, diz essa filha de um vereador trabalhista nigeriano e de uma professora de escola primária inglesa, que cresceu em “um lar socialista” governado por dois animais políticos, dos quais herdaria uma máxima da qual se lembra todas as manhãs diante do espelho: “Se você quer mudar a sociedade, comece por si mesma”.

“Escrevo em oposição ao status quo, com vontade de perturbá-lo, contra a norma social e cultural”

Seu livro, está claro, chega na hora certa, embora a mera evocação desse contexto favorável tire do sério uma autora que sempre escreveu contra a corrente (e que, antes de escolher um tema que esteja na moda, certamente preferiria cortar as duas mãos). “Escrevo em oposição ao status quo, com a intenção de perturbá-lo e de me afastar da norma social e cultural. Formalmente, meus livros tomam direções muito inesperadas. Não são a marca de um escritor guiado pelo oportunismo”, defende-se, embora não tenha havido ataque. Ficou surpresa ao saber que os leitores responderam a uma proposta tão inusual? Não, porque não acredita que o problema seja falta de curiosidade, mas sim uma ausência de risco do setor editorial. “As pessoas não tiveram problemas em ler um livro sobre mulheres negras. Eu diria que historicamente houve muito poucos negros nessa indústria. Hoje ainda é um mundo muito branco e de classe média. Até muito recentemente, o potencial desse tipo de literatura não era compreendido”, afirma Evaristo. Um potencial que é literário e financeiro. “Pode-se ganhar dinheiro publicando obras sobre grupos sociais pouco representados. Quando descobrem que existe um livro que fala sobre eles, não hesitam em comprá-lo”, acrescenta.

Girl, Woman, Other é um romance polifônico pelo qual passa uma infinidade de personagens. Amma é uma dramaturga negra e lésbica que, depois de uma vida atuando às margens, consegue estrear uma peça no National Theatre (personagem inspirada na própria Evaristo, que acabou vivendo uma consagração semelhante, como se fosse uma profecia autorrealizada). Yazz é sua filha, estudante universitária e feminista profissional. Dominique é sua madrinha, uma mulher maltratada que trabalhou com Amma em seus inícios no teatro independente. Carole estudou em Oxford e tem um alto cargo em um banco da City, um milagre sociológico sendo filha de imigrantes nigerianos. Bummi é sua mãe, uma faxineira que se apaixona por outra mulher na igreja. LaTisha, caixa de supermercado, foi colega de classe de Carole. Shirley, filha da emigração caribenha, costumava ser a professora de ambas. Winsome, sua mãe, vive uma aposentadoria dourada em sua casa em Barbados. Penelope, colega de trabalho de Shirley, parece branca de pele, embora sua história familiar tenha algumas surpresas reservadas para ela. Megan passa a se chamar Morgan quando decide viver sua vida como uma pessoa não binária. Hattie é sua bisavó, uma mulher negra que cresceu no norte da Inglaterra. Grace é a mãe de Hattie e o ponto final de uma história que oscila entre passado e presente para desenhar algo semelhante a um retrato coletivo dessa comunidade imaginária. Mesmo assim, Evaristo não quis que esse coro grego fosse representativo da realidade, mas uma amostra aleatória, coletada aleatoriamente de uma massa composta pelas quase 800.000 mulheres negras que vivem no Reino Unido. “Inventei tantos perfis quanto pude. Nós, negros, somos praticamente invisíveis na ficção, mas mesmo quando não o somos, estamos submetidos a muitos estereótipos, como o dos rapazes violentos e das mulheres que se prostituem. Isso dá uma perspectiva muito reduzida e muito semelhante àquela que já existe nos meios de comunicação. Eu também escrevo contra isso”, diz a autora.

“O verso me permite condensar muitas ideias em um espaço pequeno. Me permite escrever sem censura”

Evaristo assinou um livro profundamente enraizado no presente, cheio de referências à cultura das celebridades, à onipresença das redes sociais e aos debates interseccionais, que convoca a Netflix, Roxane Gay e todo tipo de identidades não monolíticas. “Tentei evitar o que acontece com os escritores de certa idade, que se fecham em suas bolhas e deixam de se conectar à vida que têm ao redor. Eu estou cercada de jovens”, diz a autora, que passou uma década ensinando escrita criativa na Universidade de Brunel, nos arredores da capital britânica. “Todo ano tenho mais alunos que não se sentem nem homens nem mulheres. Daí surge o personagem de Morgan. Queria que fosse transgênero, mas decidi ir ainda mais longe. Eu os ouço, faço perguntas, tomo coisas emprestadas e uso muito a Internet. Absorvo qualquer encontro ou interação. Vá com cuidado: você também pode acabar em um dos meus livros...”. Para que os diálogos não destoem, Evaristo se serve de sua formação como atriz. “Minhas origens estão no teatro. Para criar cada personagem, me coloquei dentro deles. Eu os escrevi de dentro, de maneira que foram eles mesmos que me indicaram quem eram.”

A escritora Bernardine Evaristo no jardim de sua casa em Londres, em março de 2020.
A escritora Bernardine Evaristo no jardim de sua casa em Londres, em março de 2020.IONE SAIZAR

A existência de Evaristo foi radical desde que nasceu, filha de um soldador nigeriano que havia chegado à Inglaterra em 1949 (e futuro primeiro homem negro que oficiou na Câmara Municipal de Greenwich) e de uma professora primária inglesa de origem irlandesa e alemã. Na sala de jantar de sua casa, uma sala colorida na qual abundam estampas africanas, salta à vista uma fotografia de sua infância. Foi tirada quando tinha dois anos, quando os Beatles ainda não tinham estreado e a revolução sexual ainda parecia uma perspectiva inimaginável no futuro imediato. É um retrato de família em que aparecem seus pais, suas avós e cinco de seus sete irmãos. Mais dois estavam por vir. A mãe, católica devota quis ter o maior número possível de filhos. O pai concordou: afinal, aquela garota não deixava de ser “uma prova de sua masculinidade".

Cresceu em uma casa vitoriana comprada por 1.900 libras esterlinas por volta de 1960 em Woolwich, subúrbio próximo ao Tâmisa a meia hora do centro de Londres, dedicado à construção de equipamentos militares. “Hoje não sobrou mais nada: construíram apartamentos de luxo em frente ao rio e, em uma louvável tentativa de rebranding, o chamam Royal Arsenal Riverside”, gargalha Evaristo, que há pouco voltou a passear pelo local e encontrou uma antiga colega de colégio. “Ela me fez uma pergunta inesperada: ‘Quando era pequena, você era infeliz?’. Suponho que disse isso porque eu era a única menina negra...”, ironiza. Quis sair daquele lugar com todas as suas forças, embora agora esteja convencida de que foram os verões preguiçosos naquele distrito industrial, durante os quais ficava muito entediada, que a transformaram em escritora. Depois de concluir os estudos de interpretação, fundou o Theatre of Black Women, o primeiro do gênero no Reino Unido, convencida de que ninguém escreveria para ela algo diferente de papéis de criminosas e de empregadas domésticas. Durante anos, a companhia teatral sobreviveu com uma subvenção de 100.000 libras por ano. Um dia o dinheiro parou de chegar. Evaristo começou a escrever romances, que imaginavam genealogias alternativas da negritude britânica, como The Emperor’s Babe (2001), sobre uma garota de cor no Londinium romano de 20 séculos atrás, ou Blonde Roots (2008), narrativa paródica que imaginava um colonialismo invertido, no qual os africanos escravizavam os europeus. Em Mr. Loverman (2013), a escritora entrou em um território próximo do realismo social escolhendo um septuagenário homossexual de origem afro-caribenha como protagonista.

“Vivo em um país cada vez mais insular. Trump estabeleceu o modelo e nós o seguimos”

Evaristo alternou prosa e poesia em uma série de experimentos que parecem atingir o auge em Girl, Woman, Other, escrito em um verso narrativo desprovido de pontos, que Evaristo batizou com o peculiar apelativo de fusion fiction. “Isso dá muita energia à minha escrita e me permite condensar muitas ideias em um espaço muito pequeno. Essa forma me permite escrever sem censura”, afirma sobre seu livro, situado em algum lugar entre o poema épico e uma mensagem de WhatsApp um tanto grande. Seu livro se opõe a uma compreensão binária da realidade, da sociedade e do indivíduo. As noções de raça, classe social, gênero e sexualidade são entendidas apenas a partir de espectros, outra palavra raivosamente contemporânea. Sua própria biografia pode ser entendida assim. Quando jovem, Evaristo teve relações homossexuais, assim como sua mãe, embora a autora não queira entrar em detalhes. “Esse será outro livro...”, costuma dizer.

Com Girl, Woman, Other, Evaristo aspira a oferecer uma referência que não teve na juventude, quando se refugiou nas obras de escritoras afro-americanas como Toni Morrison ou Alice Walker, já que o equivalente britânico não existia. Apesar das aparências, a autora não concorda com todas as reivindicações das políticas de identidade. Por exemplo, ela se opõe à noção de apropriação cultural. “Como escritores, devemos ser livres para falar de qualquer grupo demográfico. É senso comum. O que importa é ser preciso o suficiente. Se você vai escrever sobre uma mulher saudita, tenha a certeza de que ela não está usando minissaia”, brinca Evaristo. “Espero que dentro de cerca de 10 anos tenhamos superado essas ideias tão simplistas. Se aspiramos a uma sociedade pluralista e igualitária, não podemos acreditar nelas”.

Quando se sente excessivamente otimista, Evaristo se lembra da desgraça chamada Brexit. “Vivo em um país cada vez mais insular. Me parece incrível preferir isso do que estar no mundo global, com todas as vantagens que isso implica. Nunca iria querer ficar aqui só com os britânicos”, brinca (ou não). “Se supõe que agora o Reino Unido deve voltar a ser grande. Donald Trump estabeleceu o modelo e temos que segui-lo. Temos nosso próprio Trump, que parece um pouco mais educado do que o original, mas está provocando os mesmos problemas, embora em menor escala.” Apesar de tudo, como acontecia em Mrs. Dalloway, de Virginia Woolf, Evaristo quis que seu livro terminasse com uma festa. “Não queria criar personagens que fossem vítimas, porque já havia suficientes mulheres negras que eram personagens trágicas. Queria que este romance também fosse um espaço de celebração.” Talvez a guerra não tenha terminado, mas agora Evaristo conta com tropas muito mais numerosas.

O ROMANCE FICA DIFÍCIL

Lucy Ellmann, Nell Zink, Robin Robertson e Ocean Vuong, quatro escritores que usam métodos experimentais em seus romances.
Lucy Ellmann, Nell Zink, Robin Robertson e Ocean Vuong, quatro escritores que usam métodos experimentais em seus romances.

Algo está se transformado no romance em inglês. Os livros que usam métodos relacionados à experimentação literária conquistam, de um tempo para cá, novos públicos no mercado anglo-saxão. As obras que ressuscitam o 'stream of consciousness', o velho monólogo interior de James Joyce e de Virginia Woolf, voltaram às listas de vendas, bem como títulos que parecem ser versões reanimadas da 'verse novel' dos tempos vitorianos. O apoio de grandes prêmios como o Booker e o Orwell, que será anunciado no fim deste mês, funciona como uma promoção que consegue aproximá-los de um público massivo, como demonstra o sucesso do romance de Bernardine Evaristo. “Com o declínio do interesse no pós-modernismo, surge um compromisso renovado com formas literárias mais associadas ao modernismo”, confirma Laura Marcus, professora de literatura inglesa do New College de Oxford. O outro fenômeno dos últimos meses foi 'Ducks, Newburyport', da norte-americana Lucy Ellmann, um romance de mil páginas composto por uma só frase na qual não há um único ponto, narrado por uma dona de casa de Ohio. O livro foi indicado para o último Booker. Enquanto isso, Anna Burns ganhou esse prêmio em 2018 com Milkman, no qual narrou o conflito da Irlanda do Norte usando técnicas inabituais, como o anonimato de todos os seus protagonistas. Vários livros de Nell Zink, outra dos escritores mais populares dos últimos anos, também usam técnicas experimentais sem renunciar a um público massivo. Ali Smith, por sua vez, costuma jogar com a multiplicidade de vozes narrativas, como aconteceu em 'How to Be Both', que pode ser lido de duas maneiras diferentes. Rachel Cusk também poderia figurar na lista com seus livros mais recentes, em que o narrador é um mero transmissor que se limita a registrar histórias que outros lhe contam. O escocês Robin Robertson também conseguiu uma indicação para o Booker de 2018 com 'The Long Take', um romance policial escrito em verso. “Durante séculos, a poesia foi a única maneira de contar histórias: aí estão a 'Odisseia', a 'Eneida', o 'Gilgamesh', o 'Mabinogion' e o 'Tain Bo'. Até o romance aparecer no século XVIII, na forma que conhecemos hoje, só havia poesia ou teatro em verso”, relativiza Robertson, insinuando que a exceção, em termos históricos, poderia ser o romance em prosa. Em seu ensaio 'Dois Rumos do Romance', Zadie Smith, que abriu o caminho para essa renovação na virada do milênio, perguntava por que associamos o realismo à alternância de fragmentos de diálogo e flashbacks abundantes. “Isso é mais real ou é apenas que estamos mais acostumados com isso?”, pergunta Anelise Chen, professora da Columbia e autora de 'So Many Olympic Exertions', um romance em forma de hyponemnata grega, fabricado a partir de fragmentos de memória descontextualizados. “Esses pedaços que não somam e que não resolvem nada se adequam ao presente. Não há respostas nem lições imediatas. Pode ser frustrante, mas me parece mais real”, afirma. Nos mesmos termos se manifesta 'Ocean Vuong', o jovem poeta que despontou com 'On Earth We’re Briefly Gorgeous', romance em que alterna uma prosa extremamente lírica com um ou outro capítulo escrito em verso narrativo. “Queria escrever um romance que se partisse em pedaços até se tornar poesia, em aforismos fragmentados. Parecia-me mais de verdade do que escrevê-lo usando uma prosa pura como um sonho imaculado”, conclui.

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